Método Padovan Com A Fonoadióloga Clotilde Pitta Abrindo A Boca Para Marco Barcelos
mabamestrado 19/05/2016 11:08
clotilde Terapeuta Padovan, Fonoaudióloga e especialista em Motricidade Orofacial. 1- A Fonoaudiologia é responsável pelo tratamento de um importante sentido da comunicação, a Fala. Como é tratar de pacientes que tem uma expectativa maior do que ele pode alcançar ? Quando avaliamos uma pessoa com queixas de problemas de FALA, esclarecemos alguns pontos: basicamente, todas as funções dependem da integridade dos seus órgãos fonoarticulatórios e do funcionamento do seu sistema nervoso. Em se tratando de alterações funcionais, nosso trabalho com o Método Padovan de Reorganização Neurofuncional consiste em fornecer os estímulos adequados a promover a neuroplasticidade daquele indivíduo. Ainda não existe exame capaz de determinar o potencial de neuroplasticidade de ninguém. Portanto, não podemos previamente dizer o quanto de melhora um paciente apresentará sendo submetido ao tratamento com o Método Padovan, apesar de que, após trabalhar muitos anos com pacientes graves, muitas vezes ainda me surpreendo com as relevantes melhoras e/ou superações de problemas. 2- As crianças que falam errado por trocar fonemas e as vezes por terem alterações de sons. Qual a idade que pode se iniciar o tratamento? E qual as maiores dificuldades para trata-las ? A fala é o resultado de um processo de desenvolvimento, que envolve outros sistemas como a audição, a motricidade dos órgãos fonoarticulatórios, e o próprio sistema nervoso, que de um certo modo controla e regula todos os outros sistemas. Portanto, o pediatra que acompanha a criança, tem condições de detectar alterações no seu desenvolvimento e mais especificamente na fala, e encaminhar para avaliação e terapia. Este encaminhamento pode se dar a qualquer tempo, desde bebe (como as crianças com déficit auditivo ou algum tipo de lesão cerebral) até qualquer idade. Quanto mais precocemente detectada alguma alteração, mais cedo deve ser encaminhada a criança para terapia. Cada criança tem seu ritmo de aquisição da fala, podendo variar um pouco, mas normalmente, uma criança sem outros comprometimentos, por volta de quatro anos e meio aproximadamente, espera-se que esteja falando todos os fonemas corretamente. Quanto a dificuldades para o tratamento, cada caso é um caso, depende de fatores específicos de cada criança. 3- A apresentadora Fernanda Gentil em um entrevista declarou que faz exercício de fono antes de apresentar um programa. Qual a finalidade destes exercícios e quais são as profissões que mais precisam ? A voz é muito importante para determinadas profissões, em que ela é a ferramenta de trabalho principal. É o caso de uma apresentadora, um locutor, um professor de sala de aulas, etc. Quando se usa muito a voz cotidianamente, como esses profissionais, deve-se prestar bastante atenção a quaisquer alterações vocais, que podem ser decorrentes de abuso vocal, e buscar ajuda, passando por avaliações e acompanhamento regular de otorrinolaringologista e fonoaudiólogo. Existe ainda a possibilidade da pessoa se submeter a programas preventivos ou mesmo de otimização da qualidade vocal (que deve ser o caso da apresentadora) que podem incluir exercícios regulares, como parte de uma terapia ou acompanhamento profissional especializado. 4- Como avalia o tratamento da fala após um acidente vascular cerebral (AVC), que normalmente fica comprometida ? R. Após AVC, é frequente que os pacientes apresentem algumas alterações diversas, entre elas as de fala e linguagem, que variam desde comprometimentos mais leves, dentro de um leque de possibilidades, até o comprometimento total, com a incapacidade de se comunicar pela fala/linguagem verbal. Tudo depende do comprometimento do seu sistema nervoso central (áreas afetadas e extensão das lesões). A avaliação realizada pelo neurologista ou neurocirurgião que acompanha o caso, e seu histórico médico, é o ponto de partida para se conhecer a situação do paciente. No início da terapia, dentro de uma visão sistêmica e global de saúde, buscamos ainda outras informações e observamos outros fatores diversos que possam ter alguma relação com a reabilitação daquele paciente especificamente. 5- A gagueira é um distúrbio congênito ou adquirida, existe tratamento ? E qual o índice de sucesso ? As causas específicas da gagueira ainda não estão totalmente esclarecidas. Existe uma gagueira fisiológica que faz parte do processo de aquisição de fala/linguagem, aproximadamente entre os dois e quatro anos de idade. Genericamente, podemos dizer que após os cinco anos, se persistirem os sinais de disfluência (gagueira), deve-se buscar ajuda profissional para tratamento. Mas existem as disfemias adquiridas após lesão cerebral, que aparecem de modo abrupto (por exemplo: hipóxia, AVC, traumatismo craniano). Há ainda a gagueira emocional, que é que a manifestação de uma predisposição latente, desencadeada após um trauma emocional. Uma fragilidade do sistema nervoso central, que surge quando o individuo sofre ou passa por uma situação de grande stress. Estudos publicados recentemente, apontam a associação entre as disfemias e alterações anatômicas e funcionais do cérebro. Quanto mais cedo a criança, adolescente ou adulto for avaliado e tratado, mais chances de superar suas dificuldades e evitar ou minimizar o aparecimento de outras alterações associadas como psicológicos e sociais (exemplo: a baixa auto-estima e dificuldades de socialização). Nossa experiência com o tratamento de disfemias utilizando o Método Padovan tem demostrado bons resultados, mostrando-se um recurso terapêutico válido.

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