Tentando se defender
17/04/2017 09:56 - Atualizado em 17/04/2017 09:56
Tentando se defender
O ex-governador Anthony Garotinho (PR) voltou a usar o seu blog para tentar “separar o joio do trigo” na delação da Odebrecht, se é que isso é possível, quando se trata de ilegalidade, seja ela qual for. Como sempre atacou ex-aliados de longas datas para se defender, mas sem explicar detalhes da sua relação com a empreiteira, que atuou em Campos, sua terra natal, na gestão da esposa dele, Rosinha Garotinho (PR), em um contrato estimado em R$ 1 bilhão.
No mínimo imoral
O marido da ex-prefeita de Campos diz que as doações de campanhas foram legais, ignorando a parte das declarações dos executivos da Odebrecht em que afirmam que ajudaram a campanha à Prefeitura de Campos de Rosinha, em 2008, com interesses futuros, pois a empresa sabia que poderia contar com apoio daqueles que ela investiu na eleição. O contrato para o Morar Feliz até pode ter sido legal, como o próprio Garotinho garante, mas é no mínimo imoral.
CPI da Lava Jato
A Câmara de Campos fará uma análise mais detalhada desse contrato, na sua própria CPI da Lava Jato, e aí saberemos se realmente foi tudo como deveria ter sido. Talvez no Legislativo de Campos, que vai convocar os delatores Leandro Andrade de Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Júnior, venha a explicação para uma revelação que esta coluna fez ainda em 29 de maio de 2009, que a Odebrecht venceria a primeira licitação do “Morar Feliz”, o que se confirmou em Diário Oficial (DO) em 23 de setembro do mesmo ano.
Cadê o dinheiro?
Muitas respostas que não foram dadas nos últimos oito anos são esperadas agora. Garotinho mesmo já poderia ter dado, por exemplo, a resposta sobre para onde foi o dinheiro doado pela empreiteira às campanhas de Rosinha a prefeita, em 2008 e 2012, as dele a deputado federal, em 2010, e a governador em 2014. Se o repasse foi legal, por que não consta nas prestações de contas feitas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)? Exige documentos, sem revelar os seus. Caixa 2 também é crime e está previsto no art. 350 do Código Eleitoral, com pena de 5 anos de prisão.
Mais do que constrangedor
O presidente Michel Temer deu no último sábado sua primeira entrevista na TV após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato, ter autorizado a abertura de inquéritos para investigar o suposto envolvimento de políticos no esquema de pagamento de propina Odebrecht: “É uma coisa desagradável para quem está na vida pública há tanto tempo. (...) É muito desagradável ouvir aquele depoimento. É constrangedor”. Ao presidente, diríamos que é mais do que constrangedor e a Justiça dirá o que é crime.
Ministros ficam?
Questionado sobre a possibilidade de afastar algum dos oito ministros de seu governo que passaram a ser alvo de inquérito no STF, após terem sido citados por delatores da empreiteira Odebrecht como envolvidos em esquemas ilícitos, Temer respondeu que “pode acontecer que o próprio ministro se sinta desconfortável e queira sair”. Ele voltou a afirmar que somente afastará ministros por iniciativa própria se a Procuradoria Geral da República (PGR) apresentar denúncia.
Setor de propina
O ex-diretor do setor de operações estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas disse, em delação premiada, que a área criada dentro da empreiteira para fazer o pagamento de propinas movimentou mais de R$ 10,6 bilhões entre os anos de 2006 e 2014. O ex-executivo disse que alertou ao então presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, sobre os valores pagos em propina, que, segundo ele, estavam muito altos aos vários políticos.
Charge do dia
José Renato
Charge do dia 17-04-2017/José Renato

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    Rodrigo Gonçalves

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