PONTOS DE VISTA
lucianaportinho 07/03/2014 20:14
PONTOS DE VISTA Conta a lenda árabe que quando Deus distribuiu as riquezas entre os seres humanos ninguém ficou satisfeito com o que recebeu. Achava que merecia muito mais do que tinha recebido. Deus já havia distribuído os cérebros com as suas funções mentais de cognição e razão e aí todos tinham ficado satisfeitíssimos, cada qual achando que recebeu o melhor cérebro entre todos. Quando se analisa qualquer questão, o resultado da análise evidentemente depende da cabeça de cada analista. O fato é que quando qualquer um de nós faz uma análise conclui, obviamente, de acordo com o melhor cérebro do mundo, que é o dele. Daí vem o adágio popular que diz ‘cada cabeça, uma sentença’. Quando por obra do destino, qualquer ser é alçado à condição de representante do povo ou de gestor de um município, um estado ou um país, ele não tem a menor dúvida de que sua opinião é a mais qualificada de todas. Como os outros, regra geral, não estão em condições de se contrapor, prevalece a sua opinião, por mais estapafúrdia que seja. Os nossos representantes e gestores quando eleitos - não importa como, se foi na aba dos outros, ou por mérito próprio, comprando votos ou não, ou usando o poder quando é o caso de reeleição - para convencer as pessoas a votarem neles e nos seus indicados vão perpetuando a pobreza e a ignorância e, consequentemente, a dependência de muitos eleitores: não investem, intencionalmente, em políticas estruturantes na educação e na saúde, e não criam condições de sustentabilidade e trabalho digno, ficando os cidadãos à mercê do ‘cheque cidadão, ‘bolsa família’, e outras bolsas e bolsinhas. Nada tenho contra a ajuda à população menos favorecida com bolsas, cheques cidadãos, restaurantes populares e passagens a um real. Pelo contrário, defendo o seu uso por um tempo determinado para satisfazer a necessidade premente destes nossos irmãos menos favorecidos. Só que não podem ser perenes e tampouco um fim em si próprias, mas apenas como um meio, até que possam ser sujeitos de sua própria história e não objetos político-eleitorais. Este é o meu ponto de vista. Makhoul Moussallem 
Médico e Conselheiro do Conselho Regional e Federal de Medicina
* Artigo publicado hoje, 07/03, no jornal Folha da Manhã

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