XVII Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica
Patrícias Abud 26/04/2017 14:23 - Atualizado em 26/04/2017 14:23
Aconteceu em Recife dias 20,21 e 22 deste mês o XVll CONGRESSO BRASILEIRO DE OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA com a participação de endocrinologistas e médicos de diversas especialidades para discutir o tema Obesidade e Síndrome Metabólica.
Conversei com o Dr. Pedro Assed Pesquisador do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares
Mestre em Endocrinologia-UFRJ
Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Como todos sabem, tenho um irmão paciente de bariátrica e sofri com ele e nossa minha família, todos os problemas que a obesidade pode causar na vida das pessoas. Existe muito sofrimento sim, mas num tempo de culto ao corpo e não a saúde, muita gente insiste no pensamento arcaico que ser gordo é falta de vergonha. Segue aqui alguns pontos discutidos durante o evento:
· Posicionamento oficial da abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) concluindo que: a obesidade é uma doença crônica e necessitando assim de tratamento a longo prazo, muitas vezes por toda a vida.
· Trabalhos apresentados no congresso mostraram que cerca de 20% dos indivíduos reganham pelo menos 50% do peso perdido após um ano de dieta e 40% reganham pelo menos metade do peso num intervalo de até cinco anos após tratamento com dieta. Isso confirma que a obesidade é crônica e merece tratamento médico, muitas vezes com utilização de medicamentos para controle da fome, e em determinados casos tratamento cirúrgico, associados ao apoio de outros profissionais de saúde como nutricionistas, psicólogos e educadores físicos.
· Foi enfatizada a necessidade de não se utilizar somente o IMC para avaliação do individuo com obesidade. Cada vez mais tem se dado importância a métodos que avaliam a composição corporal do individuo, como a DXA (Dual X-ray Absorpiotmetry), a bioimpedância elétrica ou a ressonância nuclear magnética com o objetivo de se identificar qual o local predominante de deposição de gordura no corpo do indivíduo. Sabe-se que um individuo com deposição de gordura com um padrão visceral (dentro do abdome, junto a órgãos como fígado e pâncreas) corre muito mais risco de vida que outros indivíduos.
· Foi discutido o papel da gordura visceral (a que está junto aos órgãos internos do corpo) como principal causador de doenças cardiovasculares, diabetes, e dislipidemia.
· Vários trabalhos apresentados mostraram o papel do hipotálamo (área nobre do sistema nervoso central) na regulação do peso corporal e da saciedade.
· Resultados de diversos estudos, principalmente o estudo chamado SCALE, demonstrou excelentes resultados em perda de peso sustentada ao longo de dois anos com o uso continuado do medicamento Liraglutida (já vendido comercialmente com o nome Victoza e Saxenda).
· Enfatizada a necessidade de se ter maior atenção por parte dos médicos em identificar indivíduos magros, com o IMC normal, porém que metabolicamente se comportam como indivíduos obesos. Devido ao baixo grau de preocupação com esses indivíduos muitas vezes ocorrem doenças relacionadas a obesidade nesses indivíduos magros metabolicamente obesos. Indivíduos magros metabolicamente obesos tem a mesma chance de desenvolver doenças relacionadas à obesidade que os indivíduos realmente obesos.
· Novas pesquisas mostraram que o aumento da medida da circunferência do pescoço (através de medições feitas de rotina no consultório médico com uma fita métrica) pode indicar aumento do risco de diabetes e aumento da resistência insulínica.
· Palestras proferidas alertaram para a necessidade da ANVISA aprovar com maior agilidade no Brasil, medicamentos já liberados para o tratamento da obesidade em outros países e que demoram anos a serem liberados pela nossa agência de controle sanitário. Foram mostrados exemplos de medicamentos de combate a obesidade que estão liberados nos EUA e Europa há vários anos e que até hoje a ANVISA não liberou aqui.
· Discussões dos últimos dados do VIGITEL, pesquisa feita pelo Ministério da Saúde com números alarmantes sobre a obesidade no Brasil.
· Foi bastante discutido também a necessidade de políticas publicas voltadas para os pacientes obesos, como incentivo ao esporte e a atividade física desde a infância nas escolas publicas e particulares. Ainda também a necessidade de ações por parte dos legisladores, da proibição da venda de frituras e alimentos açucarados e refrigerantes nas cantinas de todas as escolas do país. Necessidade de uma parceria entre o poder publica com as famílias e as escolas com objetivo de frear a escalada da obesidade em crianças e adolescentes.
· Uso com bons resultados de medicações antes inicialmente utilizadas somente no tratamento do diabetes mellitus do tipo 2, no tratamento da obesidade, promovendo também perda de peso, e melhora de parâmetros metabólicos do individuo como a glicemia e os níveis de colesterol LDL.
· Discussão da obesidade como fator de risco para 13 tipos de câncer entre eles o de intestino e o de pâncreas.
· Discutiu-se resultados de estudos que mostraram melhora a longo prazo de doenças como o diabetes tipo dois, apneia obstrutiva do sono e dislipidemia (alteração do colesterol total e de suas frações, após perda de peso através de tratamento clínico ou mesmo com tratamento cirúrgico cirurgia bariátrica da obesidade).
· Foram apresentadas novas linhas de pesquisa no tratamento da obesidade como:
· Implantação de marca passo gástrico que através de impulsos elétricos, semelhantes ao do marca passo cardíacos, promove maior sensação de saciedade no indivíduo portador de obesidade.
· Implantação de dispositivos intestinais, que recobrem toda a superfície do intestino delgado, diminuindo assim a área de absorção de nutrientes e fazendo com que o individuo ao não absorver corretamente muitos alimentos pare de ganhar peso.

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