Caso Patrícia: detalhes de um crime
Christiano 28/05/2016 10:53

O assassinato de Patrícia Manhães, analista judiciária e mãe de dois filhos, foi um crime que chocou a cidade. Ela foi executada friamente em seu próprio carro, estacionado próximo à sede do Grupamento Ambiental da Guarda Civil Municipal, situado no local onde funcionou a antiga Ceasa.

A versão narrada por seu marido, Uenderson Mattos, última pessoa a estar com ela antes da ação do(s) assassino(s), sempre foi estranha, não parecendo ser compatível com a veracidade. As contradições foram surgindo durante os depoimentos e investigações, colocando-o como um dos suspeitos.

Na quarta-feira a equipe de investigação, conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual, deflagrou a operação "Aleiva" e cumpriu o mandado de prisão contra Uenderson, acusado de ser o mentor da morte da própria esposa. Os detalhes podem ser conferidos aqui, na Folha Online.

Foi expedido também um mandado de prisão contra Genessi José Maria Filho, suspeito de ter intermediado a contratação do assassino de Patrícia a mando do marido dela. Genessi que também é, inacreditavelmente, guarda municipal, mesmo tendo oito passagens criminais, incluindo por homicídio, e usando tornozeleira eletrônica, o que fazia no exercício de sua função.

O mandado contra Genessi não foi cumprido porque ele já havia sido preso na semana passada por outro delito e estava na Cadeia Pública Dalton Crespo de Castro. A polícia busca agora identificar o(s) autor(es) da execução, que morariam em uma comunidade vizinha.

Quinta-feira foi cumprido um mandado de busca e apreensão na sede do Grupamento Ambiental da Guarda Civil Municipal, onde foram localizadas armas de fogo, munição, drogas e guardas com posse ilegal de armas, gerando nova prisão, em flagrante (confira aqui, na Folha Online).

Vários detalhes contribuíram para a prisão de Uenderson Mattos, considerado pelas investigações como o principal suspeito de ser o mentor do crime brutal. Ele foi com sua esposa, dirigindo o carro dela, à noite, para a sede do Grupamento Ambiental da Guarda Municipal, um lugar ermo e isolado.

A sede fica no local do antigo Ceasa, em Guarus. Para quem vai da área central da cidade para lá, trajeto feito pelo casal no dia do homicídio, o acesso é feito pela BR-101, entrando à esquerda logo depois do supermercado Atacadão, como pode ser visto no mapa abaixo (clique para ampliar):

Caso Patrícia - Acesso Guarda Ambiental

Ao final da rua há uma bifurcação, estando a sede do Grupamento Ambiental exatamente no meio dela., como mostra a imagem abaixo. O normal teria sido Uederson estacionar o carro na frente da entrada do prédio, onde todos param os seus veículos nas vagas existentes e onde fica a porta de entrada.

[caption id="attachment_223545" align="aligncenter" width="300"]Caso Patrícia - Sede Guarda Ambiental-2a Sede do Grupamento Ambiental. O círculo vermelho mostra onde Uenderson parou o carro, próximo aos fundos do prédio[/caption]   [caption id="attachment_223546" align="aligncenter" width="498"]Caso Patrícia - Sede Guarda Ambiental - frente-2 Uenderson não estacionou o carro na frente do prédio, como seria normal e mais seguro[/caption]

Ao invés de estacionar o carro na frente da entrada do prédio, local convencional de estacionamento e bem mais seguro para aquela hora do dia, Uenderson dirigiu para os fundos do prédio, parando o carro ao lado de uma árvore, em lugar deserto e perigoso à noite.

[caption id="attachment_223548" align="aligncenter" width="480"]Caso Patrícia - Sede Guarda Ambiental - fundos-2 Local onde Uederson estacionou o veículo, nos fundos do prédio, deixando sua esposa no carro[/caption]

Sozinha no carro, à noite, exposta pelo próprio marido em um local inseguro, Patrícia se tornou um alvo fácil. A única porta possível de entrada pelos fundos do prédio estava inutilizada, tendo um enorme bloco de concreto do lado de dentro bloqueando o acesso, como pode ser visto na foto abaixo:Caso Patrícia - Sede Guarda Ambiental - porta fundos-2

Caso Patrícia - Sede Guarda Ambiental - porta fundos bloco-2

Uenderson teve que cruzar todo o gramado para ir de um lado ao outro do prédio. Pela cronologia da investigação, 3 minutos antes do assassinato ele teria ligado para Genessi, que não estava no local, como mostram os dados da sua tornozeleira eletrônica. Patrícia, possivelmente preocupada, um minuto antes de ser assassinada ligou para seu marido, que não a atendeu.

Toda a ação, desde a saída da BR-101 rumo à sede da Guarda Ambiental até o retorno pela rodovia, com Uenderson já carregando sua esposa alvejada por dois tiros rumo ao Hospital Ferreira Machado, durou cerca de 20 minutos.

A quebra do sigilo telefônico permitiu a equipe de investigação estabelecer uma cronologia, bem como descobrir contradições e constatar mentiras nos depoimentos dos suspeitos, que insistiam em falar que não haviam se comunicado.

A investigação ainda descobriu a existência de uma amante de Uenderson, também casada, em relação que já durava um ano. O próximo passo da Polícia e do Ministério Público agora é prender o(s) assassino(s) que teria(m) sido contratado(s) para executar Patrícia.

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    Christiano Abreu Barbosa

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