Paulo César Moura passa a escrever na Folha Dois
Luciana Portinho
[caption id="attachment_6353" align="alignleft" width="200" caption="Ft. Edu Prudêncio"]
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O professor, ator, poeta, ensaísta e também mestre e doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Paulo César Moura ocupa, a partir de amanhã, um espaço da página sete da Folha Dois, com a coluna de contos, “Abundante”, com hífen, como sugeriu Moura.
— Nossa identidade abundante, nossa outridade, no caso, tem a marca do híbrido, da diferença, da extrapolação do imaginário cartesiano etnocêntrico. O Outro é ab-undante, negação e envolvimento — diz Paulo César ao explicar a escolha do nome da coluna.
Nascido em Campos, descobriu cedo a vocação para a literatura e o teatro. Aos 18 anos, em meado da década de 70, foi para o Rio de Janeiro estudar Letras. Corriam anos intensos para o movimento cultural brasileiro, em franco confronto com a ditadura militar, o teatro em ebulição. Paulo se aproxima, como ator, ajuda a criar o grupo teatral “Mixirico”. Se aventura na linguagem do Teatro do Absurdo. “Escrevo ficção, contos, peças de teatro, sem tema definido”.
Sua poesia é moderna, simétrica, assimétrica, “branca”. De comum, a preocupação social, personagens esquecidos, marginalizados. “É uma reflexão com emoção, a poesia esta presente na prosa”, diz ele. Ao abordar o ‘outro’ ele situa o ato de escrever como parte de uma postura crítica. “Somos o outro da história, somos o quarto continente depois da Ásia, da África e da Europa”.
( publicado na Folha Dois, página 3, hoje, 24/05)
UM QUIXOTE
[caption id="attachment_6356" align="alignright" width="223" caption="ft. Google"][/caption]
porque nunca desistes
nem porque tens no corpo
sinais de um sobrevivente
nem ainda porque
antes de tudo
ouviste mudo
teu nome:
errante.
por nada deixas de ser
criança
e apesar das maledicências
és um quixote:
eis a diferença.
Paulo César Moura