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Por Guilherme Fonseca Cardoso*

Em conversa com o ex-vereador porciunculense, Carlos Wilson Garcia, vereador nas legislaturas de 1967-1970 e 1971-1972, introdutor do voo livre no município e  pioneiro na formação do 1º acervo da biblioteca municipal de Porciúncula, nos lembramos de inúmeros conterrâneos que se destacaram em diversos setores: política, artes, esportes e engenharia.

No livro de autoria do Dr. Edésio Barbosa da Silva, “Subsídios para a História de Porciúncula”, existe um capítulo em que este cita alguns personagens históricos, um deles é Eugênio Proença Sigaud, nascido em Porciúncula em 2 de julho de 1899 e um dos mais importantes artistas modernistas do Brasil: ilustrador, cenógrafo, professor de artes plásticas, arquiteto, pintor, gravador, artista gráfico, vitralista, crítico e poeta.

Em 1920 graduou-se em engenharia agronômica pela Escola de Agronomia de Belo Horizonte e em 1921 frequentou o curso na Escola Nacional de Belas Artes - ENBA. Em 1927 ingressa no curso de Arquitetura da ENBA, concluindo em 1932. Em 1935, passa a integrar o Grupo Portinari, uma agremiação informal que tinha como principal atribuição a pintura mural. Uma clara referência ao pintor Cândido Portinari.

Publica “Por que é Esquecida entre nós a Pintura Mural?”, no Jornal de Belas Artes. Foi selecionado para a Primeira Bienal Internacional de São Paulo. Projetou e decorou a Catedral Metropolitana de Jacarezinho, no Paraná, em 1954.

A característica marcante de suas telas  é o trabalho em que retrata operários. Dentre suas obras de destaque, estão A Torre de Concreto, de 1936 e Acidente de Trabalho, de 1944. Essa última está exposta no Museu Nacional de Belas Artes - MNBA, no Rio de Janeiro.

Na biografia de Sigaud, publicada em alguns sites e até mesmo na identificação da autoria da obra exposta no MNBA-Musel nacional de Belas Artes, está registrado o local de nascimento como Santo Antonio do Carangola,  então 6º distrito de Itaperuna, antes da emancipação político-administrativa em 1947. Este foi o primeiro nome de Porciúncula.

Eugênio Proença Sigaud faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de agosto de 1979.

No esporte, lembramos de Albino Friaça Cardoso, ex-jogador de futebol, que ganhou grande visibilidade na Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1950, marcando o único gol brasileiro naquela triste final do campeonato mundial contra o Uruguai.

Na Política temos Carlos Pinto Filho, ex-vereador por Itaperuna, ex-prefeito de Porciúncula e ex-deputado federal por duas legislaturas, tendo sido constituinte em 1946. Orlando Tavares, ex-prefeito de Itaperuna em duas legislaturas wm 1967-1970 e 1977-1983; João Belo, ex-prefeito de Carangola e ex-deputado estadual por Minas Gerais em várias legislaturas; Dr. Antonio Alves Duarte, também nascido na serra de Purilândia, segundo distrito de Porciúncula, era médico, foi prefeito e vice-prefeito em Dourados, Mato Grosso do Sul, deputado estadual, secretário estadual de Saúde e membro da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa daquele Estado. Dr. Tancredo Lopes, foi deputado estadual pelo Estado do Rio de Janeiro e prefeito de Itaperuna. Dr. Otávio de Almeida, dentista, foi prefeito de Itaperuna na legislatura de 1924-1927. Dr. Dário Campos de Barros, médico, foi prefeito de Tombos e fundador da Casa de Saúde de Juiz de Fora - MG. Capitão Norberto Marques Guimarães, foi vereador em Natividade e deputado estadual. Dr. Hildekel de Freitas, foi Deputado Federal, Senador da República e Prefeito de Duque de Caxias - RJ. José Henrique Cortat, foi prefeito de Guaçuí e deputado estadual no Espírito Santo. Pedro de Oliveira, outro político popular na história de Carangola, nascido em Porciúncula. Foi prefeito nesse município mineiro. Moacyr de Paula, foi prefeito de Itaperuna; José Antonio Berardinelli, que ocupou vários cargos relevantes na área econômica federal no Ministério da Fazenda e Banco Central.

O engenheiro Luiz Augusto da Silva Vieira, construtor da fábrica de papel e celulose de Monte Alegre, no Paraná, uma das maiores da América do Sul. Ocupou por quatorze anos o cargo de diretor geral da Inspetoria de Obras Contra as Secas, implantando no Brasil o método de construção  mecanizada de estradas e barragens, implantou também o primeiro laboratório mecânico de solos com vistas ao controle de projetos e construções de barragens de terra. Foi o pioneiro na elaboração dos planos de obras contra as secas, utilizados até hoje. Construiu os açudes de Orós, um dos maiores do Mundo, além dos açudes de Lima Campos, Joaquim Távora, General Sampaio, Aires de Souza, Itans, Engenheiro Arcoverde, Amanari, Soledade e Curema. Construiu a estrada Transnordestina, ligando Fortaleza a Salvador e a Central do Rio Grande do Norte. Luiz Vieira foi tema de um artigo de Assis Chateubriand, como informa Dr. Edésio em seu livro. O artigo falava dos planos do engenheiro nascido em Purilândia para desviar o Rio Tocantins para irrigar o nordeste. Por determinação do presidente Getúlio Vargas, Luiz Vieira acompanhou as obras de construção da Usina Hidrelétrica de Mauá, da represa Harmonia, das instalações de fábricas nas margens do Rio Tibagi. Desenvolveu o primeiro estudo em modelo reduzido de obras hidráulicas do país.

Dentre as muitas realizações, o engenheiro nascido em Porciúncula desenvolveu os primeiros estudos para a construção da Ponte Rio-Niterói, cabendo registro do então senador Virgílio Távora, no Senado, a respeito da solução técnica da ponte fazendo menção ao engenheiro. Luiz Vieira foi chefe de gabinete do Ministério de Viação, em três gestões, quando os ministros foram, Rodrigo Otávio, Juarez Távora e Macedo Soares, tendo assumido interinamente o cargo de ministro de Estado da Viação em quatro ocasiões. Foi chefe da Comissão das Obras da adutora de Rio Claro, para abastecimento de São Paulo, assessor técnico do Ministério da Viação, membro vitalício do Clube de Engenharia do Brasil, membro do Conselho de Administração da Rio Light, membro do Conselho Consultivo da Companhia Hidrelétrica de São Francisco, consultor técnico da companhia construtora da barragem de Bicas.

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E não podemos esquecer o engenheiro Aristomenes Guimarães Duarte, que no campo da geologia, desenvolveu importantes pesquisas para São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Sergipe. Descobriu e classificou um mineral denominado “Duartita".

Com tantas personalidades ilustres, considero necessário que a Secretaria de Cultura do município desenvolva um trabalho de pesquisa e aprofundamento de informações no sentido de resgatar com maiores detalhes as informações desses nomes e descobrir outros que tenham tido destaque em suas profissões. Parte considerável está no livro escrito por Dr. Edésio Barbosa da Silva, publicado pela Secretaria Municipal de Cultura sob a gestão da professora Eloisa Muruci.  O que já foi um grande passo. Mas me refiro neste momento a um trabalho específico, que trate apenas da biografia dos filhos ilustres.

Para alguns críticos esse trabalho poderia parecer algo inútil e para outros, talvez, questionem o que fizeram especificamente para Porciúncula para justificar tal lembrança. Não se trata de uma mera homenagem, mas um valoroso trabalho de resgate da história de profissionais, nascidos em Porciúncula, que se destacaram em suas áreas, contribuindo para o desenvolvimento do Brasil. Se contribuíram para o desenvolvimento do Brasil, também contribuíram para o desenvolvimento da terra natal, servem como exemplos a serem seguidos. Isto mexe com o brio de ser porciunculense. Enche de orgulho a quem ama a cidade em que nasceu.