Gestão pública e privada: ou mudamos, ou mudamos!
Robson Colla 08/01/2017 19:28
  Estamos vivenciando, já há algum tempo, profundas mudanças no ambiente de negócios e não apenas uma era de mudanças, mas uma verdadeira mudança de era, o que eu denomino de Revolução Industrial 4.0, e que no Fórum Mundial, em Davos, foi chamado de “Quarta Revolução Industrial”. A verdadeira explosão de inovações tecnológicas está abalando os tradicionais modelos de negócios, criando seguidas disrupções. A velocidade com que o mundo digital permite a expansão de novos negócios não tem similaridades na história. Trinta anos atrás para alcançar um bilhão de pessoas você teria que ser uma imensa corporação como CocaCola. Hoje uma empresa como Uber ou Airbnb alcançam escala global em pouquíssimos anos, com muito menos investimento. Por que isso se torna relevante? Todos os setores de indústria serão afetados, em maior ou menor grau. Os sinais de disrupção estão em toda a parte. Um estudo da Universidade de Yale mostrou que o tempo médio de vida das empresas que era de 67 anos há cem anos, passou a ser de apenas 15 anos hoje. Como lidar com tanta volatilidade, ambiguidade, incerteza e complexidade? Não com um modelo organizacional desenhado para o século 20, típico da sociedade industrial, mas com um novo modelo. Os executivos e gestores públicos não perceberam a amplitude das transformações. E a explicação é simples: estamos acostumados a pensar de forma linear e usamos nossa experiência passada recente como intuição do futuro. Como a velocidade das transformações é exponencial, o gap entre o que imaginamos ser o futuro e o que ele será, é imenso. Qual o impacto de continuarmos a pensar linearmente em um mundo de mudanças exponenciais? Uma previsão de futuro totalmente errada! E, com isso, decisões empresariais e políticas centradas em um mundo que não vai mais existir; completamente desconectadas da realidade. Dentro da nova realidade, as bases de sustentação do cenário competitivo rompem-se totalmente e a competição vai para um patamar totalmente diferente, como novas regras e modelos de negócio. Um exemplo típico é o WhatsApp que simplesmente destruiu o lucrativo negócio de SMS das operadoras de telefonia celular em poucos anos. As mudanças já estão acontecendo. A rápida e exponencial evolução tecnológica está transformando industrias e criando concorrências inesperadas. À medida que a Internet e a tecnologia se dissemina pela sociedade, elas mudam dramaticamente o contexto estratégico: altera a estrutura da competição, a maneira de fazer negócios e elimina fronteiras entre setores de indústria antes distintos. Desagrega cadeias de valor estabelecidas e cria outras, movidas por novos entrantes que jogam outro jogo. Estas escalam mais rapidamente e a menor custo que as empresas existentes, criando um cenário competitivo inteiramente desconhecido. Já começamos a ver sinais de mudanças radicais no conceito de emprego e provavelmente a criação de inúmeras novas profissões. Talvez daqui a 25 anos ninguém mais comemore 25 anos de atuação na mesma empresa. E muito provavelmente não permanecerá 25 anos na mesma profissão. Uma comparação emblemática de como os cenários estão em transformação: em 1990 as três maiores companhias automotivas americanas tinham, combinadas, uma capitalização de mercado de US$ 36 bilhões, receitas de US$ 250 bilhões e possuíam 1,2 milhão de funcionários. Em 2014, as três maiores empresas do Silicon Valley tinham um valor de mercado de US$ 1,09 trilhão, geravam praticamente a mesma receita, US$ 247 bilhões, mas tinham cerca de 10 vezes menos funcionários, em torno de 137.000. É claramente uma mudança de paradigma. Veículos autônomos e blockchain vão mudar a base de sustentação de muitos negócios sólidos e em dez a quinze anos provavelmente os bancos como conhecemos hoje serão bem diferentes. E talvez nem consigamos mais caracterizar de forma separada empresas de setores hoje distintos como GM, Uber, Localiza e Porto Seguro Seguros. Claro que ainda existe um longo caminho a percorrer. Temos ainda um conjunto de tecnologias que precisa amadurecer e a falta de uma regulação que entenda e absorva o poder disruptivo da tecnologia e por aí vai, mas essa revolução já é um fato cotidiano em nossas vidas. Imaginemos a Internet em 1997. Alguém, naquela época a imaginaria como hoje, com tecnologias como o smartphone permitindo que ela estivesse no nosso bolso e fizéssemos praticamente tudo, de uma transação financeira a um check-in de voo, da busca de um melhor trajeto a localizar qualquer informação que esteja disponível em qualquer lugar do mundo? Portanto, não espere as coisas acontecerem. Elas acontecerão. Comece a dar os primeiros passos na transformação do negócio.

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