Banco Cédula: a conta que não fechava
Christiano 11/05/2011 21:02

A Folha da Manhã de hoje publicou ótima matéria (confira aqui), através de sua editoria de economia, sobre o caso do Banco Cédula, que quebrou em 2005, deixando a ver navios grande parte da classe média campista que ali aplicava o seu dinheiro em busca de juros muito acima do mercado.

O Banco Cédula era representado em Campos pelo Grupo BMR, de economistas locais. Muitos se referem a ele como Banco Morada, antiga bandeira representada também naquele ponto pelos mesmos sócios do BMR. Durante um bom tempo, o banco remunerou com juros de 3% ao mês aos investidores que ali aplicavam.

Com esta alta taxa mensal, o BMR pagava 42,58% ao ano, em juros compostos, de juros aos seus investidores. Enquanto isto, os bancos pagavam, em 2005, 19% ao ano de juros em aplicações de fundos de renda fixa e DI. Para fazer tal mágica, o BMR emprestava dinheiro a taxas muito mais altas que os bancos convencionais, se expondo a empréstimos a clientes de alto risco.

A conta não fechava e um dia ela veio para ser paga, gerando uma onda de resgates (e tentativas de) de aplicações por parte dos investidores, levando à quebra do banco. Naquele tempo, o sonho de boa parte da classe média era aplicar no BMR, atrás dos tais juros de 3%. Muitos vendiam até casas, apartamentos e fazendas, somente para aplicar o dinheiro lá e viver dos juros.

Com R$ 1 milhão, o investidor recebia R$ 30 mil por mês, sem trabalhar, em um processo de deseducação. Não foram poucos os que estavam optando por este modelo de vida. Por sorte ou azar, depende do ponto de vista, a casa caiu e o banco quebrou.

As ações dos credores, que foram todas contra o Banco Cédula e não contra os sócios locais, usando a teoria da aparência, têm sido bem sucedidas nos tribunais e lentamente vem caminhando. Já há pessoas conseguindo ver a cor do dinheiro. Que fique a lição para todos no maior cuidado de onde aplicar as economias que podem ser de uma vida.

* A boa sugestão de pauta foi feita por Fabrício Barros, leitor deste espaço. A sugestão gerou a matéria da Folha, que motivou este post.

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    Christiano Abreu Barbosa

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