Ano que vem o Brasil enfrentará mais um processo eleitoral. O que dele resultará, somente ao final saberemos. Pela manifestação popular nos tantos cantos do país em 2013, a insatisfação é ampla, geral e irrestrita. Faço o preâmbulo para reproduzir artigo feito no ano passado, mas, permanece como reflexão atual.
No meu imaginário, desde a infância, cachoeira é um cenário belíssimo, pujante. Aquela aguaceira no meio de uma floresta caindo de uma grande ou mesmo média altura e a gente embaixo se banhando, refrescando e purificando o corpo e espírito.
Eis que temos sidos arrastados por uma cachoeira de lama; fatos espúrios, relações promíscuas entre o público e o privado. Decepcionado com a nova visão de cachoeira, comecei a dar tratos a bola. Qual a razão destas cachoeiras de corrupção?
Assim que iniciei a analise no meu pensamento se insinuou a palavra inflação. Parei e refleti: o que a inflação tem haver com a corrupção, a não ser em rima? Aí, clareou mais um pouco. Percebi que era a inflação do processo eleitoral.
Com a judicialização do processo eleitoral, os advogados exigem uma baba para cuidar dos aspectos legais e processuais dos partidos e dos seus candidatos; cobram tanto para defender como para atacar.
Os marqueteiros transformaram o horário eleitoral na televisão em show business, fortunas são gastas em sua produção, já que a veiculação é gratuita.
Para dar visibilidade à campanha, candidatos contratam pessoas que carregam bandeiras, galhardetes e panfletam os passantes, e estes, que se julgam espertos, assim como alguns eleitores também inflacionam o seu preço, cabos eleitorais fazem o mesmo e os cientistas políticos chamam isso de escolha racional.
Os candidatos a vereadores, prefeitos, deputados e governadores, que não têm uma ideologia firme e não são milionários, sentem-se pressionados e ficam aflitos se indagando: Onde buscar tanta água para saciar tantos sedentos? Só em uma dessas cachoeiras.
Que neste Natal a nossa cachoeira nos alimente de sentimentos de fraternidade, justiça, de bem-querer pelo outro e de respeito à coisa pública. A todos um Feliz Natal!
Makhoul Moussallem
Médico e Conselheiro do Conselho Regional e Federal de Medicina.
* Artigo publicado na Folha da Manhã em 19/12/13