As Borboletas e o Jardineiro...
bethlandim 28/09/2013 20:15

"Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses".

Ao refletir sobre este pensamento de Rubem Alves fico a pensar na importância das mudanças para nossas vidas. Quando observamos o vôo e o colorido das borboletas nos impressionamos com sua beleza e naquele momento não pensamos na feiúra que fez parte de cada fase de sua transformação até que chegasse a maturidade de sua beleza. Da mesma maneira, nós seres humanos vivemos essa transformação permanente e processual, numa metamorfose longa e silenciosa. Mas essas mudanças são possíveis mediante as muitas transformações que começam em cada um de nós, todos os dias, mesmo diante dos sofrimentos causados pelas pedras no caminho. Buscamos superar, valorizando a capacidade, a criatividade, mas, sobretudo, sentindo a alegria de aprender e ensinar.

Onde aprendemos sobre como ser feliz?

A felicidade é como uma taça que se deixa encher com a alegria que transborda do sol. Mas vem o tempo quando a taça se enche e ela não mais pode conter aquilo que recebe, e então deseja transbordar. Esse é um grande momento de nossa metamorfose, quando descobrimos a alegria de compartilhar com o outro a felicidade que mora dentro de nós. Para Rubem Alves, o ensino das ciências, o ensino da literatura, o ensino da história, o ensino da matemática não são apenas disciplinas a serem ministradas, mas "taças multiformes coloridas que devem estar cheias de alegria". Essa felicidade deve ser compartilhada com aqueles que recebem o ensinamento: os alunos. A alegria de ensinar deve ter a contrapartida da alegria de aprender. O que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde, um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mas cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro.

Nós somos as borboletas de nosso próprio jardim e simbioticamente necessitamos descobrir o ofício de ser jardineiro num plantar e regar incessante da nossa felicidade. Os seus sonhos são suas esperanças, são as imagens visíveis das esperanças. Os sonhos não correspondem a nada que exista.

Quando os sonhos assumem forma concreta, surge a beleza. Antes de existir como fatos, os jardins existem como sonhos. Se todas as pessoas, desde a infância, puderem aprender nas escolas o respeito e a beleza de todas as pessoas, homens e mulheres, poderemos sonhar e concretizar o sonho de unir a humanidade mais justa, tolerante e igualitária. A educação de hoje, além de se dedicar ao ensino dos saberes científicos, há de superar os seus muros curriculares, dedicando-se também a fomentar esperanças e criar sonhos, a humanizar-se.

Temos visto tantos crimes e atrocidades. Às vezes detemos nossos pensamentos, como foi feito, nos detalhes, nos relatos das investigações policiais. E nos esquecemos de perguntar o que faltou a esse homem? O que está faltando ao mundo? Porque a degradação dos valores? Porque os homens são incapazes de cuidar do seu “jardim” mesmo quando a eles são oferecidas todas as oportunidades.

E como nos diz com propriedade Cecília Meireles... "A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la."

É preciso rever nossas sementes, nossos valores! Temos que a todo o momento limpar as ervas daninhas e deixar florescer o que temos de melhor. Assim é a educação, um trabalho diário, constante, de cuidar, transformar, regar, adubar as mentes com valores sinceros e justos!

É chegado o tempo em que o homem plante as sementes de sua mais alta esperança. Esperança de beleza e de ser feliz sem esquecer que o trabalho que inspira o jardineiro é a espera, muitas vezes a longa espera de colheita do fruto. Porém, sem desanimar nem desistir. Certo de que seu trabalho jamais será em vão. Assim, continua plantando e regando, cuidando e esperando nascer. Chegado o momento da colheita, sua alegria maior, vivencia a partilha, transbordante de frutos... os frutos da felicidade.

E com ela as borboletas virão para dar o seu colorido a nossa existência... Pois, como nos diz Shakespeare... “O tempo é algo que não volta atrás. Por isso plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores...”

 

Todos os dias há um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento que um SIM ou um NÃO pode mudar toda a nossa existência, portanto saibamos fazer nossas escolhas!

Uma boa semana!

Com afeto,

Beth Landim

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