Equilíbrio
Marcos Almeida 13/03/2013 12:28

Por que trabalhamos tanto as qualidades físicas força e resistência e esquecemos outras tão importantes quanto? Seria porque talvez estas qualidades ausentes não trazem nenhum resultado visual, ou por se pensar que não colaboram para a melhora do bem estar global e qualidade de vida? Sabemos que o ser humano começa o seu período de retrogenia neural (perdas das capacidades do corpo físico e mental), por volta dos 25 anos. As causas da perda, com a idade, da capacidade de manter o equilíbrio são óbvias depois que se atenta para elas, mas suas conseqüências para a qualidade de vida são sérias e pouco apreciadas.

-Quem mantém o corpo equilibrado, resistindo à gravidade que convida ao chão, é o sistema neuromuscular. O equilíbrio é um sistema complexo que depende de um sistema de informações e respostas que trabalham em sintonia com a finalidade de obter movimentos coordenados e sincronizados.
-Compõem este sistema multi-sensorial a visão, o aparelho vestibular e as estruturas somatosensoriais e sua integração com o sistema nervoso central. Ocorre que os três se deterioram com a idade, seja por perda de células sensoriais ou apenas de acuidade. Como se não bastasse, o tônus muscular tende a diminuir o que dificulta o trabalho de manter o corpo no eixo, e a massa do corpo tende a aumentar com o acúmulo de gordura e o sedentarismo.
-Ao andarmos, passamos 80% do tempo equilibrando o corpo sobre apenas um dos pés - ora um, ora outro, desta forma, com a idade, andar vai se tornando uma tarefa difícil e perigosa, e os tombos, cada vez mais freqüentes. Não é à toa que quedas são a segunda maior causa de morte acidental no mundo e as pesquisas mostram que a cada três quedas a partir dos 60 anos, uma pode levar a morte.
-Mesmo se a perda sensorial não puder ser totalmente evitada, hoje se sabe que exercícios físicos regulares, sapatos de solas finas, caminhadas em terrenos irregulares e instáveis como areia fofa ou cascalho, dança e até mesmo jardinagem ajuda o cérebro a usar melhor a informação que ainda tem sobre a posição do corpo e a manter o prumo. A simples prática de ficar equilibrando em um pé só ajuda a desenvolver este tão pouco trabalhado equilíbrio. O desgaste do sistema proprioceptivo é outro fator importante quando analisamos o equilíbrio.
-Ocorrem mudanças degenerativas no sistema sensório-motor, nos tendões receptores dos membros inferiores e no sistema músculo esquelético, assim como problemas osteoarticulares como artrose, instabilidades das articulações e fragilidade óssea decorrente da osteoporose. As oscilações provenientes da musculatura vertebral e paravertebral, das articulações do tornozelo, dos joelhos e quadris, assim como sensores de pressão localizados nos pés, promovem informações quanto à superfície de suporte. São informantes dominantes no controle do equilíbrio quando o corpo encontra-se ereto e estático sobre uma superfície fixa.
-As variadas informações provenientes do meio ambiente influenciam o equilíbrio promovendo um conflito sensorial gerenciado pelo SNC que é capaz de selecionar a informação correta e descartar a incorreta a favor de um equilíbrio adequado.
-Espero estar contribuindo com algumas informações a respeito da qualidade física equilíbrio e desta forma torná-la mais presente e com a devida consciência da sua prática na sua rotina de treinamento. A sua melhora é estimulada de sobremaneira através do movimento, daí, bons treinos.

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    Sobre o autor

    Marcos Almeida

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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