OPACIDADES
lucianaportinho 13/10/2012 17:54
OPACIDADES
LUCIANA PORTINHO
Mentalmente me deslocando para o universo da cultura, quando passo no final do mês a integrar a equipe jornalística da Folha Dois/Folha da Manhã. Perco o sono, fuço matérias, pesquiso um texto, registro pontos de vistas. Decido ir ao cinema assistir um filme francês, ' E se vivêssemos todos juntos',  com a temática do cotidiano. O privilégio da simplicidade perdida e recuperada da artificial complicação na complexidade do adulto. Reflito sobre a débil atenção ao visual, à estética que nos suscita, paradigmas de contrastes assim de chofre. Descubro meu desconforto - não só meu - bem retratado na coluna do Hermano Vianna, Segundo Caderno de O Globo, de ontem, sexta 12/10, onde sem questionar " a centralidade da escrita e do livro, no nosso modo privilegiado de produção e transmissão do conhecimento" se ressente da ausência no arcabouço acadêmico, de uma ênfase na educação para os outros sentidos, em especial o visual. Amanhece nas minhas mãos, O Globo de hoje, sábado 13/10. Na capa à esquerda leio a notícia - ainda pequenina - que não teria como um dia não acontecer, que mareja os meus olhos, que muitos irão zombar, mas, danem-se se não entendem o simbolismo da morte de Fidel Castro. Fortes rumores nas redes sociais indicam que em 72 horas seu fim será oficialmente comunicado. Com ela, vira-se mais uma página, não pequenina, na história da América. Sabia que me atingiria como a de um parente - amado e odiado - que compôs meio século de conquistas naquela próxima  ilha de uma gente que foi explorada e folclorizada, pobre e mestiça, da natureza morna a desafiar o mais alto grau do poderio econômico imperial bélico construído em todos os tempos no planeta. E mais uma vez, as opiniões se dividirão, e mais uma vez uns chatos me acusarão "de ser contra totalmente tudo" já que persisto em não amarrar meu umbigo às burras da cantilena do poder local. E assim continuamos a aprender a navegar no caos. E assim nos forçamos a sair da nossa zona de conforto. E por ser a favor das existências reais e conceituais.

Chove na cidade do Rio de Janeiro.

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