Ironman: uma prova mágica em um lugar mágico (Por Reinaldo Damiano)
Marcos Almeida 30/05/2013 17:43

A luta para se fazer o Ironman Brasil começa um ano antes, quando abrem as inscrições que acabam em menos de 15 minutos. A partir daí sua vida muda totalmente, principalmente em janeiro, quando o volume de treinos aumenta absurdamente.

Eu não pretendia fazer o Iron de 2013, mas devido problemas ocorridos por uma queda ainda não explicada de bike em 2012, 20 dias antes da prova, que me levaram a abandonar ainda na natação, me vi forçado a retornar.

Vamos a prova. Cheguei em Floripa na quarta, 23/05, pois na quinta temos um treino oficial de natação no mar. O mar é o meu problema (uma semana antes já fico preocupado), não me sinto confortável, nadar 1000 metros mar adentro me assusta um pouco. Comecei bem o treino, mas na volta comecei a sentir fortes câimbras nas pernas e quase peguei carona num caiaque - em 2012 foi num jet sky - mas forcei e consegui terminar, esgotado, com muita dor nos braços e nas pernas. Apesar das dores persistirem no sábado véspera da prova, na sexta nadei novamente e deu para ficar mais relaxado.

No sábado temos o bike chek-in, que é a entrega das bikes para a prova, junto é entregue todo o material de ciclismo e da corrida. Concluído, demos mais uma volta na feira da prova (onde tudo é muito caro) e retornamos para casa para preparar a alimentação que vou levar para prova: bisnaguinhas, biscoito goiabinha, endurox, suplementos e muito mais (comemos muito durante o pedal).

No domingo, acordamos antes da cinco para tomar café cedo e tentar ir ao banheiro (é fundamental). Às 7 horas, com um lindo nascer do sol, é dada a largada e recomeça o meu drama. A prova de natação é em formato de M - nada-se 2200 metros e  retornamos à areia  e voltamos ao mar para mais 1600 metros - neste retorno pela areia tive nova câimbra no posterior da coxa que impedia até caminhar. Consegui alongar e me arrastei para água. Graças a Deus não senti mais nada e consegui terminar com um tempo 20 minutos menor que em 2011 (1h32min).

Parti para transição da bike e seus 180 km. Comecei bem, com um bom ritmo, completei os 90 km na boa. Aí começaram os problemas. Durante as subidas (são 4 por volta), comecei a ter câimbras, que me acompanharam pelo restante da prova, passando a ficar muito sofrida a conclusão.  Para completar, na metade da segunda volta acabou a água nos postos de hidratação. Concluí o pedal em 7h19min, dentro do esperado, mas não o que eu gostaria.

Depois de uma transição lenta de 12 min, comecei a parte mais sofrida da prova e que certamente te leva a pensar seriamente a desistir. Depois de pedalar 180km, correr é algo fora do normal, mas saindo no meio do povão ainda temos que fazer alguma pose para foto. Estava preocupado, pois vinte dias antes da prova tive uma lesão nas duas panturrilhas que me obrigou a parar e fazer fisioterapia durante uma semana só voltando a correr a uma semana da prova.

Por volta dos 5 km comecei a sentir a sola do pé direito que irradiava para o dedo e latejava, além das câimbras nos adutores das duas pernas que voltaram a ocorrer. A solução era trotar um pouco até doer e caminhar, assim foi até o final da prova. Difícil saber onde não doía - como disse um amigo, só a orelha não doía. Foi uma maratona muito sofrida, mas a vontade de chegar supera tudo: as dores, as dificuldades e com o apoio da família, dos amigos e principalmente dos anônimos que ficam até meia noite torcendo pela chegada dos atletas. Terminei a maratona em 6h15 min com um tempo total de prova de 15h55min.

Resumindo: o Ironman é uma prova mágica em um lugar mágico, durante sua realização você diz que nunca mais vai querer fazer. No dia seguinte você começa a querer  saber quando abre a inscrição para o próximo ano.

Reinaldo Damiano

 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Marcos Almeida

    [email protected]

    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

    BLOGS - MAIS LIDAS