(QUATRO MATEUSINHOS)
A bela e a fera
Fera ferida
Edgar Vianna de Andrade
Gabrielle-Suzanne Barbot e Jeanne-Marie le Prince de Beaumnot incumbiram-se de domesticá-la e deixá-la para o estúdio da Disney/Buena Vista, que colocou à disposição de Bill Condon, seu diretor, todos seus recursos técnicos e financeiros para realizar uma superprodução que superasse a animação de mesmo título e mesmo estúdio lançada em 1991.
Creio que Emma Watson não foi a melhor escolha para representar a Bela. Ela não tem perfil para tanto. É baixa, magra e tem rostinho de buldogue. É bem verdade que a Bela não é uma princesa de sangue. Começou como filha de mercador e se transformou em filha de nobre no século XVIII. Na animação e no filme, volta a ser uma moça pobre, bela, intelectual, sonhadora e filha de um inventor considerado maluco. Gaston (Luke Evans), um homem rude, é apaixonado por ela e se considera irresistível por ser forte e másculo. Bela o recusa. Tanto o pai quanto a filha acabam no estranho palácio habitado por um animal amaldiçoado, desempenhado por Dan Stevens.
A fera da animação em estilo tradicional é mais coerente. Todo seu corpo caracteriza um carnívoro. No filme, ela é um carnívoro com chifres de herbívoro. Mas na fantasia cabe tudo. No desenho, Lumière é um candelabro francês galante e conquistador que não poupa nem mulher casada. No filme, o roteiro foi mantido, mas o conquistador foi substituído por um homossexual bajulador de Gaston. Trata-se de LeFou (Jash Gad), também bajulador no desenho, mas não gay.
O filme escala ainda Kevin Kline, Ewan McGregor, Emma Thompson e Audra McDonald. O roteiro de Evan Spiliotopoulos e Stepehn Chbosky é prudente. Quase não destoa do desenho. Idem para a trilha sonora. Em time que está vencendo, não se mexe. A produção rivaliza com a animação. Muita riqueza, muito luxo e muita alegria. A Bela do conto está entre as princesas da primeira geração e as da terceira. As da primeira representam a mulher que era criada para o casamento, que vivia em função de um homem, sempre desejado como príncipe. As da terceira, não procuram por homens que possam amar. A geração intermediária não está atrás de casamento, mas não está fechada para o amor.