A Mulher Invisível
bethlandim 10/05/2014 14:45

Nos diz Nicole Johnson... “Um dia eu estava levando meu filho Jake para a escola, segurava a mão dele, estávamos prestes a atravessar a rua quando o guarda de trânsito disse-lhe: - Quem é esta senhora com você, jovem? Meu filho respondeu: - Ninguém. Ninguém? O guarda e eu sorrimos. Algumas vezes eu entro na sala e ninguém me nota. Outras vezes eu digo “desligue a TV, por favor.” E nada acontece, então eu falo de novo, um pouco mais alto: “Desligue a TV!” Nada. Até que eu mesma vou desligá-la. Foi quando eu percebi: acho que eles não podem me ver. Acho que ninguém pode me ver. Eu sou invisível. Tudo começou a fazer sentido, os olhares em branco, a falta de respostas, a forma como as crianças entram na sala enquanto eu estou ao telefone e pedem alguma coisa. Ninguém pode ver se eu estou no telefone, ou cozinhando, ou lendo. Eu sou invisível. Alguns dias eu sou apenas um par de mãos, nada mais: Você pode consertar isso? Você pode amarrar isso? Você consegue abrir isto... Uma amiga me presenteou com um lindo pacote embrulhado e disse: “Eu lhe trouxe isto.” Era um livro sobre as grandes catedrais da Europa. Eu não entendi por que ela tinha dado para mim, até que eu li sua dedicatória.

“Para Charlotte, com admiração pela grandeza do que você está construindo quando ninguém vê.” Devorei o livro. Descobri quatro verdades: • Ninguém pode dizer quem construiu as grandes catedrais, não temos nenhum registro de seus nomes. • Estes construtores deram suas vidas por um trabalho que nunca os veria acabado. • Eles fizeram grandes sacrifícios e não esperavam crédito. • A paixão de sua construção foi motivada pela sua fé que só os olhos de Deus via tudo...

 

Certo dia um homem veio visitar a catedral que estava sendo construída, e viu um artesão esculpindo um pequeno pássaro no interior de uma viga.  Ficou intrigado e perguntou: “Por que você está gastando tanto tempo esculpindo essa ave em uma viga que será coberta pelo telhado? Ninguém nunca vai ver.” E o operário respondeu: “Porque Deus vê.” Fechei o livro, sentindo que era o que faltava para entender minha vida. Era quase como se eu ouvisse Deus a me sussurrar: “Eu te vejo Charlotte. Eu vejo os sacrifícios que você faz todos os dias, mesmo quando ninguém mais o faz. Nenhum ato de bondade que você fez, é muito pequeno para que eu não observe. Você está construindo uma grande catedral, mas você não pode ver agora o que vai ser... Eu me vejo como uma grande artesã, em um trabalho que nunca vai ser terminado... Como mães, estamos construindo grandes catedrais. Nós não podemos ver se estamos fazendo certo. Um dia, é muito possível que o mundo fique maravilhado com o que temos construído, mas se não for assim... Deus vê a beleza que foi adicionada, com os sacrifícios das mulheres invisíveis.”

 

Na invisibilidade visível ao coração, minha mãe, Elza, está presente em todos os segundos da minha vida...

No silêncio ou na ausência física, sua presença é totalmente perceptível em minha consciência, através dos seus conselhos, dos seus ensinamentos, do seu exemplo de vida, do equilíbrio das atitudes, do seu discernimento e disponibilidade, do seu silêncio que nos fala muito alto SEMPRE... Na sua tranquilidade do dia-a-dia, seja nos dias difíceis ou na alegria... Na sua disposição em nos acompanhar para qualquer programa de lazer ou trabalho, ela nunca nega um chamado ou convite... Mãe te admiro muito! Quero sempre poder seguir os teus passos! Meu amor por você é incondicional! Você, mãe, tem a capacidade de adivinhar meus sentimentos, de encontrar a palavra certa nos momentos incertos, de nos fortalecer sempre... Sua existência, mãe, é em si um ato de amor. Gerar, cuidar, nutrir. Amar, amar, amar... Amar com um amor incondicional que nada espera em troca. Pelo seu amor e desprendimento, divido sua homenagem com duas mães muito especiais como você. Tenho a certeza de que você se orgulhará disso.

Falo de Mary El Kik e Maria Clara Chagas Martins, ou melhor, Mary e Cacaia... Falar de Mary e de Cacaia é como ver o irradiar dos raios do sol, a alegria contagiante, o esforço sobre-humano que fazem para a todos tocar com amor e afeto de seus corações. Sua fé as conduz ao amor transcendente, e elas vivem intensamente esse amor por seus filhos... Kiko, Erika, Camila e a neta Carol e Eleonora, Bebeth, Luciana, Raphael e seus netos... Vivem esta maternidade com toda a intensidade do mundo. E é este exemplo, este outro olhar, que tanto temos que aprender com vocês... O olhar do dom da vida, do agradecer, do se reerguer, do acreditar e ter fé, mesmo quando a dor dilacera nosso coração, mas nos faz mais firmes do que uma rocha, e vocês com toda a firmeza reúnem, agregam a família, os amigos, tem sede de viver, porque transformaram a dor em amor, um amor incondicional e vivo em seus corações, que por isso passa para os nossos corações. Não tem como olhar para Mary e não sentir sua avidez pela vida, a volta aos bancos escolares e a arquiteta organizada e brilhante que hoje é... Mary no seio de sua família é como a argamassa que une os tijolos e as “pedras das catedrais”... Seu amor por Dr. Maron é invisível, ao mesmo tempo é visível no brilho dos seus olhos, na paciência de esperar e reconhecer a divindade da profissão de médico, na abdicação por esperar pelas decisões sempre certeiras... Na sinceridade do seu sorriso, no magnetismo que carrega na alma...

Cacaia é sempre um aconchego, seu professar a docência, seu humor, sua alegria, sua amorosidade na luta visionária em ultrapassar sempre os limites do humano e se doar com disponibilidade e vigor marcam sua presença sempre otimista entre nós... Elza, Mary, Cacaia, mulheres inconfundíveis, na amizade, na amorosidade, na transparência dos sentimentos, na luta por ultrapassar sempre os limites... Os limites do humano, do doar-se incondicionalmente aos amigos, à família, ao outro... Agradeço de forma especial a presença de Ir. Suraya Chaloub em minha vida. Madrinha, amiga, mestra, inspiração que sempre me acompanha bem de perto em minha caminhada, verdadeiro exemplo de maternidade espiritual.

Neste domingo em que comemoramos o Dia das Mães, que todas nós mães possamos nos sentir homenageadas por nossa invisibilidade visível. Que em nossas lutas, visíveis ou não, junto aos nossos filhos, possamos continuar confiantes, sempre plantando e regando sementes de amor em nossos caminhos, pois como eternas artesãs que somos estamos em plena construção de lindas catedrais, que serão eternizadas ao longo do tempo...

Com afeto,

Beth Landim

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