Maestro defende união da música à educação
Paula Vigneron 23/01/2017 20:37 - Atualizado em 25/01/2017 14:27
Michelle Richa
Projetos / Michelle Richa
Unir arte e educação como uma forma de desenvolver intelectualmente crianças e adolescentes. Esta é a fórmula utilizada pelo maestro Ethmar Filho, carioca que vive em Campos há mais de 20 anos e dedica seus dias a ensinar música preferencialmente a jovens com faixa etária entre 11 e 18 anos. Para ele, cultura não deve ser dissociada do processo educacional. A experiência provou, na prática, o que afirmam estudiosos e profissionais: educação e cultura caminham juntas e são fundamentais para a formação do cidadão.
Nascido no Rio de Janeiro, Ethmar aprendeu os primeiros acordes com o pai, que também era maestro e foi regente da Orquestra da Globo e Orquestra e Coro da Tupi, no programa Flávio Cavalcanti.
— Aprendi música em casa, com ele. Mas, depois, fui para a escola de composição e regência. Tive grandes professores. Ian Guest foi um professor muito importante na minha vida. Um cara super famoso no Rio de Janeiro. Cesinha Guerra-Peixe e Henrique Morelenbaum também foram. Aí, tempos depois, vim para Campos trabalhar — narrou.
A mudança para a cidade aconteceu quando surgiu oportunidade de trabalhar com o governo, desenvolvendo projetos como Coral e Orquestra Municipal, tanto infantil quanto infantojuvenil, e as edições do Encontro de Coros e Festivais Estudantis (que totalizaram 10 edições, com discos gravados).
— E tivemos outros projetos, como o Concurso Jovens Instrumentistas, que nós fizemos por dois anos. Também fizemos, pelo mesmo período, Concurso de espetáculos teatrais e musicais, por meio do Fundo Municipal de Cultura. Os projetos musicais tiveram bastante sucesso e público. Foi muito legal e continuará sendo — afirmou o artista. Para Ethmar, estes trabalhos foram importantes para revelar os talentos da música campista, que se destacaram dentro e fora da cidade.
Segundo o maestro, a música é, simultaneamente, arte e ciência. Ele acredita que sejam necessárias novas ações com ampliação do ensino da música em Campos. No doutorado, na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Ethmar estuda temas ligados à educação, unindo-os à arte.
— Gosto da música relacionada ao processo educacional. Ela educa e tinha que ter um papel mais importante nessa etapa. Temos um decreto, do ex-presidente Lula, que institui a música como disciplina nas escolas, em todos os níveis. Só que ela não pegou. Mas eu tenho certeza que o novo governo de Campos vai implementar essa questão da música nas escolas, que é muito importante — afirmou, ressaltando que a arte pode ser um meio para afastar crianças e adolescentes de situações de perigo.
Ethmar contou que, durante as aulas de música, os estudantes têm contato não somente o canto coral, mas também os diversos instrumentos, inclusive de orquestra, com o objetivo de ambientar os estudantes:
— Eles ficam mais espertos, mais ligados. E desenvolvem a análise crítica para não seguirem a onda dos demais. Isso tem levado à morte da música popular brasileira. A invasão das músicas comerciais, como pagode, funk e sertanejo, por exemplo. Isso é massificado. Os diretores artísticos viraram diretores financeiros. A televisão ensina a ser uma pessoa que repete modelos e não pensa muito. Por isso, é necessário ter raciocínio crítico e refletir com sua própria cabeça.
Para o novo governo, o artista afirmou que serão enviados 12 projetos de música, relacionados à educação. Entre as ideias, está a continuidade do Coral Municipal:
— Para que possamos ter os sorrisos super bonitos das crianças e dos adolescentes, que são muito talentosos e cantam de maneira linda e afinada. Participaram do Encontro de Coros e foram aplaudidos de pé — relembrou o maestro, ressaltando que encaminhará ao prefeito Rafael Diniz CDs com o hino de Campos interpretado pelos jovens.
Dos demais projetos, fazem parte a criação da Orquestra Municipal de Campos e de festivais regionais de choro, de jazz e bossa nova. “Ao mesmo tempo, temos a consciência de que o governo precisa de tempo para se organizar e gerir uma cidade como a nossa, que está se desenvolvendo muito rápido e necessita de atenção política e social”, pontuou.

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