Um Mito para Chamar de Seu
Nino Bellieny 14/09/2016 13:08
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Por Guilherme Fonseca Cardoso
É praxe na política críticas em relação à conduta de chefes de governo e de suas gestões. A rivalidade política muitas vezes, que poderia servir como instrumento de fiscalização construtiva, fica de lado, promovendo um resultado inverso.
Torna-se tempero para desmerecer conquistas, omitir méritos e incentivar a desonestidade intelectual, contaminando a opinião pública.
Há os que preferem criar seus “mitos” particulares. “Mito”, entende-se como aquele líder político escolhido para ser endeusado e protegido, mesmo não fazendo jus sob o aspecto administrativo, político e moral. Entende-se como moral, sua conduta enquanto pessoa pública e a lisura com que trata a coisa pública.
Criar um “mito” para chamar de seu é complicado e no mínimo imprudente. Ao se prender cegamente aos “mitos”, abandona-se os resultados que a administração municipal, estadual ou federal deva oferecer.
Na política do interior isso é perceptível, pois o líder político se relaciona mais diretamente com um número maior de pessoas, considerando a proporção de de habitantes e consegue construir mais profundamente esses lanços, conquistando paixões, ainda mais quando são profissionais de setores com grande apelo social.
Esse clima personalístico em excesso que o ambiente político cria acaba por ofertar sempre mais do mesmo ao eleitor, que perde a referência do que ele realmente espera da administração da sua cidade. Passa a se contentar com pouco e as referências de resultados são cada vez mais questionáveis.
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Com o fim do direito a recandidatura para cargos do executivo a tendência, a meu ver, é que diminua um pouco esse ambiente, pois a renovação política pressionará os partidos a apresentarem novos nomes e alternativas, ofertando ao debate novas ideias e opções diferentes.
Quando o eleitor se prende em “mitos” que ele mesmo criou ou foi induzido a crer, acaba perdendo, por exemplo, a sensibilidade de avaliar as propostas dos candidatos e suas ações como agentes políticos.
O debate político é esvaziado em relação às políticas públicas e perde-se um enorme tempo ofendendo e respondendo à ofensas pessoais.
Certamente, não são todos os eleitores que agem desta forma. Muitos ficam quietos, observam, fazem até comentários demonstrando uma análise do processo político mas sem sentenciar, sem paixões cegas. São prudentes.
Esses eleitores certamente percebem esse clima “mitológico” e hão de convir que no fim o que se inova nos embates políticos é próximo de nada.
A cultura do “mito” tem a capacidade de se fazer perder o bom senso a respeito dos candidatos, sobre a situação política, inclusive histórica, colocando em segundo plano questões de relevância para o debate político e para o futuro da gestão.
Guilherme Fonseca Cardoso é arquiteto urbanista e especialista em gestão pública.

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