Dois Técnicos...
bethlandim 13/07/2012 22:29

... Duas equipes...

Duas lições...

Nenhuma estrela, mas uma constelação afinada!

Nesta última quarta-feira quando o Palmeiras sagrou-se campeão da Copa Brasil, os fogos rasgaram o céu em homenagem a bola que correu com toda a magia, nos pés dos jogadores do grande gramado verde no campo de futebol! O mesmo verde do Palmeiras... O mesmo verde da esperança, o verde que faz da persistência e da determinação o diferencial em tudo que fazemos com brilho nos olhos... Dois campeões, duas lições que nos mostram o quanto é importante a simplicidade dos gestos e das relações. O quanto é importante a harmonia da constelação e não apenas o brilho de uma única estrela... Pois são os pequenos gestos imbuídos de uma única mística, um único sonho, que nos movem aos grandes objetivos e ideais.

Vivemos num mundo onde a inversão de valores grita a todo o momento em nossas vidas. Pessoas e personagens se confundem num misto de maquiagem e produção...

A vida moderna nos lança no centro de um grande paradoxo: quanto mais produzimos no mundo externo, menos criamos no mundo interno. É preciso conhecimento interno de nossos objetivos e sonhos e sinceridade em nossas atitudes para que não sejamos imbuídos pela máquina do maquiar, do brilho sem consistência, do marketing vazio.

O uso cada vez mais abrangente da tecnologia em nosso cotidiano exige de nós cada vez mais paciência! Podemos estar (ganhando tempo) tornando o mundo mais veloz, mas estamos perdendo a habilidade de lidar com o nosso tempo interno. Tornamos-nos cada vez mais impacientes. Intuitivamente, podemos saber que algo não vai bem, mas como temos uma urgência interna, estimulada pela aceleração dos acontecimentos, de nos livrar das situações, não temos mais tempo para sentir, compreender e transformar nossas emoções e relações. O esporte nos proporciona um pouco o rompimento da tecnologia exacerbada, pois prova que na hora do jogo tudo depende do humano.

Queremos que o nosso mundo interno, nossas emoções, sentimentos e percepções fluam com a mesma velocidade máxima da internet... Como não toleramos esperar o tempo natural do amadurecimento das nossas emoções, sofremos a dor da impaciência: semelhante a uma queimadura interna... ardemos de ansiedade... e na maioria das vezes atropelamos pessoas e relações! Todos nós, com a inocente esperança de vivermos melhor, assumimos mais compromissos do que podemos administrar e depois nos surpreendemos com o volume de problemas sérios e inesperados que temos de enfrentar. Quando as coisas não funcionam de acordo com as nossas expectativas, temos cada vez menos paciência, nos tornamos mais rígidos e cansados. Por ignorância, insistimos num esforço insensato. De um modo geral, compreendemos erroneamente a virtude da paciência. Frequentemente confundimos ter paciência como engolir sapos. Ser paciente não significa sobrecarregar-se de sofrimento interno, nem estar vulnerável ou ser permissivo com relação as condições externas. Ter paciência não é ser vítima passiva da desorganização. Ter paciência é saber sustentar a clareza emocional mesmo quando o outro já a perdeu e por isso insiste em nos provocar!

Não é suficiente ter uma intenção clara, é preciso desenvolver a força interior para sustentá-la. E foi isto que “Tite” e “Felipão” nos mostraram... Foram pacientes, alimentaram a mística familiar de suas equipes, fizeram o coletivo prevalecer ao individual, a amizade sobrepujar a inveja, ao estrelismo... A persistência e a paciência foram suas aliadas em tempo integral. Sustentaram a clareza emocional em épocas que ninguém mais acreditava em suas equipes... Não esmoreceram, pois bastava que eles acreditassem...

Que possamos ter a simplicidade da bola que rola, do jogar com nossos filhos... o desprendimento do correr atrás da bola, de rolar na grama verde que brilha ao sol, nos permitindo a construção de momentos inesquecíveis... gestos tão pequenos e simples que nos fazem mais gente, mais pacientes, enfim mais humanos...

Meu desejo é que possamos nos alimentar sempre de bons e verdadeiros exemplos, podendo desta forma multiplicar o bem, o correto, o sincero, acima de qualquer maquiagem! Meu desejo... é que tenhamos olhos para ver, ouvidos sensíveis para ouvir e coração limpo para sentir e fazer sempre o melhor em cada gesto nosso a cada amanhecer...

Com afeto,

Beth Landim

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