Vícios politiqueiros têm de acabar
Arnaldo Neto 03/01/2016 12:51
ChargeeO ano de 2016 chegou com um desejo quase unânime: mudança. Sim, 2015 não foi um ano fácil. Crise política e econômica, estiagem, caos na saúde, problemas com transporte público, educação e diversos setores administrativos de todas as esferas governamentais. Vimos esse cenário confuso em Brasília, no Estado do Rio e no município no qual vivemos. Na demagogia politiqueira, pode se dizer que tudo faz parte da “conjuntura”. Mas, sabemos bem, não deve ser tratado assim. Um município como Campos, por exemplo, que por anos gozou de royalties polpudos e até hoje não viu investimentos que justifiquem o esvaziamento dos seus cofres, não pode se achar no direito de lamentar a “conjuntura” de crise como Belágua, no Maranhão, a cidade mais pobre do país de acordo com o último Censo. Por aqui faltou planejamento e gestão; por lá, recursos. Todos sabem que royalties do petróleo podem ter fim e deveriam ser usados para melhorias para o município devido ao impacto da exploração. No entanto, teve gente que usou esses recursos para outros fins, não o do interesse público. Houve erros, e muitos, em outras esferas governamentais? Não há dúvidas! Como também não as há com relação à falta de responsabilidade da gestão municipal à época das “vacas gordas”. Se hoje é fácil jogar na conta da atual “conjuntura” as obras paradas, faltam argumentos e explicações para o tempo pelo qual as mesmas perduram. A dinastia Garotinho não teve recurso suficiente para concluir (aqui) a promessa da matriarca, em campanha para o seu primeiro mandato, de concluir as 10 mil casas populares do “Morar Feliz”? E o importante Hospital São José, não foi concluído (aqui e aqui) por falta de recurso ou de vontade? Enquanto isso, fiquem felizes campistas, a administração gastou quase R$ 17 milhões seus para inaugurar (aqui) a “Disney goitacá”. Só não se iluda: tem que pagar para entrar e para estacionar seu veículo em lugar seguro. Um presentão de Natal para o povo. São necessários princípios para mudar uma cultura politiqueira na qual município está afundado há quase três décadas. E sugestões do que deve ser feito não são poucas. Faltam, apenas, aos interessados em assumir a gestão do município que se comprometam com tais propostas. O uso dos royalties para uma administração clientelista, encharcando a máquina pública como forma de barganha eleitoral ou em incontáveis aditivos para as obras intermináveis, sempre nas mãos de empresas que financiam suas campanhas, não dá mais certo. A política populista do pão e circo, também não. Programas assistenciais não são moedas de troca. Remédios distribuídos gratuitamente, também não. De nada adianta custear projetos paternalistas e depois mandar cobrar a conta com santinhos eleitorais e obrigação da colocação de placas de candidatos x ou y na frente da casa. Os programas governamentais têm que ser pensado para a gestão atual e, principalmente, para o bem comum. Não como forma de cobrança para o pleito seguinte. Mandar essa conta para o povo campista também não tem dado muito certo. Prova disso? O pleito de 2014, no qual teve coronel que viu a vaca ir para o brejo onde já foi seu curral eleitoral. Daí em diante, as cobranças pararam de ser eleitoreiras e simbólicas. Foi preciso “vender o futuro” (aqui) e, se ainda não bastasse, tirar mais do contribuinte (aqui) para tentar equilibrar as contas, indubitavelmente mal geridas em épocas de cofres cheios. Este ano é de reflexão, de escolhas. A contar de hoje (3 de janeiro de 2016), são 272 dias para pensar em quem escolher para planejar as ações do seu município pelos próximos quatro anos. Que seja alguém com princípios, com coragem para se desvencilhar dos vícios eleitoreiros tantas vezes repetidos por aqui. A escolha é sua, com o poder do voto! A conta a pagar por ela nos próximos quatro anos, essa será de todos! *Publicado na edição deste domingo (3) na Folha da Manhã.

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