Ponto Final — Comandante também da Câmara?
rodrigo 23/11/2016 10:44
Ponto-final1 (1) Extensão da Prefeitura? Presidida por Edson Batista (PTB) e com maioria governista, a Câmara de Campos acumula, nos últimos anos, episódios que colocaram em xeque o verdadeiro papel do Legislativo. Apontada diversas vezes por oposicionistas como uma extensão da Prefeitura e dos desmandos do “prefeito de fato” Anthony Garotinho (PR), o presidente da Casa, perto de se aposentar na política, deu mais um exemplo disso. Câmara omissa Após três semanas sem a realização de sessão plenária, a Câmara abriu as portas para o povo acompanhar os trabalhos. Quem foi esperando debate acirrado ficou frustrado. O presidente da Casa, Edson Batista, não abriu oportunidade de debate, principalmente político, mesmo quando todos os holofotes estão voltados para Campos com o escândalo do “Chequinho”, onde o próprio Edson aparece em grampos telefônicos chamando Garotinho, que foi preso como chefe, de “comandante”. Mandado por Garotinho Escutas telefônicas mostram ainda que o presidente Edson procurou Garotinho ao saber que seria notificado para assumir a Prefeitura devido à cassação de Rosinha Garotinho (PR) e Dr. Chicão (PR) pelo Tribunal Regional Eleitoral. Após pedir orientação do líder do grupo político, Batista convocou uma coletiva de imprensa e não tomou posse, contrariando a decisão da Corte Eleitoral fluminense, que pede a condenação dele por desobediência. De fiel a Fidel A figura de Edson como fiel escudeiro de Garotinho nunca foi escondida, nem por ele mesmo. Até pensou em ser o nome indicado pelo ex-governador à Prefeitura de Campos, mas “abdicou” não só dessa disputa, mas também de mais um mandato na Câmara. Com Edson, Garotinho protagonizou defesas do atual governo na tribuna da Câmara, sem que vereadores pudessem rebatê-lo, como deveriam. Foi também decisão do presidente não convocar concursados, apesar de ordem judicial. Vale ressaltar que entre os aprovados, talvez tivessem pessoas que não ditam a cartilha rosácea. E por que não se orgulhar de ser chamado de Fidel Castro? Não aprendeu? Mas agora, quando poderia encerrar a sua carreira política de forma diferente, mais uma vez Edson repete o erro que deu ao seu grupo uma derrota nas urnas. Na tarde da última segunda, a assessoria do presidente da Câmara até informou que as sessões dessa terça e hoje aconteceriam normalmente, às 17h. Não mentiu até agora, isso porque no normalmente de Edson também constam corte do debate e da palavra livre dos vereadores, especialmente os de oposição. Momento nebuloso O vereador Marcão Gomes (Rede) já havia externado a sua decepção de que “neste momento nebuloso pelo qual passa a administração de Campos, quando está sendo apresentado à sociedade o maior e escandaloso esquema de compra de votos, apenas o Legislativo ainda não tenha se posicionado”. Quatro vereadores em exercício chegaram a ser presos na “Operação Chequinho”: Ozéias (PSDB), Thiago Virgílio (PTC), Kellinho (PR) e Miguelito (PSL), todos reeleitos. No “esquema” Além dos vereadores presos, a Câmara ainda tem outros investigados na atual gestão e novatos que podem chegar a não assumir, já que Justiça tem julgado os envolvidos no “escandaloso esquema”. Surpreendente, inclusive, foi a presença do vereador eleito Vinícius Madureira (PRP) na audiência de ontem, levando-se em consideração a ausência dos demais rosáceos investigados nos julgamentos. Renovação O que resta agora é apostar no novo e torcer para que haja de fato uma limpeza na próxima legislatura. Acompanhar a eleição para a nova mesa diretora e esperar uma relação bem diferente entre os poderes. Acabar co m a submissão e trabalhar com cooperação. A esperança é a de que o futuro prefeito, o também vereador Rafael Diniz (PPS), não trate os eleitos de 2017 como muita vezes foi tratado, mas com isso ele já se comprometeu.

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    Rodrigo Gonçalves

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