Hora de repensar o Carnaval sanjoanense
Arnaldo Neto 18/02/2015 15:57
[caption id="attachment_839" align="aligncenter" width="400"]Avenida lotada em todos os dias de folia. Foto: Paulo Pinheiro Avenida lotada durante todos os dias de folia. Foto: Paulo Pinheiro[/caption] Milhares de foliões, festa por toda parte da cidade. A mania de grandeza do sanjoanense faz com que se chame o Carnaval de São João da Barra de “o maior do interior do Rio de Janeiro”. Mas para continuar maior, ou o melhor, é preciso repensar muita coisa. Dos blocos de abadá à participação de crianças nas escolas de samba. E alguém tem que dar o primeiro passo. A primeira mudança evidente que deve ser feita é com relação aos blocos de abadá. Não dá mais para excluí-los da folia, afinal o tradicional Jiripoca já desfila pela Avenida do Samba há nada menos que 26 anos. O que tem de ser feito (e deve ser) é uma reorganização. A Joaquim Thomaz não suporta que nenhum outro bloco seja incluído e necessita que os existentes sejam reorganizados. Por que esses blocos não começam a desfilar às 13h ou pela manhã como acontece nos grandes blocos do Rio de Janeiro? Domingo, segunda e terça-feira precisam que a avenida fique livre mais cedo devido aos desfiles das escolas de samba. Por que não reduzir o número de blocos nesses três dias e remanejá-los para sexta-feira, que só tem dois, e sábado? São soluções simples e que precisam apenas de alguém para partir para o enfrentamento e determinar essas questões. Descentralizar os blocos é outra questão que deve ser pensada. Poderia ser usado outro espaço — como a Barão de Barcelos, por exemplo — para a passagem desses blocos. Uma experiência bem legal tem sido realizada em Atafona, com um bloco no Pontal, com concentração às 14h. A brincadeira se restringe àquela localidade, sem atrapalhar a programação que segue na Avenida do Samba. Alguns blocos não poderiam mudar de endereço e desfilar em bairros ao invés de passar exclusivamente pela Avenida do Samba? Algumas pessoas podem pensar que seria um aumento de custeio para o poder público, mas o bloco no Pontal (do qual faço parte e ajudei a  fundar) não conta com apoio nenhum da Prefeitura. Ele “se sustenta”, do jeito que deveria ser com todos. Durante o concurso de máscaras e dominós, tradicional evento do município na segunda-feira, a entrega da premiação teve de ser adiantada para a passagem do bloco. Com isso, a organização do concurso fica ainda impossibilitada de preparar um espaço mais amplo para os participantes, já que é necessário deixar o local livre para passagem do trio. E esse não foi o único “inconveniente”. Até um caminhão de gelo disputando espaço com os foliões na tarde de segunda-feira foi possível ver. Crianças e escola de samba Não sou fã de desfile de escola de samba, não nego. No entanto, sou fã da cultura local e sei que os desfiles fazem parte dela e, por isso, devem ser preservados. Através do jornalista Bruno Costa, editor do jornal Quotidiano e defensor do carnaval sanjoanense, tomei ciência de uma decisão judicial que proíbe a participação de menores de 14 anos nas escolas de samba. Isso afasta as crianças das agremiações e impossibilita a criação de vínculo, de paixão com a escola. Por outro lado, os blocos arrastam centenas de menores desacompanhados de seus responsáveis e não é difícil de encontrar alguns deles embriagados. Não seria também o momento de repensar essa decisão e de ampliar a fiscalização durante os blocos? São apenas alguns pontos para serem repensados, mas a reorganização do Carnaval em São João da Barra é muito mais complexa. Se começarem por essas, talvez, a festa que  já é grandiosa e muito animada, pode ficar ainda maior.

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