O ENTOJO E O ENTORNO
lucianaportinho 26/10/2012 20:47
O ENTOJO E O ENTORNO NinoBellieny O Campista da Pelinca não é melhor do que o Campista da Baixada O Campista dos belos condomínios não tem sangue azul Nem vai viver para sempre. Não é o rei da planície por morar num apartamento de luxo Nem é mais inteligente por frequentar bares sofisticados Onde costumam ficar dependurados cheques planadores O Campista branco não é mais puro do que o Campista negro E o suor e o sangue deste último regou as terras sedentas e seus canaviais. Até que outras folhinhas caíssem dos calendários E dinheiro, não mais escolhesse mãos nem raças. O Campista de Hilux não é mais importante do que o carroceiro O ciclista apressado cortando a Formosa e a Beira-Valão Doido pra chegar aos braços da morena amada depois de um dia Longamente cheio de dívidas, dúvidas e gente esnobe Que o trata como se fosse invisível. As butiques mais badaladas não são melhores que as lojas do Centro. Nas primeiras, costuma-se ser bem atendido quem chegue bem vestido Nas segundas, não importa a aparência. Importa a educação. O povo do Mercado Municipal tem fibra, força e dignidade Levanta-se antes do sol enquanto muitos pretensos ricos vão acordar as 3 da tarde. O Campista de Morro do Coco, de Santa Maria, de Santo Eduardo, de Vila Nova Estuda, trabalha, trabalha, estuda, paga as contas e honra a roupa que veste. O Campista só precisa aprender a se amar de verdade Respeitar para ser respeitado com igualdade E não viver de aparências frustradas, amizades interesseiras, Parar de pensar-se carioca e ter orgulho de ser o que é E nunca deixará de ser, mesmo que vá morar em Marte. Esquecer os comentários infelizes em redes sociais, encontros antissociais, festas onde todos fazem pose no eterno treino para a morte que é a vida. Ainda bem que são poucos os que preferem o deslumbramento e o esnobismo, O deboche e o escárnio contra as próprias origens. De baixa estatura espiritual e intelectual, mesmo em minoria, sugam a força dos que constroem. Causam alarde e indignação com as suas caras e bocas murchas. Se acham ainda no alto dos alpendres, no topo das escadas, olhando A vasta plantação cheia de vazios e sonhos do passado. [caption id="attachment_5092" align="alignright" width="300" caption="Ft. Facebook"][/caption] Aristocracia feita de areia e levada por ventanias. As mesmas ventanias que varrem a planície há milhares de anos.   * Nino Bellieny, é jornalista, radialista, poeta e artista visual. Campista, nasceu no interior do município, mais precisamente na região dos tabuleiros de Campos, em Morro do Coco. Publicamos com identidade sua  mais recente poesia. Nela, ele nos fala de um tema palpitante e duramente real que ainda lamentávelmente permeia a cultura de nossa cidade. É o seu desabafo instântaneo. Deixo para a sua reflexão. Um bom fim de semana a todos. Meu fraternal abraço, Luciana Portinho  

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