Os Órfãos de Rosinha
Esdras 28/06/2016 12:12
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A beleza de cartão postal da madrugada refletindo as luzes no frio do granito da Praça São Salvador não é suficiente para esconder a face mais cruel do abandono pelo poder público.

Nas calçadas laterais, tentando fugir da luz dos postes e do inverno implacável, pessoas dormem no chão, ao relento, tiritando de frio. Separando a pele humana das ásperas e geladas pedras portuguesas, apenas finas folhas de papelão recolhidas do lixo do comércio e alguns velhos e minguados cobertores.

Só quando, completamente vencidos pelo cansaço, se abrigam em suas minúsculas tendas nômades dos sonhos, o mais íntimo dos territórios, conseguem uma fugaz trégua do desamparo e do trauma da sua condição social, um pequeno repouso para o corpo e o espírito.

São os órfãos de Rosinha, para quem não importam shows caros ou retumbantes trios elétricos. Para eles, apenas um teto noturno, quatro paredes, e a dignidade de um banheiro e um prato de sopa fariam toda a diferença...

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