Saúde da família volta a ser foco
Marcus Pinheiro 21/01/2017 16:32 - Atualizado em 23/01/2017 11:24
Após decretar situação de emergência na área da Saúde de Campos, o prefeito Rafael Diniz (PPS) recebeu as demandas de agentes que atuam na atenção básica. Os servidores da área mostraram os problemas enfrentados e cobram melhorias para um dos programas que é considerado essencial para a melhora na Saúde do município. De acordo com a secretaria municipal de Saúde, o atual Estratégia Saúde da Família (ESF), antigo Programa Saúde da Família (PSF), está em fase de levantamento de dados. Implantado em governos anteriores, o PSF prevê o acompanhamento aproximado em ambiente familiar para melhor diagnóstico. O programa passou por diversos episódios polêmicos nos últimos anos.
Em 2008, o PSF chegou a ser suspenso pela Justiça Federal. Na ocasião, os profissionais responsáveis pelos serviços foram demitidos. Pouco tempo depois, foi anunciada abertura de um concurso público para preencher as vagas. No entanto, no dia 26 de dezembro do mesmo ano, logo depois de as provas terem sido canceladas por duas vezes, o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Ari Pargendler, liberou as provas, que foram homologadas pelo prefeito interino da época, Nelson Nahim. O então chefe do Executivo chegou a anunciar a convocação gradativa dos aprovados, mas, com a volta de Rosinha à Prefeitura, a convocação só aconteceu em dezembro de 2008. Vinte e oito dos 793 aprovados no concurso foram chamados.
Durante a última semana, Agentes Comunitários de Saúde (ACS) apresentaram à Prefeitura as dificuldades estruturais e funcionais enfrentadas nos últimos anos. Segundo os ACSs, os problemas inviabilizam o funcionamento pleno do ESF.
Michelle Richa
Obra de UBSF está inacabada / Michelle Richa
— Tudo que a gente quer é trabalhar de forma correta. A gente sabe das dificuldades do governo neste primeiro momento, mas sabemos que dá para contribuir para a saúde melhorar — disse um dos agentes, que preferiu não se identificar, e que hoje atua como auxiliar administrativo de um posto, quando deveria estar prestando atendimento em domicílios. Ainda segundo ele, alguns coordenadores de postos já os acionaram após uma reunião na secretaria de Saúde para a elaboração de um relatório detalhado da situação de cada unidade. “Será feito uma espécie de inventário com fotos e informações que será destinado ao setor de Assistência à Saúde Básica”, contou.
Atualmente, mesmo com a extinção de polos, o programa continua. Alguns postos do PSF foram transformados em Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), enquanto outros foram completamente abandonados e deixaram de existir. De acordo fontes ligadas à Prefeitura, hoje são cerca de 170 agentes comunitários em exercício em Campos. Entretanto, as equipes estariam incompletas, já que, para a atuação efetiva, é necessária também a presença de um médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e dentista.
A secretaria de Saúde informou que, em virtude da dimensão do ESF e ao fato de não terem tido transição de governo efetiva, novos dados em relação ao programa estão sendo levantados e serão divulgados durante a semana.
Obras atrasadas atrapalham atendimentos
Com obras paralisadas desde outubro de 2015, o imóvel que no passado abrigou o Polo XI do PSF, na comunidade Ilha do Cunha, na Pecuária, permanece fora de funcionamento. A falta de previsão para a conclusão e entrega da construção iniciada durante o antigo governo e orçada em R$ 1.037.561,24, incomoda os moradores do entorno. Sem assistência local, eles são obrigados a recorrer à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e ao Hospital Geral de Guarus (HGG). Por causa do abandono logo após o fechamento do polo, entre 2008 e 2009, o local, situado na rua Professor Mesquita, chegou a se tornar abrigo para porcos por cerca de três meses.
De acordo com o motorista Cláudio Silva Júnior, de 40 anos, o fechamento do PSF e a lentidão no andamento das obras da nova UBS representa a “total desassistência em saúde a população local”. Segundo ele, que mesmo sem ser remunerado pela Prefeitura, atua como zelador da obra do novo polo por conta própria, a retomada do PSF garantiria a atenção básica aos moradores do bairro. “É muito importante que a unidade seja concluída, nós precisamos dela funcionando. O PSF parou entre 2008 e 2009. De lá pra cá, ficamos desfavorecidos. Em casos de necessidade, nós buscamos a UPA ou o HGG”, disse Cláudio.
Na placa colocada pela Prefeitura na fachada da edificação, os espaços previstos para o detalhamento das informações referentes ao início da obra, bem como o prazo de entrega não foram preenchidos. O atual governo também não mencionou prazos para a conclusão das obras deixadas pelo governo passado.
Unidades são importantes para desafogo
Migrada do antigo PSF, a Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) do Parque Aldeia segue realizando atendimentos. No entanto, a evolução do programa assistencial e ampliação da capacidade de atendimento são desejos dos profissionais que atuam no local, que atualmente assiste a mais de 300 pacientes por mês.
De acordo com a auxiliar administrativa Alcinéa Carvalho, de 48 anos, que atua desde 1998 na unidade, a demanda é grande e o crescimento da UBSF é considerado essencial. “A unidade passou por diversas fases. Após três anos fechada, reabriu como Estratégia Saúde da Família em 2011. Dois anos depois se tornou UBSF, compilando trabalhos internos e externos através da ação dos agentes comunitários de saúde. Atualmente são nove agentes, dois técnicos de enfermagem, dois enfermeiros e dois médicos divididos em duas equipes responsáveis pelo Colégio Agrícola e pelo Aldeia”, contou Alcinéa.
Para a auxiliar administrativa, o trabalho realizado na UBSF contribui para a preservação da saúde dos assistidos. “A gente consegue atuar pontualmente nas necessidades de cada família e, assim, desafogar os corredores dos hospitais maiores”, finalizou.

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