Quanto vale a vida no Hospital Ferreira Machado?
Daniela Abreu e Mário Sérgio Junior 14/10/2016 15:47
Rodrigo Silveira
Bombeiros auxiliam no transporte de paciente para exames/Rodrigo Silveira
No Hospital Ferreira Machado (HFM), referência regional em emergência vermelha, a vida de vários pacientes tem valido menos de R$ 2,6 mil. Esse é o valor que a Prefeitura de Campos admitiu, dizendo desconhecer até então, que deve pagar à empresa responsável pela manutenção do elevador de pacientes da unidade, fora de funcionamento há mais de 15 dias. O assunto tem sido destaque com frequência na Folha da Manhã e voltou à tona nessa quinta-feira (13), quando uma ordem judicial obrigou a empresa a solucionar o problema em 48h. A Fundação Municipal de Saúde (FMS) entrou com pedido no Ministério Público Estadual (MPE) de mediação do caso junto à empresa e quando o ciclista Paollo Barreto, internado desde a última terça-feira (11), após ser atropelado por um ônibus na BR 356, em São João da Barra, teve necessidade de um exame. Os familiares foram notificados por um médico de que ele necessitava com urgência de uma tomografia, já que teria saído do coma induzido e estaria sem sedação há mais de 30 horas, mas sem responder a estímulos. Paollo estava no segundo andar e o tomógrafo no primeiro e, sem elevador, sua remoção deveria ser pelas escadas. Uma ação arriscada diante da delicadeza do seu quadro. Somente após mobilização da família e da imprensa Paollo foi removido, pela escada, pelo Corpo de Bombeiros e levado ao tomógrafo. Na manhã desta sexta-feira (14), a vítima seguia em estado grave e o elevador da unidade ainda não havia sofrido nenhum reparo.
A determinação judicial partiu do juiz da 5ª Vara Cível de Campos, Cláudio Cardoso França, em uma ação movida por uma paciente idosa, que já recebeu alta, mas com o pé quebrado, não pode ir para casa porque o elevador não está funcionando. Em nota, o secretário de Saúde Geraldo Venâncio informou que também entrou com pedido, no Ministério Público Estadual (MPE) para tentar solucionar o problema junto à empresa.
A Justiça determinou o conserto do equipamento em 48 horas e a Fundação Municipal de Saúde (FMS) publicou um reconhecimento de dívida no valor de R$ 2,6 mil com a empresa responsável pela manutenção do elevador. Segundo o secretário de Saúde e presidente da FMS, Geraldo Venâncio, a dívida nunca havia sido apresentada pela empresa.
O assunto do elevador chegou a ser abordado nos blogs Ponto de Vista, assinado pelo diretor do Grupo Folha da Manhã, Christiano Abreu Barbosa; Na Curva do Rio, da jornalista Suzy Monteiro, e no Blog do Bastos, do jornalista Alexandre Bastos, hospedados na Folha Online.
Por telefone, Geraldo informou também sobre a situação, até então desconhecida por ele. Horas mais tarde, novamente pelo telefone, Geraldo Venâncio disse ter entrado em contato com a equipe médica que teria achado melhor aguardar para fazer o exame.
– Ele fez uma tomografia na admissão, na terça. O exame dele é um exame de rotina, tem que ser feito a cada três dias. Poderia ser hoje, mas como eu estou com garantia do judiciário de que vai ser colocado o elevador em funcionamento amanhã. Ele é um paciente que está grave, mas estável dentro da gravidade, então, pelo bom senso, ele (diretor da UTI) achou que se não surgir nenhum fato novo, que dá para aguardar – disse Geraldo.
Minutos após a declaração do secretário, dois funcionários falaram com a família que uma equipe do Corpo de Bombeiros estava a caminho para fazer a remoção do paciente até o tomógrafo e posterior à UTI. Essa seria a terceira vez que Paollo desceu pelas escadas desde que chegou à unidade. Às 20h50 dessa quinta, Paollo finalmente teve acesso ao tomógrafo.

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