Conscientização no Dia Mundial do Combate à Aids
Paula Vigneron 01/12/2017 15:01 - Atualizado em 04/12/2017 14:36
Simpósio na FMC
Simpósio na FMC / Paulo Pinheiro
Primeiro de dezembro marca o Dia Mundial do Combate à Aids. E, para conscientizar e dar informações à população, foi realizado o simpósio “Sob um olhar interdisciplinar”, realizado pela primeira vez no município. Organizado pela Associação Irmãos da Solidariedade, o evento acontece no anfiteatro da Faculdade de Medicina de Campos (FMC), com nomes que são referências na área, e é aberto à comunidade. Para a entrada, é necessário levar dois quilos de alimentos não perecíveis ou dois litros de leite.
A abertura foi às 8h30 desta sexta-feira (1º). Às 9h, foi realizada a mesa "Trajetória da infecção pelo HIV em Campos dos Goytacazes", com as assistentes sociais Maria Clélia Coelho e Fátima Castro (presidente da Associação Irmãos da Solidariedade) e o médico infectologista Nélio Artiles. A segunda mesa foi promovida às 10h, com o tema "O que é Aids? Como testar? Como prevenir a infecção pelo HIV? Como tratar?". Após o intervalo, no início desta tarde, profissionais da área se reuniram em outro debate sobre "Interdisciplinaridade: aposta no sucesso do tratamento".
Simpósio na FMC
Simpósio na FMC / Paulo Pinheiro
Assistente social, a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Maria Clélia contou que trabalhou, por 22 anos, na secretaria municipal de Saúde. Ela foi coordenadora do programa DST/Aids por uma década. Ao longo de sua trajetória, a profissional acompanhou questões relacionadas à realidade de portadores do vírus e dos que apresentavam o quadro de doença. Para ela, a situação de Campos se assemelha à dos demais municípios do país:
— Desde os anos 80, nós acompanhamos o problema do surgimento da epidemia do HIV, uma doença extremamente preocupante; uma doença que causou alarde e situações de aversão por parte da sociedade. Ela chegou com muitos mistérios, muitos questionamentos e poucas respostas para poder dar conta das inquietações que se apresentavam naquele momento.
Já nos anos 90, afirma Maria Clélia, a sociedade e os profissionais da área de saúde lidavam com perspectivas de enfrentamento da Aids e com o desenvolvimento de estudos científicos em relação aos medicamentos eficientes para combater o crescimento da doença no organismo e os exames para diagnosticá-la. Ela ressaltou que, na época, à medida que as informações se tornavam mais acessíveis e concretas, as pessoas perceberam que é possível trabalhar com a doença e conseguir resultados positivos.
  • Simpósio na FMC

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Falta de recursos é prejudicial
A assistente social acredita, no entanto, que o sucateamento da saúde pública no Brasil, com o congelamento dos recursos financeiros destinados à área, prejudica o tratamento dos pacientes. "Quando se congela recursos financeiros para qualquer política pública, significa que você só vai trabalhar com o que tem hoje. Novas pessoas precisarão deles em decorrência da crescente evolução da infecção. Infelizmente, nós ainda não a controlamos. Todos os estudos previstos no passado, de controle da infecção no começo dos anos 2000, não se confirmaram. Muito pelo contrário", lamentou.
Em 2016, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids divulgou uma pesquisa com o resumo global da epidemia da doença. De acordo com os dados, 36,7 milhões de pessoas vivem com o vírus HIV. Destes, 17,8 milhões são mulheres acima de 15 anos e 2,1 milhões, menores de 15 anos. Foram 1 milhão de mortes no ano passado e 1,8 milhão de novos casos registrados.
Campanha reforça conscientização
A presidente da Associação Irmãos da Solidariedade destacou que este é o primeiro simpósio sobre o tema promovido no município e o primeiro realizado pela entidade. Ela afirmou estar grata pela oportunidade de discutir o tema com pessoas que acompanharam a epidemia desde o início. Em relação ao crescimento da doença, Fátima afirmou:
— Infelizmente, hoje, não existe campanha efetiva. Parece que não mata, que não existe Aids, mas os casos vêm aumentando assustadoramente. Fala-se de Aids agora, no Dia Mundial de Combate, e no Carnaval. E isso nos preocupa muito. Os jovens, dos 15 aos 25 anos, estão se contaminando bastante, e os idosos também. O idoso, hoje, tem uma vida sexual ativa. E o jovem não acredita porque não viu o flagelo da Aids.
A Associação Irmãos da Solidariedade disponibiliza 42 leitos para pessoas que precisam de assistência. Quem quiser pode colaborar com doações. Aos contribuintes, é oferecido um carnê, que pode ser adquiridos na sede da entidade, localizada na rua Santo Antônio, 44, no parque Santo Antônio, em Guarus. Para mais informações, basta entrar em contato pelo telefone 2733-9610.

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