Você é o que você compartilha?...
bethlandim 03/11/2013 00:30

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início desde milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar. A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossas felicidades, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.

O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso - o que é muito diferente. Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas.

Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa alguma. É apenas um companheiro de viagem. O homem é um animal racional que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria, ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se toma menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um. O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

"A pior solidão é aquela que se sente quando acompanhado".

É preciso também que tenhamos o desejo de despertar o mistério que existe em cada um de nós! Falo do mistério não como segredo, mas do mistério que encanta... Encantamento talvez seja a melhor palavra. Encantar-se primeiro por nós mesmos... Fazer o que gostamos, gostar de quem somos, encantar-se no nosso silêncio e simplesmente bastar-se com seu aprendizado...Mas o que fica de mais importante no aprendizado destes novos tempos, é o que você compartilha...

Parece que já começamos a compreender que, se eu compartilho, não fico sem, mas faço todos ganharem mais. Quando alcançamos a compreensão de que o amor pelos outros e por si mesmo é a condição da sobrevivência da humanidade, podemos viver na prática a máxima que indica que: quanto mais se dá, mais se recebe... Estamos convergindo para ter na prática a liberdade individual como um direito natural e inalienável, como disse há quase 200 anos John Locke, no livro Tratado do Governo Civil.

É certo que existe algo novo no ar... a liberdade com parceria, o compartilhar se devolvendo em dobro o que você é! Um tempo onde colaboração é a tônica! Um novo tempo, feito por pessoas e para pessoas... Gente como você... É o momento de quebra de paradigmas, de repensar as relações humanas e de realinhar a nós mesmos...

Você é o que você compartilha?...

Com afeto,

Beth Landim

 

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