PM e ex-PM presos como executores de Marielle Franco e Anderson Gomes
12/03/2019 22:20 - Atualizado em 13/03/2019 17:48
Presos como executores
Presos como executores
Às vésperas de os crimes completarem um ano, a investigação sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes deu seu primeiro passo concreto. Em ação conjunta do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), e a Polícia Civil, foram presos, na manhã desta terça-feira, o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz, denunciados pelos homicídios qualificados de Marielle e Anderson e tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, assessora da parlamentar. Os possíveis mandantes ainda não foram identificados.
Segundo a denúncia, as investigações concluíram, por meio de diversas provas, que Lessa foi o autor dos crimes, tendo efetuado os disparos. Elcio, segundo o MP, foi o condutor do Cobalt utilizado para a execução.
Casa de policial preso
Casa de policial preso
Para os promotores, a empreitada criminosa foi meticulosamente planejada durante os três meses que antecederam o atentado. Além das prisões, a operação realiza mandados de busca e apreensão nos endereços dos denunciados para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munições e outros objetos.
Ronnie foi preso em casa, em um condomínio na Barra da Tijuca, onde o presidente Jair Bolsonaro também tem uma casa. Um dos filhos do presidente namorou a filha de Lessa. Em outubro de 2009, o policial perdeu uma das pernas após uma granada explodir dentro de seu carro, em Bento Ribeiro, na Zona Norte. Ele é “ficha limpa” e no mês seguinte aos homicídios sofreu um atentado a tiros também na Barra.
Junto com os pedidos de prisão e de busca e apreensão, o GAECO/MPRJ pediu a suspensão da remuneração e do porte de arma de fogo de Lessa. Também foi requerida a indenização por danos morais aos familiares das vítimas e a fixação de pensão em favor do filho menor de Anderson até completar 24 anos.
A Operação Lume foi batizada em referência a uma praça no Centro do Rio, conhecida como Buraco do Lume, onde Marielle desenvolvia projeto chamado Lume Feminista. No local, ela também se reunia com outros defensores dos Direitos Humanos e integrantes do Psol. Além de significar luz, a palavra lume compõe a expressão ‘trazer a lume’, que significa trazer ao conhecimento público.
Alívio e a pergunta: Quem mandou matar?”
O governador Wilson Witzel, o secretário de Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, e delegados da Delegacia de Homicídios (DH) concederam entrevista coletiva sobre o assunto. Witzel disse que foi uma resposta importante à sociedade: “Esses que foram presos hoje poderão fazer uma delação premiada”, acrescentou Witzel, após falar sobre a comparação dessa investigação com a Lava Jato e a possibilidade de novas fases da investigação do caso Marielle.
Já o presidente Jair Bolsonaro disse esperar que as investigações cheguem ao mandante do crime. Ele também respondeu sobre a foto com um dos presos: “Tenho foto com milhares de policiais civis e militares, com milhares no Brasil todo”, declarou Bolsonaro.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) disse que, apesar das duas prisões dos suspeitos, o caso “não está resolvido”. Amigo pessoal, ex-chefe e companheiro de partido de Marielle, Freixo questionou: “A mando de quem?”.
Mãe de Marielle, Marinete Silva, se disse aliviada, mas ainda espera descobrir quem mandou matar sua filha.
Viúva de Anderson Gomes, Ágatha Reis declarou que agora está mais esperançosa com a elucidação dos assassinatos, mas ressaltou que os investigadores ainda precisam chegar aos mandantes e desvendar a motivação do crime.
A Anistia Internacional divulgou nota pedindo que um grupo de especialistas independentes acompanhe as investigações e o protesto.
A entidade reitera que autores e mandantes do crime devem ser levados à Justiça.
(S.M.) (A.N.)

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