História viva
lucianaportinho 22/09/2013 21:45
Passados 40 anos da morte do Nobel de Literatura Pablo Neruda em condições suspeitas, o Chile traz a história à tona ao exumar os restos mortais do poeta e por fim à incerteza de que ele teria sido assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet. Oficialmente Neruda foi morto em decorrência do agravamento do câncer de próstata que sofria. É o escrito no atestado de óbito. A exumação feita em abril passado poderá confirmar se ele foi assassinado com uma injeção misteriosa inoculada na mesma clínica onde morreu anos depois o ex-presidente Eduardo Frei, como denuncia o seu ex-motorista Manuel Araya. De acordo com Araya, na tarde de 23 de setembro de 1973, Neruda, que até aquele momento estava lúcido e estável, disse a ele e a sua esposa, Matilde Urrutia, que um médico havia inoculado uma injeção que agravou sua condição. [caption id="attachment_6901" align="alignleft" width="400" caption="Ft.Google"][/caption] O poeta Pablo Neruda que também foi diplomata e senador pelo Partido Comunista, morreu em 1973, 12 dias depois do golpe que derrubou seu amigo, o presidente socialista Salvador Allende. No dia seguinte à sua morte, Neruda viajaria ao México, onde pretendia se exilar e mobilizar a oposição de Augusto Pinochet. Na mesma Clínica Santa Maria, para onde ele foi transferido e veio a falecer, outros casos reforçaram as suspeitas de envenenamento. Nove anos depois, nesta clínica, o ex-presidente Eduardo Frei Montalva (1964-1970) morreu devido a uma "introdução gradual de substâncias tóxicas", segundo determinou a justiça em um caso que permanece em aberto. Frei - que na época surgia como um dos maiores adversários de Pinochet - deu entrada na Clínica Santa Maria para o tratamento de uma hérnia, morreu subitamente pouco depois devido à septicemia. "Este aniversário vivemos com muita tensão. Estamos muito atentos aos resultados dos testes de toxicologia", disse à AFP Rodolfo Reyes, sobrinho de Neruda e advogado no caso. Os serviços secretos da ditadura de Pinochet (1973-1990) desenvolveram armas químicas como sarin, soman e tabun, para usar contra países inimigos e opositores. A ditadura brasileira forneceu ao Chile, entre os anos 1970 e 80, neurotoxina botulínica, uma poderosa arma química que provoca a morte por asfixia. Vestígios desta substância foram encontrados no Instituto de Saúde Pública do Chile há cinco anos pela então diretora Ingrid Heitmann. O Chile ainda investiga a extensão do uso de tais armas na ditadura que deixou 3.200 mortos.    

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