A Tailândia de cada um de nós...
- Atualizado em 20/07/2018 21:40
Uma onda de alivio e de alento invadiu as nossas casas e os nossos corações... O mundo todo parou diante de 13 pessoas dentro de uma caverna... Rezei muito!!! Rezamos todos... Rezei para pedir e para agradecer o resgate do time dos Javalis Selvagens e seu professor da caverna Tham Luang, no norte do país. Mas junto a tudo isso tivemos um grande aprendizado! Em primeiro lugar, temos que contextualizar a cultura. Pois na Tailândia é natural fazer essas expedições nas cavernas.
A partir do desafio que se apresentou, o professor e técnico, bem como todos os meninos, tiveram um controle emocional surpreendente. Ficar 15 dias na escuridão total, na umidade, com pouquíssima alimentação (9 dias sem comer)... é para os FORTES! Utilizavam a meditação, a fé, a unidade do grupo, a sabedoria do professor que não deixou que o grupo desanimasse ou desagregasse.
Chamou-me também muito a atenção, a reação dos pais! Em nenhum momento culparam ou agrediram verbalmente o professor. O que vimos foi apoio, fé, dedicação na espera, controle emocional, para o que nos é mais precioso: Nossos Filhos. Muito interessante também, foi não divulgar o nome das crianças que saíram primeiro e assim sucessivamente. Para não criar mais ansiedade aos pais, os nomes foram divulgados todos juntos... Isso reflete outra coisa, não pensarmos: “No meu pirão primeiro”... Pensarmos que a minha dor é a sua dor... e desta forma, o alívio deve ser conjunto, assim como o sofrimento... SOLIDARIEDADE. O povo tailandês se comportou como se os meninos fossem da sua família, na verdade esse pensamento positivo invadiu a todos nós com muito afeto. A energia positiva do mundo todo fez a diferença neste resgate...
Não podemos nos esquecer dos mergulhadores, que sabiam do grande desafio e que não fugiram dele... Não podemos nunca nos acovardar!! Dedicados, profissionais, mas sobre tudo afetuosos, sabedores de sua responsabilidade nesta missão tão delicada e cheia de intempéries! Não podemos nos esquecer jamais de Saman Kunan, de 38 anos, levou suprimentos para o grupo de 13 pessoas, mas ficou sem oxigênio quando retornava para a entrada da caverna Tham Luang e acabou morrendo. Destacamos, ainda, o desprendimento também do médico e de dois membros da marinha que ficaram o tempo inteiro na caverna acompanhando o resgate, dando um apoio imprescindível.
Junto a tudo isso, estavam as orações do mundo inteiro!! E quando nos unimos em oração, independente do resultado, nos fortalecemos para enfrentar a instabilidade que a vida nos reserva! A expressão “Hooyah”, herdada da Marinha americana e que visa elevar o moral... proliferava nas redes sociais tailandesas... “Missão cumprida!”!!! Questões culturais, relacionadas ao respeito, explicam essa decisão. Rachapol Ngamgrabuan, governador da província Chiang Rai e coordenador do esforço de resgate, não escondeu a emoção com o sucesso da operação.
Sou uma pessoa que gosta de pensar e AGIR na vida, nos acontecimentos e trazer a reflexão para o meu mundo, e fiquei pensando: Quantas cavernas entramos ao longo de nossa história?! E de quantas conseguimos sair... Somos capazes de manter este equilíbrio emocional? Às vezes, a caverna não sai de nós! Estamos no escuro e não nos permitimos encontrar a luz... Existe também a possibilidade de sabermos os caminhos, mas não termos resistência para lutar... Porém, quando estamos no “fundo do poço”, na caverna ou na escuridão, penso que em primeiro lugar temos que ter fé! Fé em Deus, fé em nós, fé na vida, que vale a pena ser vencida! E depois muito amor por nós mesmos, e pelos que nos amam verdadeiramente.
Dizem que quem canta, seus males espanta! Cantarolar internamente é um dos meus insights, para não entrar na caverna! Outra coisa é passar na minha mente, meus momentos maravilhosos, que se eternizaram em meu coração... Os passo e repasso... todos os dias... pois me alimentam, me dão esperança, me tornam forte para as intempéries da vida! São meus... vividos... tenho a certeza da força que os senti... Significam AMOR...
E o amor, esteve presente em todo este resgate! O amor do mundo, dos Tailandeses, de todos que de uma forma ou de outra estiveram dentro da caverna com os Javalis Selvagens! Penso, que mais do que o resgate de vidas tivemos mais uma prova de que o mundo pode ser melhor! Precisamos de tão pouco... Mas o amor é o oxigênio da vida!
Existe um ditado tailandês que diz: “Evitarás ofender a quem te ajuda pedindo mais do que este lhe dá”. Esta é a resposta para nossas cavernas... Que possamos dar sem querer nada em troca, mas jamais deixemos de dar amor... Mesmo que em doses homeopáticas ou cavalares, cada um sabe o que tem pra dar... E pode sempre melhorar... Que todos nós possamos deixar, nas cavernas por onde passarmos, a expressão da marinha americana “Hooyah”, sempre tendo em mente, que teremos muitas cavernas pela frente. E então, nossas mãos, nossos corações, nossas orações e principalmente o amor um pelo outro, nos levará a luz...
Que a Tailândia de cada um de nós, possa sempre acreditar que, enquanto há vida, vale a pena buscar a felicidade...
Com afeto,
Beth Landim

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