"Cinema, aspirinas e urubus" no Cineclube Goitacá
Jhonattan Reis 16/05/2017 17:27 - Atualizado em 19/05/2017 13:46
Cineclube Goitacá exibe, na noite desta quarta-feira (17), o filme “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2004), dirigido por Marcelo Gomes. O longa-metragem será apresentado pelo cineasta e publicitário Felipe Fernandes. A sessão começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center — localizado à esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
A história do filme se passa em 1942. No meio do sertão nordestino, dois homens vindos de lugares diferentes se encontram. Um deles é Johann (Peter Ketnath), alemão fugido da Segunda Guerra Mundial que dirige um caminhão e vende aspirinas pelo interior do país. O outro é Ranulpho (João Miguel), um homem simples que sempre viveu no sertão e que, depois de ganhar uma carona de Johann, passa a trabalhar para ele como ajudante.
Viajando de povoado em povoado, a dupla exibe filmes promocionais para pessoas que jamais tiveram a oportunidade de ir ao cinema. Aos poucos, surge entre eles uma forte amizade.
Felipe Fernandes explicou sobre o motivo de ter escolhido “Cinema, Aspirinas e Urubus”.
— Partiu do desejo de apresentar um filme nacional. Sempre que surge uma oportunidade, gosto de falar de filmes nacionais que não tiveram uma projeção tão grande, que não foram tão difundidos no país. E este filme merece muito ser mais conhecido — disse Felipe, lembrando que viu “Cinema, Aspirinas e Urubus” pela primeira vez no cinema.
— E isso porque morava no Rio de Janeiro à época. O filme não saiu muito das capitais e pouca gente teve acesso a ele. Então acaba sendo um trabalho muito rico, mas que pouca gente teve a oportunidade de ver, sendo que o Cineclube é um espaço bacana para exibi-lo.
Felipe lembrou que o longa-metragem foi escolhido pelo Ministério da Cultura para concorrer à indicação de melhor filme em língua estrangeira na edição de 2007 do Oscar. “Ele foi selecionado para representar o Brasil, mas não foi escolhido pela academia”.
O apresentador da noite ressaltou a direção de Marcelo Gomes e as atuações de Peter Ketnath e João Miguel.
— É o primeiro longa-metragem assinado por ele. O trabalho do Marcelo nesse filme usa muito o sertão com essa questão da seca. Ele trabalha com uma cor muito forte. A cor do sertão chega a ser quase branca no filme. É até um pouco exagerado. E o trabalho é até muito rústico nesse sentido. A imagem é um pouco tremida em alguns momentos, o que soa até natural dentro daquela situação — falou, acrescentando:
— O ator que faz o alemão, que também é alemão, tem um trabalho muito bom no filme. Enquanto isso, o João Miguel também está muito bem, sendo que foi o primeiro trabalho dele que vi.
Felipe ainda comentou:
— Interessante é que o filme mostra essa relação do alemão com o brasileiro que vive no sertão, e brinca com estereótipos. O alemão tem um estereótipo diferente do que se espera de um alemão daquela época. Ele vê beleza naquele lugar onde se passa o filme, enquanto o brasileiro, que vive ali e enfrente dificuldades há tanto tempo, não vê. Além disso, o filme tem uma questão que é a seguinte: de certo ponto, ele é trágico, porque mostra a vida difícil no sertão. Porém, tem um pouco de humor, mas não algo forçado, e sim uma brincadeira com os absurdos das situações, o que quebra um pouco o clima pesado do filme.

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