Médico de Garotinho já foi demitido pelo Ministério da Saúde e é reu em várias ações
Christiano 18/11/2016 15:29

A transferência do ex-governador Anthony Garotinho do Hospital Souza Aguiar para o Complexo Penintenciário de Bangu, realizada ontem, atendeu à decisão (confira aqui) do juiz eleitoral da 100ª Zona Eleitoral de Campos, Glaucenir Silva de Oliveira, que havia determinada a sua prisão pela Polícia Federal devido ao “escandaloso esquema” de compra de votos através do Cheque Cidadão.

Garotinho foi preso na manhã de quarta-feira e alegou ter se sentido mal na sede da Polícia Federal no Rio, evitando assim ser transferido para um presídio, com é de praxe, sendo removido para o Hospital Souza Aguiar. No hospital, segundo a Justiça, o ex-governador estaria tendo regalias, sendo este um dos principais motivos para a decisão que o obrigou a ser transferido para Bangu.

O ex-governador estaria com suspeita de problemas coronários, sendo indicado um cateterismo, que está marcado para segunda-feira, para o diagnóstico correto. Enquanto isto, ele aguardará na UPA do Complexo Penitenciário de Bangu.

Foi bastante conturbada a transferência de Garotinho, que resistiu, o quanto pôde, a ir para Bangu, sendo necessários vários homens para garantir o cumprimento da decisão judicial. A energia do ex-governador, para quem supostamente estava com problemas cardíacos, ressaltou aos olhos dos leigos, que interpretaram a cena como incompatível.

Os advogados de Garotinho defendiam a permanência dele no Hospital Souza Aguiar até que o exame fosse realizado, enquanto conseguiriam um habeas corpus no TSE em Brasília, buscando evitar assim o "desgaste" de adentrar Bangu.

Em tempos de smartphones e redes sociais, não demorou muito para os vídeos da remoção e da resistência a ela viralizarem na Internet e ganharem os meios de comunicação, mostrando o triste sofrimento da família, em especial de sua esposa e filha.

Os vídeos da resistência voraz à transferência deram voz a suspeita levantada por opositores do ex-governador que a internação médica era uma estratégia da defesa e dele para evitar o presídio.

A permanência de Garotinho no Hospital Souza Aguiar era baseada em um relatório do médico Dr. Marcial Raul Navarrete Uribe, que pode ser conferida abaixo. O médico foi criticado pelo juiz Glaucenir Silva de Oliveira em sua decisão (confira aqui), que chamou o relatório de inconclusivo, "sui generis" e de exarcebar as questões médicas, definindo para onde o preso deveria ir.

Prisão de Garotinho - Médico

O Dr. Marcial Raul Navarrete Uribe, escolhido como médico de Garotinho, tem um currículo muito polêmico. Ele foi demitido pelo Ministro da Saúde em 25 de fevereiro deste ano por acumulação ilícita de cargos públicos, confira abaixo:

Prisão de Garotinho - Médico demitido

No mesmo dia, o Ministro da Saúde também cassou a aposentadoria do Dr. Marcial Raul Navarrete Junior, pelo mesmo motivo, acumulação ilícita de cargos públicos. Confira abaixo:

Prisão de Garotinho - Médico demitido 2

O polêmico médico de nome colombiano (Uribe) é, além de tudo, pau para toda obra. Além de cardiologista, pode funcionar em pelo menos 5 outras funções: reumatologista, pneumologista, clínico geral, endocrinologista e metabologista, segundo consta nos sites de cadastros médicos na internet. Ou seja, um verdadeiro camaleão.

O médico acumula ainda antecedentes criminais por crime contra idosos (procedimento policial 01208656/2014, na 013ª DP - COPACABANA/RJ), foi despejado de um imóvel por não pagar o aluguel (processo 2005.001.08625, apelação julgada em definitivo pela 13.ª Camara Cível do TJRJ), era médico da polícia civil na época em que Anthony Garotinho era governador e já foi acionado pelo Ministério Público Federal por acumulo inconstitucional de cargos.

Com todo este histórico, resta saber se é idôneo para emitir laudos ou opiniões. O assunto foi levantado antes aqui, pelo jornalista Esdras Pereira, em seu blog.

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    Christiano Abreu Barbosa

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