Foi correta a decisão da Justiça Eleitoral hoje, através do juiz Eron Simas dos Santos, suspendendo o pagamento de Cheque Cidadão a todos os beneficiários cadastrados a partir de 01 de junho, bem como a proibição de novas inclusões no programa de transferência de renda até o final das eleições. Assim fica garantida a lisura do pleito.

A sentença, a qual cabe recurso, foi publicada em primeira mão aqui, no blog Na Curva do Rio, da jornalista Suzy Monteiro, que vem liderando a apuração na cidade sobre o assunto desde o início. No período pré-eleitoral e eleitoral o número de beneficiários do Cheque Cidadão aumentou 12%, passando de 11.452 em março para 12.954 em agosto, um acréscimo de 1.412.

Os dados estão na sentença do juiz, que alerta ainda para a existência de uma lista clandestina da VALECARD com impressionantes 30.469 beneficiários do Cheque Cidadão, uma diferença absurda de 17.000 pessoas. A Prefeitura de Campos emitiu nota oficial (confira aqui), na qual não explica nem o aumento de beneficiários, nem a lista clandestina.

Como opiniei aqui em nota ontem, os programas de transferência de renda, como o Cheque Cidadão, Vale Alimentação e Bolsa Família têm até um objetivo nobre no seu conceito, mas são quase sempre usados como moeda eleitoral para virar voto e se perpetuar no poder, desviando de sua finalidade.

O "escandaloso esquema", forma que o Ministério Público se referiu ao caso do Cheque Cidadão em Campos, se repete, infelizmente, país afora em programas do gênero. Hoje foi publicada a notícia (confira aqui) que beneficiários do Bolsa Família, teoricamente sem acesso à renda sem o programa, doaram módicos R$ 16 milhões para campanhas políticas em 2016.