Um vivente na Flip
lucianaportinho 16/07/2012 20:01
Paulo Cavalcante vem do nordeste pela sexta vez a Flip. Desde 2005, Paulo cumpre de forma original a sua sina de escritor brasileiro; divulgar o seu trabalho literário. E aí se posta logo na descida da ponte sobre o rio Perequê – Açu, porta de entrada na festa literária. Paulo é um cabra talentoso e determinado. O local que ele escolheu é estratégico, quem se dirige às tendas dos autores ou do telão, logo o vê. Nos cinco dias do evento ele passa em pé, numa média 12 horas, conversando com o público sobre sua vocação de escritor e sobre seus livros. Na busca de novos leitores trouxe novamente seu romance ‘O Martírio dos Viventes’, agora na 6º edição. Está satisfeito com o resultado alcançado em 2012, a venda ultrapassou os 100 exemplares. [caption id="attachment_4310" align="aligncenter" width="500" caption="ft. Luciana Portinho"][/caption]

 

Folha da Manhã Você é o autor do hino da cidade Caraúbas, ou seja, é também compositor e poeta. Conte-me um pouco sobre a sua saga. Paulo Cavalvante Sou nascido em Caraúbas, na microrregião do Cariri Oriental da Paraíba. Nasci em 1960, tenho 52 anos. Um filho de camponeses que saiu da roça aos 17 anos para tentar o futuro. Fui um bocado de muito, já trabalhei como copeiro, balconista, garçom, office-boy e cozinheiro. Nada tão diferente dos demais de minha geração. Desde bem cedo trabalho e me licenciei em História pela Universidade Estadual da Paraíba. Folha Pois é, você disse que é professor em dois estados, como é isso? Paulo Então, moro em Campina Grande, na Paraíba e trabalho na rede municipal de Campina. Sou professor de história. E trabalho também em Currais Novos, no Rio Grande do Norte. Lá leciono na rede pública estadual, no ensino médio. Folha Quer dizer que você fica para cima e para baixo, mas, como consegue conciliar. Sua cultura de nordestino é a explicação? Paulo Talvez os apertos da seca tenham me temperado. Divido meu tempo entre as duas matriculas. Vou na quarta depois do expediente em Campina e fico no Rio Grande de quinta e sexta. Currais está a 200 km, aí vou de moto. Folha E o que vem fazer um professor na Flip. Você disse que vem aqui desde 2005. Compensa? Paulo Este evento é nobre, sem igual, é uma vitrine para qualquer autor. Meu romance O Martírio dos Viventes, que fala sobre a realidade da seca que experimentei durante 21 meses, nos anos 92/93, já está na 6ª edição. Não o deixo em livrarias, pois gosto do contato com o público. A narrativa escrita em linguagem regional é uma ficção que articula luta, exclusão social e religiosidade, o apelo aos céus do que é negado no material. Folha Paulo, sua presença aqui, parado em cima desses tocos, com a indumentária típica nordestina chama a atenção logo na descida da ponte. Você criou um marketing com sua própria imagem, gera empatia. Interessantes estas plataformas que te põem mais alto do que público, a ideia foi sua? Paulo Nelas fico a uma altura de 2,10m, qualquer um me avista. São como tamancos gregos. Dentro de cada um deles trago meu farnel; minha ração energética para jornada. Quer ver... tem banana, castanha de caju, rapadura e uma maçã. Pela manhã tomo um bom café e vou comer outra refeição ao final do dia. Criei um personagem e tenho compromisso com ele. [caption id="attachment_4311" align="alignleft" width="300" caption="ft. Luciana Portinho"][/caption]   Folha E a sua família, Paulo? Você disse que tem dois filhos formados. Sua mulher, o incentiva nas suas andanças? Paulo Sou um sertanejo, para quem já teve que comer calango, hoje vim no conforto de um avião com pagamento parcelado, fruto de investimento próprio. Nas primeiras vezes minha mulher ficava tiririca comigo, pedia que esperasse minha aposentadoria (sic). Meus filhos achavam que o pai tinha ficado doido.   [caption id="attachment_4312" align="alignright" width="300" caption="ft. Luciana Portinho"][/caption]  
Entrevista publicada domingo (15/07), página 6, do caderno especial Folha na Flip 2012.
Luciana Portinho

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