Resenha sobre os ultra-elites
Marcos Almeida 17/11/2015 15:09
2014 BMW / Berlin Marathon Berlin, Germany Sept 28, 2014 Photo: Victah Sailer@PhotoRun Victah1111@aol.com 631-291-3409 www.photorun.NET

Alguns "causos" sobre a Maratona e seus desafiantes de outros planetas.

Geoffrey Mutai (2h03m02s em Boston/2011 e 02:04:15 em Berlin/2012, seu PB oficial) não tem dúvida de que correr 26 milhas e 385 jardas (42km195ms) em menos de duas horas é fisicamente possível. O desempenho, ele acredita, está dentro de seu próprio corpo. Ele sabe que, no conjunto certo de circunstâncias, as pessoas podem correr muito mais rápido.

Quando Haile Gebrselassie (2h03m59s em Berlin/2008) correu sua primeira Maratona em Londres (2002), ele pediu para os pacemakers que corressem a meia maratona num tempo de 62:30 (ele desistiu da prova por problemas respiratórios). O assombro foi generalizado!

Havia uma crença de que, se um corredor, mesmo tão talentoso como Gebrselassie, fosse começar tão rápido, ele iria inevitavelmente "explodir" na segunda metade da corrida e certamente lhe faltaria energia.

Em 2012, na reunião técnica pré corrida em uma sala de conferência em Berlim, ao meio dia, um dia antes da Maratona, foi confirmado que Mutai tinha pedido aos coelhos para levá-lo com o tempo de 61:30 nos primeiros 21km. Nenhum atleta na história desta distância tinha feito um pedido por uma fração tão rápida.

Para se ter uma ideia do susto dos outros corredores, Jan Fitschen, um maratonista alemão no auge da forma - ganhou, entre outros prêmios, o ouro nos 10.000m no campeonato Europeu - foi perguntado sobre a divisão que Mutai tinha solicitado, onde fez um som desconhecido, em algum lugar entre um riso e tosse.

Poucos minutos depois, quando a reunião terminou, ele saiu balançando a cabeça e sorrindo. Fitschen esperava para correr a primeira metade da corrida em 67 minutos. A diferença era um oceano.

Em muitas Maratonas, organizadores empregam pacemakers, ou "coelhos" atletas, que por razões de calendário, finanças ou talento, são pagos alguns milhares de dólares a cada um para correr apenas uma parte limitada da corrida, garantindo liderança a determinado atleta e num desejado ritmo, assim como alguma proteção contra o vento.

Os coelhos são geralmente pagos por distância: alguns correm a meia, outros os 25km, e os mais fortes para 30km ou 32km.

A partir do ano de 2012, os ultra-elites nesta distância não são mais considerados os que tenham a clássica resistência pura, mas sim a agora tão valorizada resistência de velocidade, o que muda diametralmente os métodos de treinos.

E pelo que temos visto, em breve, muito em breve mesmo, teremos tempos mais baixos que os atuais. O sub 2:00 vislumbra cada vez mais perto.

Bons treinos!

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    Marcos Almeida

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    Marcos Almeida é assessor esportivo, especialista em Ciência da Musculação e mestre em Ciência da Motricidade Humana.

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