Descomplicando... a fila indiana...
bethlandim 21/07/2012 13:56

Nucci tem uma excelente imagem a respeito do nosso comportamento. Segundo ele, os homens caminham pela face da terra em fila indiana, cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás. Na sacola da frente nós colocamos as nossas qualidades. Na sacola de trás, guardamos todos os nossos defeitos. Por isso, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos presas em nosso peito. Ao mesmo tempo, reparamos impiedosamente nas costas do companheiro que está adiante, em todos os defeitos que ele possui e nos julgamos melhores do que ele, sem perceber que a pessoa andando atrás de nós está pensando a mesma coisa a nosso respeito.

Então, como nos diz o terapeuta Sérgio Savian, se eu tivesse que escolher uma palavra, apenas uma, para ser item obrigatório no nosso vocabulário, esta palavra seria um verbo de quatro sílabas: descomplicar. Já passa da hora de aprendermos a viver com mais leveza: exigir menos dos outros e de nós próprios, cobrar menos, reclamar menos, carregar menos culpa, olhar menos para o espelho.

Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos à tão falada qualidade de vida que queremos e merecemos ter. Mas há outras palavras que não podem faltar em nosso kit existencial. Amizade, por exemplo. Acostumados a concentrar nossos sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas, acabamos deixando os amigos em segundo plano. E nada, mas nada mesmo, faz tão bem para todos nós quanto à convivência com os amigos. Ir ao cinema,  sair sem ter hora para voltar, compartilhar uma taça de vinho e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes, isso sim, faz bem para a pele. Para a alma, então, nem se fala. Ao menos uma vez por mês, deixe o seu namorado(a) em casa, prometa-se que não vai ligar para ele(a) nem uma vez (desligue o celular, se for preciso) e desfrute os prazeres que só uma boa amizade consegue proporcionar.

E já que falamos em desligar o celular, incorpore ao seu vocabulário duas palavras que têm estado ausentes do nosso cotidiano: pausa e silêncio.

Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos, três vezes por semana, duas vezes por mês, ou uma vez por dia não importa, e a ficar em silêncio. Essas pausas silenciosas nos permitem refletir, contar até 100 antes de uma decisão importante, entender melhor os próprios sentimentos, reencontrar a serenidade e o equilíbrio quando é preciso. Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o verbo rir. Não há creme antiidade nem botox que salve a expressão de uma pessoa mal-humorada.

Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas do nosso dia a dia. Se for preciso, pegue uma comédia na locadora, preste atenção na conversa de duas crianças, marque um encontro com aquela amiga engraçada, faça qualquer coisa, mas ria. O riso nos salva de nós mesma, cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida.

Quanto à palavra dieta, cuidado: pessoas que falam em regime o tempo todo costumam ser péssimas companhias. Deixe para discutir carboidratos e afins no banheiro ou no consultório do endocrinologista. Nas mesas de restaurantes, nem pensar. Se for para ficar contando calorias, descrevendo a própria culpa e olhando para a sobremesa do companheiro de mesa com reprovação e inveja, melhor ficar em casa e desfrutar sua salada de alface e seu chá verde sozinha. Uma sugestão? Tente trocar a obsessão pela dieta por outra palavra que, essa sim, deveria guiar nossos atos 24 horas por dia: gentileza. Gentileza gera gentileza... Pois ter classe não é usar roupas de grife: é ser delicada. Saber se comportar é infinitamente mais importante do que saber se vestir. Resgate aquele velho exercício que anda esquecido: aprenda a se colocar no lugar do outro e trate-o como você gostaria de ser tratada, seja no trânsito, na fila do banco, na empresa onde trabalha, em casa, no supermercado, na academia.

E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que deveriam ser indissociáveis da vida: sonhar e recomeçar...

“Sonhe com aquela viagem ao exterior, aquele fim de semana na praia, o curso que você ainda vai fazer, a promoção que vai conquistar um dia, aquele homem que um dia (quem sabe?) ainda vai ser seu, sonhe que está beijando o Richard Gere...”

Sonhar é quase fazer acontecer. Sonhe até que aconteça. E recomece, sempre que for preciso: seja na carreira, na vida amorosa, nos relacionamentos familiares. A vida nos dá um espaço de manobra: use-o para reinventar a si mesmo. E, por último, risque do seu Aurélio a palavra culpa. O dicionário das pessoas interessantes inclui fragilidades, inseguranças, limites. Pare de brigar com você mesmo para se tornar perfeito. Pessoas reais são pessoas imperfeitas. E pessoas que se aceitam como imperfeitas são pessoas livres.

Viver não é (e nunca foi) fácil, mas, quando se elimina o excesso de peso da bagagem (e a busca da perfeição pesa toneladas), a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.

Descompliquemos... Desarrumemos a fila indiana... Vivamos intensamente a vida!!!

Uma bem humorada e excelente semana para todos nós!!!

Com afeto,

Beth Landim

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