Operação Eficiência chega a Eike Batista
27/01/2017 10:02 - Atualizado em 30/01/2017 13:15
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Empresário Eike Batista / Divulgação
O empresário Eike Batista pagou US$ 16,5 milhões em propina ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB). Segundo a revista Veja, a contrapartida de Cabral a Eike foi o Porto do Açu, em São João da Barra. As informações foram reveladas ontem após a deflagração da operação Eficiência, mais uma fase da Lava Jato no Rio de Janeiro, que determinou a prisão do empresário e outras oito pessoas, entre elas Cabral — já detido desde novembro, quando foi deflagrada a operação Calicute. Eike, até a manhã desta sexta-feira (27), estava fora do país e foi incluído na lista de foragidos da Interpol. Ele estaria em Nova York e já negociaria seu retorno ao Brasil.
Na manhã dessa quinta (26), a Polícia Federal prendeu Álvaro Novis, Sérgio de Castro Oliveira, Thiago Aragão e Flávio Godinho (atual vice-presidente de futebol do Flamengo). De acordo com a investigação da Eficiência, os quatro faziam parte da organização criminosa liderada por Cabral, que já está preso. A apuração é de um esquema usado para ocultar mais de R$ 340 milhões enviados ao exterior. O nome da operação é em referência ao de uma conta do ex-governador nos Estados Unidos.
Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) pediram à Justiça a prisão de dez pessoas, tendo sido nove autorizadas, incluindo o ex-assessor e o operador de Cabral no esquema Francisco Assis Neto e do empresário Eike Batista, ambos fora do país. Os demais pedidos de prisão foram contra o próprio governador e outro ex-assessor Carlos Miranda, além do ex-secretário estadual de Governo Wilson Carlos, que também já estão presos.
Eike e o executivo Flávio Godinho, do grupo EBX, são acusados de pagar de US$ 16,5 milhões ao ex-governador, em troca de benefícios em obras, usando uma conta fora do país. Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem obstruído investigações.
A operação da PF foi feita com base em depoimentos dos delatores Renato Hasson Chebar, e seu irmão Marcelo Hasson Chebar, em troca de benefícios penais. Eles estão envolvidos na remessa de US$ 100 milhões do ex-governador para fora do país. Há suspeita que eles tenham utilizado mais de cinco contas para dividir o dinheiro.
Porto do Açu seria contrapartida, diz Veja
O mandado de prisão preventiva do empresário Eike Batista, que já foi o oitavo homem mais rico do mundo, teve repercussão na mídia internacional. No Brasil, ganhou destaque um fato regional: “facilidades” para construção do Porto do Açu, em SJB, idealizado por Eike.
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Porto do Açu / Divulgação
Segundo procuradores, o empresário pagou US$ 16,5 milhões a Cabral em 2010, e, para dar aparência de legalidade, foi feito em 2011 um contrato de fachada.
A operação teria acontecido na época que decretos foram assinados pelo governador para desapropriar terras pertencentes a pequenos agricultores de SJB, para a construção do Distrito Industrial.
Já a revista Veja destacou que pelo terreno para o Porto do Açu, Eike “fez um cheque de 37,5 milhões de reais ao estado do Rio, governado pelo amigo Cabral. A área, de 75 mil metros quadrados, valia 1,2 bilhão. Além disso, todas as desapropriações eram feitas em tempo de recorde, em cerca de 3 e 4 dias”.
A PF apreendeu, nessa quinta, na casa de Eike, uma Lamborghini que ficava na sala, avaliada em R$ 2,4 milhões. O empresário é apontado como “autor intelectual do ato de corrupção do então governador Sérgio Cabral”.
Sérgio Cabral está preso desde novembro
Sérgio Cabral está preso desde 17 de novembro e teve novo mandato de prisão preventiva expedido. Na operação Calicute ele foi acusado de receber propina para fechar contratos públicos no estado. A Calicute, assim como a Eficiência, é desdobramento da Lava Jato no Rio.
Dos US$ 100 milhões de dólares que a Calicute encontrou em contas de Cabral no exterior, US$ 80 milhões (R$ 265 milhões) já foram repatriados e estão depositados numa conta judicial na Caixa Econômica Federal, à disposição da 7ª Vara Criminal do Rio. A informação é do jornalista Lauro Jardim.
Na operação dessa quinta, a Polícia Federal também cumpriu mandados de condução coercitiva contra Suzana Neves Cabral, ex-mulher de Cabral, Maurício de Oliveira Cabral Santos, irmão mais novo do ex-governador, Luiz Arthur Andrade Correia e Eduardo Plass. A ex-mulher e o irmão de Cabral são apontados como beneficiários do esquema. Segundo o MPF, Suzana recebeu, ao menos 13 repasses feitos por operadores de Cabral entre 2014 a 2016, totalizando R$ 883 mil. Investigadores dizem que o montante pode ser ainda maior. (A.N.A.) (A.N.)

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