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O ato de escrever reporta à nossa colonização e, por isso, requer de nós uma postura crítica. Somos o quarto continente “descoberto”, depois de Europa, Ásia e África. O início do mundo moderno começa, na verdade, com o descobrimento da estranha gente americana, por Cristóvão Colombo, em 1492. Começa com a descoberta do Outro. E quem era esse Outro? O filho de Adão no Paraíso? O antropófago no Inferno Verde? Muitas outras imagens lhe foram dadas, nenhuma correspondendo à imagem e semelhança de Deus. Por essas imagens, o Outro é, por isso, um ser barroco, disforme e grotesco. Ele é o índio que o cowboy deve matar. Os pigmeus que Tarzan deve vencer. O Outro, portanto, é negação, é coisa à parte. Mas, ao mesmo tempo, o Outro foi trazido para as páginas da História, portanto, ele é, também, afirmação. Nossa identidade abundante, nossa outridade, no caso, tem a marca do híbrido, da diferença, da extrapolação do imaginário cartesiano etnocêntrico. O Outro é ab-undante — negação e envolvimento.
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O ato de escrever reporta à nossa colonização e, por isso, requer de nós uma postura crítica. Somos o quarto continente “descoberto”, depois de Europa, Ásia e África. O início do mundo moderno começa, na verdade, com o descobrimento da estranha gente americana, por Cristóvão Colombo, em 1492. Começa com a descoberta do Outro. E quem era esse Outro? O filho de Adão no Paraíso? O antropófago no Inferno Verde? Muitas outras imagens lhe foram dadas, nenhuma correspondendo à imagem e semelhança de Deus. Por essas imagens, o Outro é, por isso, um ser barroco, disforme e grotesco. Ele é o índio que o cowboy deve matar. Os pigmeus que Tarzan deve vencer. O Outro, portanto, é negação, é coisa à parte. Mas, ao mesmo tempo, o Outro foi trazido para as páginas da História, portanto, ele é, também, afirmação. Nossa identidade abundante, nossa outridade, no caso, tem a marca do híbrido, da diferença, da extrapolação do imaginário cartesiano etnocêntrico. O Outro é ab-undante — negação e envolvimento.


