Primeiro vieram...
bethlandim 30/09/2012 19:13

“ Primeiro vieram…” é um poema atribuído ao Pastor Martin Niemöller sobre a inatividade dos intelectuais alemães depois da subida ao poder dos Nazistas e da perseguição que se seguiu a determinados grupos que, uns após outros, foram alvo das suas atividades de limpeza: Comunistas, Judeus, Social-Democratas, Sindicalistas, Ciganos, Homossexuais, Negros e inclusivamente Católicos mas também outras muitas vozes incômodas ao regime, como foi o caso do Pastor alemão Martin Niemöller. Inicialmente apoiante de Hitler, Niemöller veio, por volta de 1934, a opor-se totalmente ao Nazismo e graças às sua boas relações de amizade com influentes homens de negócios, conseguiu ser salvo da prisão até 1937, altura em que foi encarcerado, eventualmente, nos campos de concentração de Sachsenhausen e Dachau. O Pastor sobreviveu e depois da Segunda Guerra Mundial, tornou-se a principal voz de penitência e reconciliação do povo alemão. O seu poema é bastante conhecido e frequentemente citado tendo-se tornado um modelo popular para descrever os perigos de uma apatia política que, começando muitas vezes, com um alvo específico de medo e ódio, assume rapidamente proporções assustadoras e completamente fora de controle. O poema tem apresentado diversas variantes ao longo dos tempos.

“Primeiro vieram prender os judeus, e eu não levantei minha voz, porque não era judeu. Depois vieram prender os comunistas e eu não levantei minha voz porque não era comunista. Depois vieram prender os homossexuais e eu não levantei minha voz porque não era homossexual. Depois vieram prender os sindicalistas e eu não levantei minha voz porque não era sindicalista. Depois vieram prender os negros e eu não levantei minha voz porque não era negro... Depois vieram prender-me e já não havia mais ninguém que levantasse a voz por mim...”

Ao longo da história, aspectos como a busca pelo poder, muitas vezes desenfreada, a corrupção, as desigualdades sociais e os privilégios para as elites fazem com que o processo político ganhe descrédito e antipatia. Não raramente, jovens, adultos, homens e mulheres afirmam que não se interessam, nem gostam de política. Contudo, a questão é: para viver em sociedade, de forma consciente e livre, como é possível se renegar e não buscar compreender a política? Para entender a dinâmica da sociedade, estar consciente de seus direitos, deveres, bem como dos espaços a conquistar, por quais caminhos transitar, perpassa-se pela importância de mínima consciência política. Entender de política ou saber para onde esta caminha não significa estar vinculado a partidos ou tornar-se um estudioso desta ciência. Mas, na verdade, consiste em exercitar, minimamente, a vida em sociedade, de uma forma consciente e amadurecida. Haja vista que, conforme estruturas como as de uma democracia, nas quais o governo emerge de uma escolha popular, direta e representativa, somos agentes co-participantes desse processo de consciência e atuação política. Numa democracia, como ocorre no Brasil, as eleições são de fundamental importância. Pois, além de representar um ato de cidadania, possibilitam a escolha de representantes e governantes que fazem e executam leis que interferem diretamente em nossas vidas.

Escolher um péssimo governante pode representar uma queda na qualidade de vida. Sem contar que são os políticos os gerenciadores dos encargos que nós tanto pagamos. O voto é um instrumento de participação na democracia, pelo qual exercemos um direito conquistado ao longo da história, antes até de ser uma obrigação. Aprimorar o processo eleitoral e as nossas leis deve ser objetivo de nossos representantes políticos, e a nós cidadãos, de forma organizada, cabe cobrar os resultados, além de participar efetivamente com nosso voto. Logo, o voto deve ser valorizado e ocorrer de forma consciente! Devemos votar em políticos com propostas voltadas para a melhoria de vida da coletividade. Para escolhermos bem, em primeiro lugar, temos que eliminar candidatos que visam poder, ações imediatistas e assistencialistas, ascenção, seja financeira ou para outros cargos, como trampolim eleitoral. O nosso voto, não pode ser direcionado a políticos que usam a miséria da população contra ela própria. Não podemos, permitir que o candidato que se utiliza da necessidade do outro para se beneficiar politicamente, seja eleito. O critério equivocado de distribuição não favorece a melhoria de vida da população, mas contribui para o aumento da miséria financeira, afetiva e social. Quando falo de miséria afetiva e social, quero falar da baixa-estima criada pelo assistencialismo barato, que não contribui para suscitar, nas mentes dos cidadãos, a idéia de que todos são capazes de lutar e conseguir uma vida melhor através do trabalho e da luta diária! Votar conscientemente é prover resultados positivos...

Não deixemos que o poema se repita na apatia de nossa vida política...

Exerçamos nosso poder de votar com consciência e coletividade.

Com afeto,

Beth Landim

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