Outros dois eleitos condenados
Arnaldo Neto 19/01/2017 09:58 - Atualizado em 20/01/2017 12:21
Denunciados pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por envolvimento no “escandaloso esquema” da troca de Cheque Cidadão por votos, mais dois eleitos foram condenados ontem: Thiago Virgílio (PTC) e Vinicius Madureira (PRP). Por determinação do juiz Eron Simas, os votos recebidos por eles estão anulados. Virgílio nem chegou a ser diplomado, em decisão proferida por Ralph Manhães, também na investigação de fraude no programa social, minutos antes da cerimônia. Eron ratificou a não expedição do documento. No caso de Madureira, o diploma foi cassado. Dos onze eleitos já julgados, nove, incluindo os dois dessa quarta-feira (18), foram condenados. São aguardadas as sentenças de Thiago Ferrugem (PR) e Kellinho (PR).
Marcos Gonçalves
Apreensão do Cheque cidadão / Marcos Gonçalves
O magistrado voltou a citar que “os 39 candidatos a vereadores da Coligação Frente Popular Progressista de Campos receberam, cada qual, uma ‘cota’ de Cheque Cidadão para oferecer à população, em troca de um singelo, discreto e, por vezes, implícito, compromisso de voto”. A documentação apreendida e utilizada “desvelou um dos maiores e mais audaciosos esquemas de compra de votos de que se tem notícia na história recente deste país”.
Na condenação de Thiago, o juiz afirma que o vereador “foi agraciado pela cúpula com expressivos 500 ‘cheques’”. O nome dele está relacionado ao codinome “Chatuba”, pois Thiago mora próximo à localidade, em listas apreendidas durante a investigação. Na decisão é citado que mais de um terço da votação alcançada por Virgílio foi na 249ª Zona Eleitoral, que compreende a região do Parque Maciel, Parque Aurora, Chatuba, João Maria — considerada área de atuação dele. O juiz saliente, ainda que dois assessores do vereador, inclusive, passaram a receber o benefício de forma fraudulenta.
Já Vinicius Madureira, que disputou a presidência da Câmara no primeiro dia do ano e chegou a receber 10 votos na disputa contra o eleito Marcão Gomes (Rede), “foi agraciado pela cúpula com expressivos 600 ‘cheques’”. O magistrado cita também que Madureira chegou a exercer cargo de assessor na secretaria de Desenvolvimento Humano e Social. Nas planilhas apreendidas na investigação, ele é está relacionado ao codinome “V Matadouro”, sigla que, segundo sentença, “identifica a primeira letra do prenome do investigado – V – e a área em que exerce maior influência no município – Matadouro”. A Folha não conseguiu contato com Madureira.
  • Vinicius Madureira

    Vinicius Madureira

  • Virgílio

    Virgílio

Recadastramento — A Prefeitura está atualizando os dados dos beneficiários do Cheque Cidadão inseridos antes de junho de 2016. Devem procurar os Cras hoje os inscritos que têm os nomes iniciados pelas letras N, O, P, Q, R e S. O procedimento termina amanhã, com os que têm os nomes iniciados pelas letras T, U, V, W, X, Y e Z. A partir de segunda, começa a fase de visita às residências.
Virgílio recorre primeiro para ser diplomado
“Sobre essa decisão de hoje (ontem), quero deixar claro que a respeito, mas não tenho dúvida que a mesma será revertida! Irei recorrer dessa decisão, mas antes disso já estamos recorrendo para obter o nosso diploma e consequentemente tomarmos posse, como é o caso de outros colegas vereadores que também estão recorrendo no cargo”, afirmou Thiago Virgílio ao tomar conhecimento da condenação.
Também no âmbito das investigações do “escandaloso esquema”, Thiago, Jorge Rangel, Linda Mara, Miguelito e Ozéias foram impedidos de receber o diploma. Consequentemente, não foram empossados na atual legislatura. Os seis eleitos vão tentar no pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a expedição dos diplomas.
No ano passado, Virgílio chegou a ser impedido de frequentar a Câmara, por duas vezes, além de ter sido preso temporariamente. Ele, que durante a legislatura anterior foi vice-presidente da Casa, foi levado para prisão no dia 29 de outubro pela Polícia Federal e saiu no dia 2 de novembro — as decisões no curso da Chequinho foram proferidas por Ralph Manhães.
Dos onze julgados, nove sentenciados
Com o clamor das redes sociais e movimentos nas ruas pela celeridade do julgamento dos eleitos acusados de envolvimento no “escandaloso esquema” do Cheque Cidadão, a Justiça Eleitoral realizou em novembro as audiências de instrução e julgamento das Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes). Na última sexta, começaram a ser divulgadas as sentenças.
Roberto Pinto (PTC), Ozéias (PSDB), Jorge Rangel (PTB), Jorge Magal (PSD), Linda Mara (PTC), Miguelito (PSL), Thiago Virgílio, Cecília Ribeiro Gomes (PT do B) e Vinicius Madureira foram condenados a oitos de inelegibilidade, além da anulação dos votos.
As últimas audiências foram de Thiago Ferrugem e Kellinho. São as sentenças ainda não proferidas.

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