PUXADINHOS
lucianaportinho 26/01/2014 19:04
Até quando as autoridades federais, estaduais e municipais e os gestores, sejam políticos ou técnicos, vão continuar achando – em gestão pública, sempre estão achando – que educação e saúde são despesas. Pelo amor de Deus, entendam, de uma vez por todas, este binômio é investimento. E o é a curto, médio e longo prazo. Só que, infelizmente, a ‘casta’ política deste país - vamos repetir mais uma vez - ‘pensa sempre nas próximas eleições e não nas próximas gerações’. Temos eleições de dois em dois anos. Em 2012, foram para vereadores e prefeitos; neste ano serão para Presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais; em 2016, novamente, prefeitos e vereadores. Por haver, estreita relação e dependência entre as eleições, e sendo a vida dinâmica e o Brasil um país em permanente evolução (ainda bem que o é) e, por não haver planejamento fundamentado em dados técnicos colhidos de forma correta e cuja análise também o seja, parece que, de repente, surgem demandas do nada, quando na verdade estão há tempo fermentando no vulcão socioeconômico. E, quando a lava se esparrama sobre o país é ‘um Deus nos acuda’, como as manifestações de junho de 2013, o horror das prisões superlotadas, os rolezinhos, a falta de assistência na saúde, a educação falida, o permanente déficit da previdência social e a tortura dos aposentados com o famigerado fator previdenciário a diminuir a já minguada aposentadoria. Certas famílias, quando o filho cresce e se casa, fazem um puxadinho. Diante das dificuldades que foram contratadas por gestões pífias, em épocas anteriores - porque os políticos e gestores ‘só pensam naquilo’, ou seja, nas próximas eleições e outras coisinhas espúrias – surgem os puxadinhos em todas as áreas de gestão. E tome puxadinho na saúde, transporte, segurança, etc. Na nossa planície goitacá, é bom que as grávidas avisem aos bebês no seu ventre que não podem nascer nos finais de semana, porque, volta e meia, não há plantonistas nas maternidades nesses dias. Também, os hipertensos e diabéticos, e os que estão na meia idade, não devem infartar ou ter derrame, porque vaga em UTI é como ganhar na loteria. Devo avisar aos gestores que não há puxadinho que resolva esta questão, e aos cidadãos que nisso é que dá vender o voto ou se deixar enganar por palavras bonitas e por paizinhos, mãezinhas e irmãozinhos do povo.
Makhoul Moussallem                                      Médico, Conselheiro do CREMERJ e do CFM
* Artigo publicado na Folha da Manhã, em 23/01/14

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Luciana Portinho

    [email protected]

    BLOGS - MAIS LIDAS