Em Campos, PSDB repete racha nacional
Suzy Monteiro 16/11/2017 09:24 - Atualizado em 17/11/2017 17:14
Um dos três maiores partidos do Brasil, o PSDB passa por sua maior crise de identidade. Em Campos não é diferente: o partido está dividido e, desde agosto, sem diretório. Está prevista, para esta quinta-feira (16), a nomeação de uma comissão provisória para preparar convenção que ocorre dia 2 de dezembro. Até agora, há um nome para concorrer: o do dentista Alexandre Buchaul. Mas a oposição promete lançar candidato, porém sem adiantar quem seria. Em nível nacional, o partido foi atingido em cheio pela operação Lava Jato, quando o então seu presidente, o senador Aécio Neves (MG) foi acusado de corrupção passiva pelo suposto recebimento de R$ 2 milhões em propina da JBS e por obstrução de Justiça. Agora, a legenda está dividida entre a ala governista e os defensores do desembarque da gestão de Michel Temer.
Ex-presidente do PSDB em Campos, Robson Colla explica que, depois de um período sem executiva, a Estadual vai nomear uma provisória encabeçada pelo Alexandre Buchaul e completa pelo próprio Colla e Adilson Rangel. O objetivo, segundo ele, é convocar a convenção municipal, que ocorrerá dia 2 de dezembro.
— Eu e Gel (Geraldo Coutinho) estamos apoiando a chapa que terá Alexandre Buchaul como presidente (na convenção) e terá executiva e diretório totalmente renovados, dando oportunidade à nova geração de assumir os destinos do partido em nossa cidade. E, o mais importante, essa chapa quer retomar o papel independente do PSDB. Ao contrário da chapa contrária, que se aliou a Wladimir Garotinho para tentar ganhar essa convenção, a chapa do Alexandre Buchaul que estar sempre a favor de Campos, mas sem “ismos” de nenhum tipo — disse.
Questionado sobre o fato do partido ter participado do governo Rosinha, quando o próprio Colla foi diretor do Cidac, ele justificou: “Assim como participou do de Mocaiber e de Roberto Henriques. O PSDB nunca vai se furtar a ajudar Campos, com quadros técnicos e qualificados. Daí a fazer parte de grupo político, é outra coisa. Houve um acordo político no segundo turno de 2008 e nele ficou acertado que o PSDB participaria do governo. E nós lembramos bem como estava a cidade naquele momento”.
Na oposição, Lesley Beethoven afirma que a chapa 100% PSDB vai virar a página do partido em Campos: “Nos últimos anos foram péssimos resultados... Participação em governos que não trouxeram resultados para o partido. Vamos tirar o PSDB dessa posição de ‘um grande nanico’ para que ele tenha a grandeza que merece. Até a data da inscrição das chapas, teremos excelentes surpresas, isso eu posso garantir.
Sobre uma possível aliança com Wladimir Garotinho, Beethoven nega: “Quem negociou com Garotinho e fez parte do Governo durante 8 anos foi o pessoal da outra chapa... Eu nunca negociei nem fiz parte de governo. Nunca fiz campanha para os Garotinho”.
Tucanos divididos até sobre crise em Brasília
Senador Aécio Neves
Senador Aécio Neves / Marcos Fernandes/Divulgação
A crise no PSDB tornou-se mais grave quando o então presidente nacional, senador Aécio Neves, foi afastado do Senado por decisão judicial. Sua irmã, Andrea, e um primo foram presos. Aécio voltou ao cargo em outubro, depois de o Senado derrubar as medidas restritivas impostas a ele pela Justiça. Porém, o desgaste dentro do partido já era grande e o racha foi agravado quando Aécio destituiu o presidente interino Tasso Jereissati.
Colla diz ver com muita preocupação o racha acontecido e a medida de força tomada pelo Aécio na questão de Tasso: “Entendo que o PSDB não precisa ser/estar no Governo para votar as medidas que o Brasil precisa nesse momento. Absolutamente não sou contra o governo Temer, muito pelo contrário! Acho que ele está conseguindo, mesmo aos trancos e barrancos, recolocar o Brasil nos trilhos depois do tsunami petista que destruiu o país. No entanto, o PSDB precisa recuperar sua identidade nesse momento. E, para isso, o ideal é estar atuando de forma autônoma”.
Já Beethoven afirma ver de forma muito natural o racha: “O brasileiro precisa se acostumar a debater, divergir, discutir enfim. Depois de uma análise crítica frente as várias opiniões ou posições, aí sim, chega-se a um consenso. Consenso este construído, não imposto... Partido político deve ser assim. Do contrário, é ditadura de opinião ou de posição travestida de democracia. O PSDB há muito tempo esqueceu de fazer o debate interno. Por isso, não construiu consenso. Inicialmente nunca deveria ter participado do governo Temer. Já que entrou, agora, dê uma saída negociada”.

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