Neco: Não sou e nunca serei boneco de ninguém
Arnaldo Neto 22/03/2015 11:30
[caption id="attachment_1358" align="aligncenter" width="640"]necooo Prefeito fala de polêmicas no seu governo e planos para 2016. Foto: Paulo Pinheiro[/caption] O prefeito de São João da Barra, José Amaro de Souza Neco (PMDB), já se posiciona como pré-candidato à reeleição. Nas redes sociais, Neco tem feito declarações polêmicas nos últimos dias e assiste à formação de um grupo que pede a sua saída da Prefeitura, o qual ele atribui à influência de sua ex-aliada e provável adversária em 2016, Carla Machado (PT). Neco fez um balanço da sua administração, fala sobre projetos administrativos e políticos, além de comentar sobre o racha com Carla, com o vice-prefeito Alexandre Rosa (PMDB), o presidente e o vice da Câmara de SJB, Aluizio Siqueira (PMDB) e Alex Firme (PMDB), e a chegada de ex-oposicionistas para o seu grupo político. A entrevista foi publica na edição deste domingo (22) na Folha da Manhã, os detalhes do racha entre Neco e Carla, na versão do atual prefeito, você confere aqui. Folha da Manhã – Você afirmou, no Facebook, que sua administração teve que enfrentar pessoas que só querem atrapalhar o governo e “viciadas em vantagens ou em desvio”.  É uma acusação grave. Como isso foi identificado e qual foi o procedimento com quem agia dessa forma? Neco – Por exemplo, quando eu assumi o governo, tinha aqui um chefe de gabinete do governo passado e até os móveis do gabinete sumiram. Tinha um jogo de sofá branco, desapareceu e ninguém encontra. Pedi ao Cerimonial para procurar onde estavam esses móveis e ela (Carla Machado, ex-prefeita) falou que o ex-chefe de gabinete disse que eram dele. Se estavam na Prefeitura há anos, por que ele levou? Por isso que eu coloquei na minha postagem sobre pessoas que tinham desvios. Aí eu exonerei. E procurei o processo da compra do material. Não achei o processo e ele (chefe de gabinete da gestão passada) falou para o pessoal do Cerimonial que foi comprado por outros meios. Folha – Na Câmara, você já teve o apoio de todos os vereadores. Hoje, três são de oposição. Esses foram eleitos no seu palanque e, exceto Ronaldo Gomes (Pros), os outros compõem a mesa diretora por indicação sua: o presidente Aluizio Siqueira e o vice, Alex Firme, seu líder na Casa no primeiro biênio. O que motivou esse racha? Neco – Na verdade o racha não fui eu que motivei, foram eles. Alex, por exemplo, vivia na minha casa todos os dias. Eram pedidos em cima de pedidos e eu sempre atendendo da melhor maneira possível. Sendo que, no momento que eu mandei uma mensagem para Câmara (o reajuste do IPTU, reprovado pelos nove vereadores), ele estava junto com o governo e batendo no governo na Câmara. Qual é o dever do líder do governo? Defender o governo, mostrar as coisas certas, como o governo está caminhando, mostrando a realidade. Porque, na verdade, não é bem defender, é mostrar a realidade. E ele não estava fazendo esse papel, estava fazendo oposição. Quando eu mandei a mensagem para Câmara, Alex foi o primeiro a chamar os vereadores para votar contra. Ele passou a não ser mais meu líder e caminhou para oposição. (Nessa mensagem do IPTU), havia um combinado feito em uma reunião na minha casa. O governo anterior contratou uma empresa para fazer o novo cálculo do IPTU. Essa empresa trouxe os cálculos muito altos, porque a defasagem é de muitos anos. Com certeza, a população iria reclamar muito dos valores porque, devido à defasagem de mais de 30 anos, o valor ficou muito alto. A Câmara me procurou, sentei junto com eles e falei que foi uma empresa contratada pelo poder público municipal. Eu não poderia contratar outra, porque daria duplicidade na contratação. Eu falei que o único meio que tínhamos para sair, era a Câmara votar emendas para baixar o valor do IPTU. E ficou combinado, um desconto de 80% no valor territorial e 75% no predial. Ficou tudo certo, mas na Câmara fizeram tudo ao contrário. Não votaram. Hoje está aí uma defasagem, Tribunal de Contas cobrando, sendo que hoje a responsabilidade não é minha. Eu mandei para Câmara, que não aceitou sequer fazer emenda e reprovou. Folha – Enquanto partidários se distanciam, adversários do pleito anterior têm se aproximado do governo. Entre eles, os ex-vereadores Gersinho Crispim e Zezinho Camarão, além do vereador Kaká (PT do B). Esse grupo já está fechado para apoiar o prefeito em 2016? Neco – Está fechado, (entre os que apoiam o prefeito atualmente) só não está fechado ainda com a Soninha Pereira (PT) e o vereador Franquis Areas (PR). Estamos conversando com o PR aqui de São João da Barra. Tenho quase certeza que vamos ficar juntos. Folha – O vice-prefeito Alexandre Rosa afirmou que não faz parte do seu grupo. Ele disse que o afastamento foi por não concordar com “seu perfil de administração”. E você, como define sua relação política com Alexandre? Neco – Alexandre é um cara que eu gosto, é meu vice-prefeito hoje. Só que, desde o início, ele não quis acompanhar o nosso lado político. Ele é fiel à ex-prefeita. A ex-prefeita rompeu comigo, por vários motivos. Ela queria administrar no meu lugar e que eu só assinasse. Tudo que ela me pediu no início do governo eu dei, que foi a secretaria de Planejamento com todos os cargos. Só que ela queria que tudo passasse pelo Planejamento e que eu não tivesse o poder perante os secretários. Com isso, chamei os secretários para perto. Ela não aceitou e rompeu comigo. Alexandre a acompanhou. Portanto, nas eleições para deputado, ele não quis seguir o PMDB. Quis seguir o lado político da ex-prefeita. No início, todos da oposição, praticamente, achavam que eu iria ser um boneco. Não sou boneco de ninguém e nunca vou ser. Antes, era Carla que ia mandar no meu governo. Quando ela rompeu comigo, era Ranulfo Vidigal, depois o professor Antônio Neves. E hoje, quem é que vai mandar no meu governo? Eu tenho meu pensamento próprio, sei o que quero para São João da Barra. Jamais ninguém vai mandar no meu governo. Nem tirar o direito de eu fazer um trabalho honesto, um trabalho sério pela minha terra. Folha – Com o afastamento, já existe nome para compor sua chapa de candidatura à reeleição? Neco – A política nós vamos discutir lá na frente.  Folha – Você anunciou cortes de até 25% nos contratos com empresas. Onde essa retenção de despesa vai acontecer? São João da Barra está preparada para enfrentar a já anunciada queda de arrecadação dos royalties? Neco – Eu sei da crise que o país está passando. Se eu não tivesse governado os dois primeiros anos com mão de ferro, tentando economizar o máximo que eu pude economizar, não teria agora nenhum recurso para fazer obras. Estou com um pacote de obras já para ser licitado. Sei da crise que o país está passando, sei da queda de receita tanto na parte federal, quanto na parte estadual, a queda dos royalties. Isso abalou muitos não só São João da Barra, como todos os municípios do estado do Rio de Janeiro e até mesmo do nosso país. Estive em Brasília e pude perceber de perto a situação que todos os municípios estão passando. Lá estavam os presidentes das associações dos prefeitos e o dos vereadores do Brasil, todos em desespero. Os corredores do Congresso estavam cheio de pessoas, todos com reivindicações. Nós temos aqui o projeto das 460 casas populares, que está redondinho, já está na Caixa Econômica. Mas a presidente cortou toda parte de recursos para municípios e estados. A única maneira que encontramos, foi através de emendas dos deputados. Eu encontrei o deputado Índio da Costa (PSD), que comprou a nossa ideia, que pediu que encaminhasse o projeto e que vai colocar no ministério das Cidades. Folha – A criação do seu grupo político fez acender boatos de uma possível reforma administrativa, para inclusão dos seus novos aliados no staff. Isso está previsto? Neco – Eu poderia colocar alguns deles no meu staff, mas até agora não tenho esse pensamento. Se for necessário, vou colocar. Não vou ficar com pessoas dentro do governo, trabalhando e atrapalhando. Eu sofri muito. Levei oito meses aguardando a ex-prefeita, tentando de tudo para que continuássemos juntos. Não teve como. A última vez que ela esteve comigo, ela gritou que quem me colocou na Prefeitura foi ela e eu tinha que fazer o que ela queria, e acabou. E eu falei que tenho Ministério Público, tenho Tribunal de Contas, tudo pra me fiscalizar. Ela falou que não queria saber nada. Na verdade ela queria me ver preso. Aquelas pessoas que não quiserem comungar na cartilha do governo, não vão ficar dentro do governo. Aí, se for necessário eu pegar algum um desses que vieram para nos apoiar, não tenho discriminação com ninguém. Quando eu venci as eleições, eu passei a ser prefeito de todos. Não vou discriminar liderança política que veio de outro palanque, porque não foram do nosso grupo. Eu acho que nós temos que valorizar o sanjoanense, não importa de qual lado político seja. Folha – A relação com a ex-prefeita Carla Machado azedou no início do seu mandato. No entanto, em junho de 2013, ela foi homenageada por você. Antes de se tornar público o fim da aliança política, aconteceram tentativas de reaproximação? Como aconteceu o racha? Neco – Várias pessoas da Prefeitura fizeram de tudo para fazermos as pazes. O racha começou sem eu saber como estava começando. Ela disse (em janeiro de 2013) que estava muito zangada e que precisava conversar urgente. Combinamos no dia seguinte, no apartamento dela, em Campos. O meu pensamento sempre foi em grupo, era organizar o município do meu jeito nos meus quatro anos e depois ela poderia vir candidata à prefeita e eu estar como vice. Confira a resposta completa aqui. Folha – Existe a possibilidade de Neco e Carla juntos em 2016? Neco – É inviável. De maneira nenhuma. Folha – Com as divisões no PMDB sanjoanense, surgem especulações com relação aos nomes que seguirão na legenda. Você é pré-candidato à reeleição. Será pelo PMDB ou um grupo liderado por Aluizio Siqueira poderia ficar com a legenda? Sou candidato pelo PMDB. Já conversei com Leonardo Picciani (líder do PMDB na Câmara Federal) em Brasília e estarei conversando nos próximos dias com o pai dele (Jorge Picciani, presidente do partido no Rio). Eu sempre fui fiel ao lado que estou. Não vivo pulando de galho em galho. Com certeza, vou ser candidato pelo PMDB. Folha – Surgiu um movimento em SJB, que se intitula apartidário, que pede o “fora Neco”. Como você encara essa situação? Neco – Eu encaro normalmente, porque sei que é política. Na minha administração, o que tenho feito até agora, é organizar, planejar, fazer com que as coisas possam acontecer. Tudo isso que está acontecendo é partidário, é orquestrado pela ex-prefeita. As próprias pessoas que estão na direção disso, são pessoas que estão tendo reunião com ela frequentemente. Eu não tenho medo, porque sou sanjoanense. E a população pode ter certeza que vou fazer muito por SJB. Deixa preparar o movimento que quiserem, estou aqui friamente e com a cabeça tranquila porque quero trabalhar pelo município. Folha – Seu governo é muito cobrado pela não conclusão de obras herdadas da gestão anterior. Você disse que herdou um “abacaxi”. Dois anos e três meses à frente da Prefeitura, esse abacaxi já foi descascado? Neco – Estamos descascando aos poucos. Por exemplo, o posto médico do Açu, a empresa entregou, mas sem muro, sem calçada em volta. No processo licitatório que foi feito, não foi colocado todos os itens que eram precisos. Não fez a parte hidráulica, a Prefeitura que está fazendo. Estamos adequando a obra para entregar à população. As casas populares, conseguimos agora na justiça para a Ampla ligar a energia. Tinha uma extensão de rede alta por cima das casas, agora que conseguimos, através de um processo judicial, fazer a Ampla remanejar, mas ainda não conseguimos com que coloque a rede baixa. O posto médico de Barcelos. Todas essas obras que eu peguei são estaduais, em parceria com o governo do estado, esses postos médicos, são todos do Somando Forças. Foram recursos estaduais que entraram para o município. Teve prestação de contas feita com duplicidade, aí trava todo o processo. Teve vários problemas dentro das prestações de contas que tivemos que ir ajeitando. No governo do estado teve troca, teve eleição, paralisou vários setores. Por isso ficaram paradas algumas coisas. Mas, com certeza, essas obras já vão ser entregues. Vou entregar agora o posto de Barcelos, o do Açu e as 30 casas populares no Açu. Folha – Você fez uma viagem a Brasília e aproveitou para buscar benefícios para o município, como também para articulações políticas. De concreto, o que você trouxe da capital federal? Neco – Nós temos lá um processo de um projeto para fibra ótica para dentro do município, que já está licitado. Minha maior preocupação é que agora nessa queda de receita do governo federal, essa crise que está passando, é travar e não deixar fazer esta obra. Fomos lá reforçar esse pedido. Me garantiram que, talvez, até o final desse mês comece a obra. Com relação às casas populares, tive que fazer um encontro com o deputado Índio da Costa (PSD) e colocá-lo como padrinho do projeto, para que tivéssemos uma pessoa nossa interessada em trazer esse recurso para SJB. No ministério do Esporte, são academias e vários polos de esportes que estão para chegar também. E solicitamos obras novas, conforme quadras poliesportivas e vê se consegue recursos federais para isso. O INPH já fez todo o projeto básico. O que está faltando agora é o projeto com números, valores. Já comecei a articular com os deputados. Liguei para o ex-deputado Roberto Henriques, que tem muita ligação com Domenico, presidente do INPH, e ficou de marcar uma reunião em Atafona para explanar todo projeto de desaceleração do avanço do mar em Atafona. Acordos políticos eu tive com o Rodrigo Maia (DEM) e ficou de marcar com o vereador César Maia, tive com Índio da Costa que ficou de colocar o partido aqui em SJB junto com a gente, tive com a deputada Cristiane Brasil (PTB) e o Leonardo Picciani (PMDB). Folha – A Saúde é uma reclamação a nível nacional e em SJB não é diferente. Você sempre falou seu foco na administração pública era a Saúde. Como você avalia o serviço de saúde pública em SJB atualmente? Neco – Em SJB, se as pessoas forem comprar com outros municípios do país, mesmo aqui perto, vocês vão ver que a saúde de SJB faz um bom atendimento à população. Por exemplo, o PSF, nós temos cobertura no município de 100%. Nós temos o posto médico do Açu, Mato Escuro, Barcelos e Grussaí 24 horas. Fora os outros que não são 24 horas, como Sabonete, Quixaba, Atafona. A quantidade de exames que pagamos para população de SJB é enorme. A quantidade de pessoas que são internadas em hospitais particulares porque não encontram vaga no SUS e nós imediatamente encaminhamos para um hospital particular, que é pago com recursos do município. Já teve paciente de ficar em R$ 800 mil, já teve paciente de ficar em R$ 200 mil. É um custo muito alto que pagamos. Nós damos a mais de 600 pessoas medicamentos caríssimos. Tem medicamento que custa mais de mil reais. Quero ver quais os municípios que fazem isso. No ano passado nós gastamos na Saúde de SJB R$ 135 milhões. Eu sempre fiz investimentos na área da saúde. Está marcado para o dia primeiro de abril a licitação da Organização Social de Saúde (terceirização), do Centro de Emergência, que com certeza vai fazer um excelente trabalho. E outra, nós somos uma cidade praiana. Muita gente de fora que também tem endereço aqui, vem usufruir do nosso município. Teve parecer de assistente social que eu vi com receita de Gargaú. Pessoas de Gargaú tomando Galvus aqui em SJB. Folha – Quando se fala na crise econômica nacional, um alento para SJB é o Porto do Açu. Qual a relação do prefeito com a cúpula da Prumo Logística? Economicamente, o que o Porto representa para SJB? Neco – Graças a Deus o relacionamento tem sido muito bom Nesta semana estive com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado (nome) e com o Eduardo Parente (presidente da Prumo) no Porto do Açu, onde conversamos bastante. Tem várias empresas ainda para chegar para o município de São João da Barra. E tem sido a sorte do nosso município esse nosso Complexo Portuário. Se não fosse o Complexo Portuário não teríamos receita própria nem mesmo para dar o reajuste aos funcionários. Folha – Como você avalia seus dois primeiros anos de governo e o que a população pode esperar do restante deste mandato? Neco – Os dois primeiros anos de governo foram de muita experiência. Nós conseguimos adquirir muita experiência dentro do município. Se a gente tivesse desde o início à frente da Prefeitura... quando você pega um governo de oposição, você chega, faz uma limpeza e coloca sua equipe para trabalhar e levantar tudo de imediato. Eu peguei um governo de situação e não tive o privilégio de fazer isso nos meus primeiros oito meses de mandato. Então, eu só fui ter o conhecimento verdadeiro do que eram as coisas verdadeiras na prefeitura, depois que a ex-prefeita rompeu comigo definitivamente, depois que ela gritou que ela que teria que mandar na prefeitura. Começamos organizar. Quero aproveitar para agradecer meu secretariado que tem feito um trabalho excelente, nós temos enxugado muito a máquina. Tem empresas que eu tirei que custavam aos cofres públicos R$ 270 mil por mês sem nenhuma necessidade. Tinha outra de ambulância, que era dos filhos do vereador Ronaldo, que levavam outro recurso enorme. Peguei e consertei as ambulâncias do município, coloquei em funcionamento. Coloquei resgate, equipei as nossas ambulâncias para resgate. Tudo custeio que fui baixando. Eu sofri muito também porque faltando quatro dias para eu assumir o governo foi inaugurado o Centro de Emergência. Foi feito um levantamento no Centro de Emergência, eu que coloquei em funcionamento, que o Centro de Emergência traz um custeio R$ 2,4 milhões por mês. Quatro creches fui eu quem colocou em funcionamento, fora as creches que eu tive que colocar o anexo. Tudo é despesa. Uma creche ela requer um número imenso de funcionários. Com meu custeio lá em cima e a receita caindo, eu tive que fazer muitos cortes e planejar. Tenho esperança e, se Deus quiser, brevemente vocês vão ver um pacote de obras para atender nossa população.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Arnaldo Neto

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS