Guilherme Belido Escreve - Brasileirão
Guilherme Belido 13/05/2017 17:33 - Atualizado em 15/05/2017 13:49
Começou no sábado (13) e segue até 03 de dezembro o campeonato de futebol mais difícil, equilibrado e concorrido do mundo: o Brasileirão 2017.
Mesmo não tendo os craques e a qualidade de elenco de times como Real Madrid, Barcelona, Bayern de Munique, Manchester United, Chelsea, Juventus, Olympique de Marseille, PSG e outros, o torneio nacional brasileiro continua o mais disputado por ser, entre os países de tradição no futebol, aquele que reúne o maior número de grandes clubes.
Nenhuma contradição. Ocorre que como no Brasil cabem várias ‘Espanhas’, ‘Alemanhas’, ‘Inglaterras’, ‘Itálias’ e ‘Franças’, há de se entender que no País continental cuja maior paixão é o futebol, a disputa seja sobremaneira acirrada e envolva mais times.
Assim, diferentemente dos países europeus, o Brasil tem 12 grandes clubes – todos ganhadores de títulos nacionais – potencialmente capazes de disputar uma final: Atlético-MG, Cruzeiro, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Internacional e Grêmio.
Desses, a cada ano, 6 ou 8 entram no torneio em condição de fazer a final, o que não acontece, por exemplo, na Espanha, onde o campeonato, via de regra, fica restrito ao Real, Barcelona e Atlético; ou na Alemanha, no interminável confronto entre Bayern e Borussia Dortmund. Na Itália, dificilmente o campeão escapa ao quadrangular Juventus, Milan, Internazionale e Roma. Isso, a despeito das ligas europeias serem formadas – como no Brasil – por 20 clubes. Exceção para Alemanha, com 18.
Versão 2017 – Neste Brasileirão, aparecem como favoritos para brigar pelas primeiras colocações o Atlético-MG, Flamengo, Palmeiras, Santos, Grêmio e Cruzeiro. Mas já na 4ª ou 5ª rodada o cenário pode ser outro, porque o peso da camisa é um ingrediente que costuma surpreender e superar deficiências de elenco ou de má fase.
Logo, como não dizer que o Corinthians, embalado pela conquista do Estadual e a boa fase na Sul-Americana, não pode ir para a prateleira de cima? Bem como o Botafogo, que surpreendeu ano passado saindo da zona de rebaixamento para o 5º lugar. Ou, ainda, o Fluminense, com um time jovem e bem treinado.
Levando em conta orçamento e elenco, Palmeiras, Flamengo e Galo têm a obrigação de G-4. Por outro lado, o Palestra ainda não mostrou a que veio, acaba de trocar de técnico e vai começar do zero. E o Fla, apesar da conquista do Carioca, não superou a dificuldade em fazer gol: controla o jogo, mas define pouco.
Ganhando espaço
Numa visão mais ampla, é necessário que se veja a lista dos 12 grandes com certa dose de conservadorismo. Afinal, clubes como Atlético-PR, Coritiba, Chapecoense, Sport, Vitória e Bahia não param de crescer e os frequentes investimentos miram nas competições internacionais.
Segundo recente levantamento, o Bahia, por exemplo, já conta com torcida próxima a do Botafogo, seguida de perto pelo Sport. É de se esperar, portanto, que já-já um desses reivindique a posição de 13ª força do futebol brasileiro ou até mesmo o ingresso na lista dos 12.
Estrelas da faixa lateral do campo
Sempre agitados, na lateral do gramado uma outra competição é travada: a dos técnicos. Longe de serem julgados pelo trabalho ou planejamento, só o resultado conta. No Brasil, técnico bom é o que ganha o jogo. O que perde é demitido. E ponto.
Entre boas e más fases, nas quais colecionou vitórias e derrotas, o argentino Diego Simeone comanda o Atlético de Madrid desde 2011. Seis anos ininterruptos. Aqui, uma sequência de três resultados negativos deixa qualquer técnico no fio da navalha.
Analistas ‘ajudam’ – Nesta deformidade de entendimento, a cartolagem não está sozinha: boa parte da crônica esportiva também ‘colabora’. Quando fala em tese, coloca o discurso de que é preciso dar tempo para que o trabalho da comissão técnica apareça, etc. e tal. Nos casos concretos, entretanto, baixa o pau após qualquer sequência de derrota.
Outra incoerência frequentemente cometida pela mídia especializada está em associar a idade do treinador à qualidade do trabalho, desconsiderando o nível de atualização e a capacitação de cada qual.
Assim, se o técnico mais jovem perde, logo dizem que não tem tamanho e ‘carcaça’ para comandar o time “x”. Se ganha, é porque tem ideias novas. Já quando se trata dos veteranos, o sucesso é atribuído à experiência e ‘peso’ com a mesma facilidade com que a derrota é justificada por ‘estar ultrapassado’.
Exemplos – Antes de ir para a China, Abel Braga foi campeão brasileiro pelo Flu (2012) e na passagem pelo Inter deixou o time gaúcho no G-4. De volta ao tricolor carioca, novamente colhe bons resultados e ninguém diz que ele, aos 64 anos, está ultrapassado. Mas Luxemburgo (65), como não foi feliz nos trabalhos recentes no Fla e Cruzeiro, logo ganhou o rótulo de ultrapassado.
Parêntesis para Oswaldo de Oliveira, de 66 anos, que por contar com a simpatia da mídia esportiva, é sempre apontado como profissional estudioso, atualizado e competente. Isso, mesmo em desempenhos pífios, como nos últimos trabalhos no Fla e Corinthians.
O melhor exemplo do porquê não se deve misturar idade com eficiência está nas recentes trajetórias de dois técnicos da mesma geração: Tite, com 56 e Celso Roth, com 59.
Resultados – Zé Ricardo (45) e Carille (43), que entraram como interinos, respectivamente no Fla e Corinthians, só ficaram porque os resultados vieram. Se tivessem tropeçado em 3 ou 4 derrotas teriam sido descartados, como foram Eduardo Batista (47), Doriva (44) e Argel Fucks (42).
O imediatismo serve, ainda, para descrever a situação ora rigorosamente contrária de dois técnicos de perfil e tamanho muito semelhantes: enquanto Cuca (54) está voltando ao Palmeiras como salvador da pátria, Mano (55) ficou por um fio depois da eliminação do Cruzeiro na Sul-Americana.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS