Novela da cassação Campos passou a tarde de quinta-feira (27) sem prefeito. A decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sobre a cassação dos diplomas de Rosinha Garotinho (PR) e Dr. Chicão (PR) na última segunda-feira (24) chegou ao conhecimento da Câmara por meio de um documento expedido pelo juiz Eron Simas, da 99ª Zona Eleitoral. A informação, para quem pouco ou nada entende do meio jurídico, parecia clara: rei morto, rei posto. Era o momento de dar posse ao novo, e interino, prefeito.   Embromação E parecia até que o novo prefeito chegaria. Edson Batista (PTB), aliado histórico dos Garotinho, convocou a imprensa para uma coletiva às 19h, na qual explicaria os rumos do Executivo e do Legislativo mediante à decisão da Corte Regional. Nesse meio tempo, o jurídico rosáceo assumiu que houve a cassação da prefeita e começou a tentar uma liminar para que ela recorresse no cargo. À noite, o político que está às vésperas de se aposentar, anunciou que a Procuradoria da Casa entendeu que nada deveria ser feito. Não assumiria sem que fosse por ordem expressa da Justiça.   Suspensão em parte Pouco minutos depois de Edson dizer que não assumiria a Prefeitura até que se esgotassem todos os recursos aos quais Rosinha tivesse direito, o ministro substituto do TSE Og Fernandes deferiu a liminar e suspendeu a cassação imediata. Quem levou mais de 72 horas para reconhecer o que determinou a Corte Regional, não esperou minutos para festejar nas redes sociais a liminar obtida em Brasília. E Rosinha voltou a ser prefeita de Campos.   Condenação valendo O advogado Jonas Lopes de Carvalho Neto, que defende a prefeita de Campos, é enfático ao destacar que a liminar suspende apenas a decisão que cassava Rosinha imediatamente do cargo em Campos. Não está anulada, contudo, a condenação. O que a prefeita ganha é tempo para recorrer sem deixar de exercer o cargo para qual foi reeleita em 2012.   Um fim melancólico Recursos jurídicos à parte, o governo Rosinha vai chegando ao fim de forma melancólica. Na disputa eleitoral deste ano, mesmo com a máquina pública na mão, os rosáceos foram derrotados no 1º turno, não chegando sequer aos 30% dos votos válidos. E ainda tem as investigações que apuram um “escandaloso esquema”, conforme classificado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), da troca de Cheque Cidadão por voto. Rosinha, assim como Chicão, são réus nesse caso, além de outros 37 vereadores do grupo, dos quais 11 eleitos.   Por onde ela anda? Por falar em vereadores, a ex-secretária particular da prefeita e eleita para a nova composição da Câmara, Linda Mara (PTC), continua foragida da Polícia Federal. Um mandado de prisão foi expedido contra ela na última quarta, quando deflagrada a segunda fase da operação Chequeinho. No entanto, ela não tinha sido encontrada, nem se entregou à PF até a noite de ontem. Por onde ela anda? Ninguém sabe. Já os vereadores Ozéias (PSDB), Miguelito (PSL) e Kellinho (PR) continuam presos. Todos dentro da Chequinho.   Impedido O vereador Thiago Virgílio (PTC) também é investigado no “escandaloso esquema”. No caso dele, não houve prisão, mas o impedimento de entrar na Câmara e também em qualquer órgão da Prefeitura. É a prova que a delegada da PF Carlo Dolinski tem razão em dizer que a investigação ainda vai durar muito, já que a cada dia aparecem fatos novos. Falta ainda chegar ao mandante, mas Dolinski já avisou que está apurando quem é essa pessoa.   Loteamento Um fato relevante nos depoimentos prestados por testemunhas à Polícia Federal dentro do investigações da operação Chequinho é o loteamento de vereadores por região. Segundo as testemunhas, cada candidato tinha seu reduto loteado para distribuição do benefício social sem a avaliação técnica necessária. Um esquema não só “escandaloso” como apontado pelo MPE, mas, caso confirmadas as denúncias, também muito organizado.   *Publicado na edição desta sexta-feira (28) da Folha da Manhã