"Snowden" de Oliver Stone
Celso Cordeiro Filho 05/01/2017 14:40
Divulgação/
Cartaz de ENTITY_quot_ENTITYSnowden: Herói ou TraidorENTITY_quot_ENTITY / Divulgação
O destaque, entre as estreias desta quinta-feira (5) na programação dos cinemas de Campos, fica por conta “Snowden: Herói ou Traidor”. Vale ressaltar que Oliver Stone sempre foi um realizador conhecido por trazer em seus filmes temas incômodos ao seu país de origem. Extremamente politizado, Stone alia uma narrativa que traz um novo olhar para um assunto polêmico, com uma forma capaz de atrair o público. A história de Edward Snowden, o hacker que divulgou uma série de informações a respeito de como os EUA espionavam o mundo pela internet.
O assunto que polarizou os debates acerca da segurança, da liberdade e até mesmo da política no mundo digital, faz com que “Snowden: Herói ou Traidor” seja um filme de extrema importância para o cenário atual, discutindo de forma consciente e popular qual foi a importância do debate possibilitado por Edward Snowden, mesmo que seu realizador esteja numa fase de mais baixos do que alto. Desde os anos 2000 é difícil ver Stone acertando em seus projetos, realizando obras de gosto bastante duvidosas, como os pífios “Alexandre” (2004) e “Selvagens” (2012), nota-se essa dicotomia entre um filme que tenta se mostrar necessário, mas também retomar uma boa recepção para com o público.
Assim, “Snowden” em sua aproximação com a realidade é um filme que desperta atenção e interesse, e talvez esse seja seu grande trunfo. O longa começa com a chegada de dois jornalistas, Ewen MacAskill e Glenn Greenwald, e a documentarista Laura Poitras à Hong Kong para encontrar Snowden, no momento que revelaria os segredos que esconde. A partir dali o filme segue a um extenso flashback que conta toda a vida deste personagem, desde seu afastamento das forças armadas, a entrada na NSA, sua ascensão junto da CIA, o patriotismo e até a total desilusão diante de como suas operações aconteciam.
Dessa maneira, os momentos de dramatização ocorrem em paralelo ao momento que o ex-agente da CIA saiu da camuflagem e tornou público todos os artifícios da empresa de inteligência. Este encontro com os jornalistas e a cineasta contemplam as filmagens do verídico “Citizenfour” (2014). E “Snowden” é justamente isso, uma forma mais assimilável de transmitir tudo o que está contido no preciso e informativo filme de Poitras. O longa de Stone é uma forma muito mais palatável de organizar os atos políticos que envolvem aquela figura.
Sendo assim, “Snowden” é um filme que fica muito mais interessante quando se aproxima do documentário. Quando de forma clara e evidente tenta, a partir da história que conta, revelar suas consequências reais. Em um momento, o longa se esquece de sua ficção e começa a exibir uma série de imagens reais que se unem numa montagem de justaposição, enquanto a voz de Snowden revela o que a CIA pretendia com todo aquele aparato de vigilância.
Isso ocorre no momento mais climático da narrativa, no auge da tensão, no ponto chave em que Snowden esclarece toda sua desconfiança com a agência de inteligência. A conclusão do protagonista vem em forma documental, os EUA através da espionagem cibernética buscavam manter sua hegemonia. E naquela enxurrada de imagens reais é como se o filme evidenciasse que aquilo está ocorrendo na dimensão real e não apenas na ficção.
No plano ficcional, Oliver Stone constrói uma mise-en-scène que tenta traduzir essa importância da denúncia de Snowden. Um filme que a todo momento tenta representar a vigilância extrema e constante do mundo moderno, como se tudo estivesse de fato espionando o personagem. Nesse sentido, a fotografia do longa toda digital faz muito sentido, “Snowden” explora as diversas matrizes digitais, com imagens que se diferem muito entre si, como se cada câmera estivesse lá como pode, registrando o que é possível e não o que é melhor.
“Snowden: Herói ou Traidor” é um longa cheio dessas ideias que tentam explorar o mundo digital. Até mesmo sua banda sonora é composta por um som quase ininterrupto de interferência, como se algum aparelho eletrônico estivesse escondido na cena; ou até animações que brincam com a lógica entre o biodigital e o próprio corpo do personagem, por exemplo, quando as imagens de pessoas sendo vigiadas se unem formando o olho do protagonista.
Temos ainda nesta quinta (5) as estreias de “Moana — Um Mar de Aventuras”, “Passageiros” e a pré-estreia na próxima quarta-feira (11) de “Assassin’s Creed”. Permanecem em cartaz o recordistas de bilheteria “Minha Mãe É um Peça 2” e “Sing - Quem Canta seus Males Espanta”.

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