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OS DESAFIOS DAS ELEIÇÕES 2016
Por Guilherme Fonseca*
O ano de 2016 será um ano de muitos desafios na política. Dos partidos políticos será exigido a dose certa entre renovação e responsabilidade. Em outras palavras, apresentar alternativas, nomes que tragam consigo algum sentido de esperança aos eleitores, porém essa esperança não poderá vir acompanhada de promessas vazias, acordos escusos que promovem o inchaço da máquina pública, grande responsável pela desvalorização dos servidores e pela piora dos serviços públicos.
Por mais que alguns setores políticos tentem minimizar a crise que o país atravessa, a realidade que bate a porta das pessoas não deixa por menos.
Aos partidos caberá a tarefa de se reorganizarem para apresentarem o maior número de candidatos, principalmente, aos cargos majoritários, que consigam motivar a população.
Não bastam discursos apontando erros, soluções se fazem necessárias. É preciso maturidade política também para se colocar no lugar dos gestores de maneira a reconhecer que os desafios são muitos e nada se resolve de um dia para outro.
Candidatos que visitarão as casas dos eleitores no próximo ano, apontando os muitos problemas vividos no dia a dia das famílias brasileiras jamais poderão se esquecer que a cada palavra dita em prol do futuro, alguma esperança se cria em cada um desses eleitores e é preciso prudência, pois o dinheiro está curto enquanto os problemas se multiplicam.
Prefeituras do interior, geralmente, não possuem sequer uma boa estrutura para planejar e desenvolver projetos, porque falta recursos humanos nestes setores cruciais, onde muitos problemas são históricos. Sem planejamento não há projeto, sem projeto não há recursos, sem recursos não há investimentos e sem investimentos não há desenvolvimento.
A margem de investimentos das prefeituras do interior não permite voos altos. Entra governo, sai governo, entra um grupo político, sai, depois assume o grupo opositor e poucas são as mudanças nas práticas governamentais e quase nada diferencia uma gestão da outra. Isso tem levado as pessoas a perderem a autoestima pelo lugar onde vivem e isso é grave. Não há expectativas para longo prazo. A meta de muitos é deixar o interior pois não há empregos e nem expectativas.
Sabemos que nem tudo depende da administração pública, mas ela tem papel fundamental nas transformações e precisa de líderes que assumam este compromisso de médio e longo prazos, abandonem a velha política e assumam a vanguarda, sempre com os pés no chão e olhos no futuro.
Para que as coisas cresçam e apareçam também é necessário transparência, muitas conversas. O diálogo é o melhor remédio para aparar arestas políticas e convergir ideias, afinal de contas, quem estiver pensando no coletivo e não em si, com certeza estará de coração quente e mente fria para compartilhar soluções.
A valorização do serviço público neste processo de reciclagem política é tão importante quanto a responsabilidade fiscal, pois não há gestão pública de sucesso sem a parceria com o funcionalismo público. Sem eles, os gestores poderão muito pouco ou nada. Os servidores são a alma do negócio. É através deles que chegamos na população.
Torço, sinceramente, para que em 2016 seja uma eleição pé no chão, que os candidatos a prefeitos, vice-prefeitos e vereadores tenham a sensibilidade para avaliar o momento político e o quanto as políticas públicas em âmbito municipal impactam as políticas públicas de âmbito regional e nacional. Somos um país urbano. Mais de 80% dos brasileiros vivem em cidades, por essa, basta dizer que, um novo Brasil começará das cidades, se cada prefeito fizer a sua parte, muito já estarão fazendo pelo nosso povo brasileiro.
*Guilherme Fonseca Cardoso é Arquiteto Urbanista