Ponto Negro...
bethlandim 21/08/2012 09:40

Conta-se que um professor preparou sua aula estendendo um grande lençol branco numa das paredes da sala. Na medida em que os alunos iam entrando, tinham sua curiosidade despertada por aquele objeto estranho estendido bem à sua frente. O professor iniciou a aula perguntando a todos o que viam. O primeiro que se manifestou disse que via um pontinho negro, no que foi seguido pelos demais. Todos conseguiram ver o pontinho negro que fora colocado, de propósito, no centro do lençol branco. Depois de perguntar a todos se o ponto negro era a única coisa que viam, e ouvir a resposta afirmativa, o professor lançou outra questão: - Vocês não estão vendo todo o resto do lençol? Vocês conseguem somente ver o pequeno ponto preto, e não percebem a parte branca, que é muito mais extensa? Naquele momento os alunos entenderam o propósito da aula: ensinar a ampliar e educar a visão para perceber melhor o conjunto e não ficar atento somente aos pormenores ou às coisas negativas. Essa é, na maior parte das vezes, a nossa forma de ver as pessoas e situações que nos rodeiam. Costumamos dar um peso exagerado às coisas ruins, e pouca importância ao que se realiza de bom. Se um amigo sempre nos trata com cortesia, com afabilidade e atenção, e, num determinado momento, nos trata de maneira áspera, pronto. Tudo o que ele fez até então cai por terra. Já nos indignamos e o conceito que tínhamos dele até então, muda totalmente.  É como se nossos olhos só pudessem ver o pequeno ponto negro.  Não levamos em conta a possibilidade de nosso amigo ou amiga estar precisando da nossa ajuda. Não nos damos conta de que talvez esteja com dificuldades e por isso nos tratou de forma diferente. Temos sido tão exigentes com os outros! Mas, se somos nós que estamos indispostos, todos têm que suportar nosso mau-humor, nossa falta de cortesia.

Assim somos nós em nosso caminho. Quantas e quantas vezes o pensamento pequeno nos faz companhia nos imobilizando perante a vida, nos fazendo perder um tempo precioso que se chama presente, nos entristecendo a mente e o coração... Momentos que não voltam mais para serem vividos, desperdiçados pelas amarras que nós mesmos criamos perante a vida. Somos vítimas de nós mesmos. Muitas vezes nós mesmos nos aprisionamos: quando não temos a capacidade de perdoar, quando não voltamos atrás diante dos erros, quando não temos coragem de recomeçar, quando nos vitimizamos diante das situações, quando somente vemos a culpa no outro sem analisar o nosso comportamento diante das situações.

A vida existe para ser vivida. Vamos nos abrir para esta energia divina que chega até nós a cada dia e recomeçar sempre, com garra, com determinação, entendendo que as quedas fazem parte do nosso processo de aprendizagem e crescimento. As nossas quedas são como as quedas d´água no curso de um rio, capazes de produzir a energia que move o mundo. Caindo somos forçados a nos erguer perante nós mesmos, perante a vida que nos clama a refazer outro curso em nosso caminho, na certeza de que na roda da vida ora esta estamos em cima, ora estamos em baixo... mas continuamos sempre girando em direção ao nosso despertar.

Esta pequena estória nos faz refletir sobre os valores do nosso caminho...

Um casal completava seus 60 anos de matrimônio e uma das netas perguntou à avó: - Vózinha, como é que a senhora agüentou o vovô até hoje? Ele é uma pessoa muito difícil de tolerar. A vovó, com um sorriso de serenidade, respondeu à neta: - É simples minha filha. Eu sempre tive comigo uma balança imaginária. Colocava num dos pratos as coisas ruins que seu avô fazia. No outro prato da balança eu depositava as coisas boas. E o prato sempre pendia para o lado das coisas boas. Nós também fazemos uso da balança imaginária. Mas, muitas vezes, o peso que atribuímos às coisas ruins é desproporcional, e a balança tende a pender mais para esse lado. Vez que outra é importante que façamos uma aferição na nossa balança, para verificar se ela não está desregulada, pendendo muito para o lado dos equívocos. Saibamos valorizar as boas coisas que nos acontecem...

Não façamos como os alunos, que só viam o ponto negro no centro de um enorme lençol branco. Eduquemos a nossa visão para perceber melhor as coisas boas da vida. Desenvolvamos a nossa capacidade de ver e valorizar tudo o que nos acontece de bom.  Você sabia que os benfeitores da humanidade recomendam que sejamos severos para conosco mesmos e indulgentes para com nosso próximo? Contrariando tal recomendação, a maior parte das vezes somos indulgentes para conosco e muito severos para com as faltas alheias. Vale a pena que sejamos mais exigentes conosco, buscando sempre melhorar nosso comportamento. Vamos ter sempre em mente o lençol branco e não o ponto negro... Temos páginas e páginas em branco para escrevermos nossa história... Não fixemos nosso olhar no “pequeno”, aprendamos e eduquemos nossa visão para olhar através do horizonte... sempre em frente...

Com afeto,

Beth Landim

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