O Eterno Soldado
Nino Bellieny 01/03/2016 09:02
MEMÓRIAS DE UM RECO
Por Emmanuel  Rodrigues de Freitas
Cada momento que vivi vestindo a sagrada farda verde-oliva do Exército Brasileiro, volta sem avisar, quando tenho qualquer referência sobre o quartel onde servi durante um ano, um dos melhores anos da minha vida. Começava 1976. Eu chegava ao 56 Bi cheio de medos e inseguranças, era a 1ª Turma, iríamos ser o exemplo para todos os que viesse depois de nós. Eu tinha medo sim, mas, movido por uma vontade imensa de servir à patria e uma vibração incontida. Ao ver a bandeira do meu país tremulando, ao presenciar desfiles militares, desde criança eu  me emocionava a ponto de chorar. Chorar é o que faço ao tentar descrever os meus distantes dias de longas marchas, treinamentos, ordem unida, lida com o fuzil, prática com vários equipamentos, tirar serviço nos finais de semana, ser sentinela nas guaritas e tantas coisas mais. Lembrar dos amigos, irmãos camaradas, dos oficiais aos praças, todos unidos pelo espírito de corpo que os  bons soldados sabem como poucos cultivar.
Já nos meus primeiros dias, ao arrumar a minha mochila, achando complicado de ajeitar tudo dentro, estava agachado, notei a chegada de alguém. Quando percebi que era um par de coturnos de zíper, me levantei rapidamente, para prestar continência, pois, sabia que era um oficial. Ele me tranquilizou, orientou como eu deveria fazer e nascia ali uma grande amizade com o então Tenente, Elber Vignolli Muniz. Tantos outros nomes, me surgem na cabeça. Como os do Capitão Fraga e do Coronel Fragomeni, esse, o primeiro comandante do batalhão. Impunha respeito a presença daquele experiente oficial, suas ordens do dia eram uma lição de amor ao BRASIL e ao Exército. Servi na mesma Cia, com grandes cidadãos, como Gildo Henrique, uma das figuras cultas da nossa Campos atual.
 
Me recordo de um dia, em que estava de serviço na guarita e passou um elemento pela rua em frente, xingando sem dó, as Forças Armadas. O Tenente do dia, Cabral, nos ordenou que fossemos atrás.  Prendemos o sujeito às margens do Rio Paraíba e ele foi encaminhado às autoridades civis, depois de ouvir um sabão do Tenente.
Naquele tempo, a gente morava dentro do quartel. Somente ia à minha casa em Morro do Côco em alguns finais de semana, ou às quartas-feiras. Eu estava começando o meu namoro com a Lena, com a qual me casaria 03 anos depois, e misturava todas as emoções. Medo, saudade dela,  dos meus pais, do lugar, muita paixão, tudo se complicava, mas, o Exército me deu disciplina, força de vontade, resistência psicológica, experiência de vida que em nenhum outro lugar eu teria.
 
Eu entrava no ônibus da hoje extinta Viação Gargaú dirigido pelo Seu Augusto já pensando na volta. Em casa sentia saudade do quartel, no quartel sentia saudade de casa, isso passado os o3 primeiros meses, quando a farda grudou de vez na pele e eu nunca mais deixaria de ser um 56. Fui o 1º Estafeta do Batalhão motivo de muito orgulho.  Tive comportamento exemplar,saí na primeira baixa, mas, se não fosse pelo fato de ter que voltar para Morro do Côco e ajudar ao meu pai no Cartório, eu teria permanecido por mais tempo, muito mais.
Quem permanece em mim é o Exército Brasileiro. É o verde-oliva, é o grito de Hurra! BRASIL! Em todas as vezes em que passo pela BR-101 ao chegar à Campos, o olhar se volta à esquerda, direita, volver! Vou ver de novo meus companheiros correndo, pulando, rastejando, atirando, perfilando, conversando, jogando, brincando, aprendendo o que na vida nos seria útil por todo o sempre. Quem permanece em mim, é o 56º BI, o Batalhão de Infantaria mais querido do mundo.
 
Tem dias que eu acordo no meio da noite pensando que estou atrasado para alguma tarefa a ser feita e que não posso falhar na minha missão. Quando vejo que era só um sonho, fico triste, não estou no meu 56, não estou com a farda, mas, sou feliz assim, lembrando o que vivi com muita honra, o que senti e sempre sentirei, isso ninguém tira da gente, vai conosco pelas trincheiras eternas e balança ao vento como bandeira em dia de desfile.
manu
Soldado Freitas Sd Freitas, 122
CIA DE COMANDO DE SERVIÇO.

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